Não é mais ficção: já temos robôs humanoides para substituir pessoas

Novo robô com IA de nova geração pode aprender sozinho e assumir tarefas arriscadas voltadas à manufatura e à logística

Créditos: Hexagon/ Nvidia/ Freepik

Victor Dey 3 minutos de leitura

A inteligência artificial está avançando em um ritmo sem precedentes – passou de tarefas simples e gerativas para decisões autônomas com o uso de agentes. E agora, começa a deixar o mundo digital para ganhar forma no mundo físico.

Essa nova fronteira, chamada de IA física, combina algoritmos sofisticados com sensores e atuadores, permitindo que máquinas percebam, decidam e ajam em ambientes reais complexos.

Foi nesse contexto que o robô humanoide AEON foi apresentado durante o evento Hexagon Live 2025, em Las Vegas. Ele é uma mistura de “Tron” com “Eu, Robô”, mas sem os efeitos especiais – em vez disso, utiliza inteligência artificial e hardware de última geração.

Criado pela empresa sueca Hexagon, em parceria com a Nvidia, o AEON foi projetado para atuar em ambientes industriais reais. É capaz de inspecionar equipamentos em espaços apertados, circular por canteiros de obras perigosos e trabalhar com logística em armazéns com escassez de pessoal.

Spencer Huang, líder de produto de robótica da Nvidia e filho do CEO Jensen Huang, vê um grande potencial nos robôs humanoides. O motivo? Seu formato permite que assumam tarefas pesadas e arriscadas que normalmente seriam realizadas por humanos.

“Humanoides são uma das muitas formas de aplicação da IA física. Para que eles atuem como humanos, é preciso um cérebro potente, treinado com enormes volumes de dados”, explica Huang. “Durante os testes, o principal desafio foi garantir que os robôs fossem capazes de realizar tarefas com segurança em ambientes complexos e dinâmicos.”

ROBÔS HUMANOIDES PARA MISSÕES PERIGOSAS

Esses robôs humanoides surgiram como resposta a um problema cada vez mais urgente: a falta de mão de obra. Segundo o Fórum Econômico Mundial, quase 50 milhões de vagas continuam abertas nos setores de manufatura e logística em todo o mundo. Só nos Estados Unidos, a indústria vai precisar de 3,8 milhões de novos trabalhadores até 2033.

A ideia da Hexagon é usar o AEON em atividades industriais essenciais, como triagem e movimentação de peças, inspeção de defeitos e conformidade e até em tarefas mais complicadas, como escaneamento de alta precisão com sensores de última geração.

O que torna o AEON diferente de outros humanoides – como o Optimus Gen 2, da Tesla, e o Helix, da Figure AI – é sua capacidade de aprender sozinho. Treinar robôs industriais costuma exigir meses de programação manual e testes práticos. Mas o AEON pula essa parte.

robôs humanoides modelo  AEON, da fabricante Hexagon
Créditos: Hexagon/ Nvidia

Tarefas como equilíbrio, locomoção e manipulação precisa de objetos – que normalmente levariam de cinco a seis meses de desenvolvimento – foram aprendidas em apenas duas a três semanas.

O segredo está na geração de dados sintéticos, no aprendizado por simulação autônoma com reforço e na transferência desse conhecimento para o mundo real. Esse ciclo de aprendizagem por simulação marca uma nova fase, na qual sistemas de IA física conseguem se adaptar com muito mais agilidade a ambientes complexos.

UM NOVO MANUAL PARA A ROBÓTICA

O AEON mostra como a IA física está evoluindo rapidamente. Será que seu modelo baseado em simulação e agentes autônomos pode abrir caminho para uma nova geração de sistemas físicos inteligentes?

“Quase todas as empresas que desenvolvem robôs humanoides estão adotando simulações para acelerar o processo e superar os limites da coleta de dados no mundo real”, afirma Huang. “Nem todas têm tempo ou recursos para depender apenas de demonstrações humanas. A simulação vai continuar sendo essencial.”

Humanoides são uma das muitas formas de aplicação da IA física.

Arnaud Robert, presidente da divisão de robótica da Hexagon, acrescenta que a escassez crescente de mão de obra e a busca por operações ininterruptas estão levando as empresas a dar um passo além da automação e apostar em soluções totalmente autônomas.

“No cenário atual, os líderes da indústria já veem os humanoides de custo acessível não apenas como um diferencial competitivo, mas como uma necessidade”, diz ele.

“Queremos construir um futuro autônomo, e o AEON é uma peça-chave para isso. Esperamos lançar várias versões nos próximos anos para alcançar esse objetivo.”


SOBRE O AUTOR

Victor Dey é editor de tecnologia e escreve sobre inteligência artificial, ciência de dados, cibersegurança e metaverso. saiba mais