Reprogramando a criatividade: a comunicação na era da  inteligência artificial

Estamos no começo da integração entre IA e comunicação e precisamos aceitar que não sabemos exatamente onde isso vai dar

Crédito: izusek e Natalya Kosarevich/ Getty Images

Rafael Macedo 2 minutos de leitura

A cada grande transformação tecnológica, um padrão se repete: o ceticismo é o primeiro a aparecer, seguido pela empolgação (que pode levar ao exagero) e só então vem o uso consciente. Um exemplo recente é a internet, que surgiu desacreditada até se tornar essencial. Agora, vemos o ciclo se repetindo com a inteligência artificial.

Já parou para pensar que, atualmente, temos três gerações convivendo no mesmo ambiente de trabalho? Cada uma traz sua própria bagagem: há quem viu o fax dar lugar ao e-mail, quem aprendeu a trabalhar com o Google e quem já cresceu “fluente” em memes.

Nesse cruzamento de mentalidades, ainda precisamos lidar com a ascensão da IA e tentar decifrar o impacto dessa tecnologia.

Comunicar-se bem nunca foi tão desafiador nem tão urgente. Afinal, como alinhar vozes tão diferentes diante de algo que muda o jogo, mas ainda precisa do jogador?

É instintivo se sentir desconfortável diante daquilo que não dominamos; faz parte do desejo de sobrevivência dos seres vivos.

Olhando para a história, percebemos que o desafio não está em prever o futuro da IA (e essas tentativas beirariam o charlatanismo), mas em entender, no presente, como usá-la para potencializar o que temos de mais humano, e não para tentar substituí-lo.

CRIATIVIDADE + TECNOLOGIA = VALOR

É óbvio que a tecnologia também impactou o marketing e a publicidade. A internet se tornou um imenso depósito de informações sobre o comportamento humano. Para a publicidade, esse volume de dados representa uma oportunidade valiosa de entender seu público.

A IA tem a capacidade de processar e cruzar grandes volumes de informação com precisão e rapidez, identificando padrões e perfis com alto nível de detalhamento.

O que antes levava semanas de análise, hoje pode ser feito em minutos, com um grau de assertividade que permite segmentar campanhas de forma mais estratégica, redefinindo a maneira de se comunicar com o público.

o desafio está em em entender, no presente, como usar a IA para potencializar o que temos de mais humano.

O pensamento criativo não foi substituído pela IA. Mas parte do peso operacional foi removido com a extinção de barreiras técnicas, liberando as equipes para o que realmente importa: pensar melhor e criar mais.

O valor das agências também se transforma: elas se tornam hubs criativos e tecnológicos, atuando como parceiras estratégicas capazes de transformar dados e automação em campanhas mais inteligentes e relevantes.

Estamos só no começo da integração entre inteligência artificial e comunicação e precisamos aceitar que não sabemos exatamente onde isso vai dar. O que importa agora é experimentar com responsabilidade, evitando tanto o medo paralisante quanto previsões messiânicas.

O futuro da comunicação não será substituído pela IA, mas recomposto por ela, com novas formas, ritmos e possibilidades. Cabe a nós, humanos, assumir o papel de curadores e diretores desse processo, guiando a tecnologia com ética, propósito e criatividade.

É um convite à curiosidade, não ao conformismo.


SOBRE O AUTOR

Rafael Macedo é vice-presidente de marketing do grupo Stefanini. saiba mais