Trabalhar menos, viver mais: jornada de 4 dias apresenta resultados positivos

Empresas brasileiras que adotaram o novo modelo relatam ganhos em produtividade, saúde mental e engajamento das equipes

estudo é com apoio da fgv
Modelo reduz carga horária sem afetar a entrega das equipes. Foto: Freepik

Redação Fast Company 2 minutos de leitura

Uma rotina profissional mais equilibrada, com ganhos reais para empresas e funcionários. Ao longo de um ano de testes com 19 empresas participantes, os resultados foram expressivos: 97% das organizações passaram a priorizar o que realmente importa, enquanto 84% relataram melhorias na saúde mental dos colaboradores. Esse é o principal resultado do piloto da semana de 4 dias de trabalho no Brasil, realizado pela Reconnect Happiness at Work em parceria com a organização internacional 4 Day Week Global e apoio técnico da FGV.

Além disso, 81% encontraram formas mais eficientes de trabalhar e 93% perceberam maior colaboração entre equipes. O impacto foi tão significativo que 42% das empresas afirmaram que só voltariam ao modelo de cinco dias semanais mediante um aumento salarial superior a 50%.

Na avaliação da alta liderança, 84,6% consideraram a experiência benéfica para os negócios, com uma média de recomendação (eNPS) de 8,7. Os ganhos não se limitaram ao bem-estar: 83% notaram melhorias nos processos internos e 75% observaram avanços no funcionamento das equipes e no uso da tecnologia.

Modelo 100-80-100™

O projeto segue o modelo internacional conhecido como 100-80-100™: 100% do salário, 80% do tempo de trabalho e 100% da produtividade mantida. A ideia central não é apenas reduzir a carga horária, mas tornar o trabalho mais eficaz e significativo, com mais foco, propósito e saúde.

Para os organizadores, os resultados reforçam que trabalhar menos não significa produzir menos, e sim repensar a forma como o tempo é utilizado dentro das empresas. “A jornada de 4 dias permite obter os mesmos resultados com menos horas de trabalho e ainda amplia ganhos sociais, familiares e individuais”, aponta o relatório da iniciativa.

Contexto nacional

No Brasil, o debate sobre novos formatos de jornada ganha força em um cenário marcado por baixa produtividade histórica e altos índices de problemas de saúde mental. O país lidera o ranking global de ansiedade e ocupa o segundo lugar em casos de burnout.

Segundo um estudo da McKinsey com 15 mil funcionários em 15 países, 59% enfrentam ou enfrentaram problemas de saúde mental, o que se reflete diretamente no desempenho e na permanência nas empresas. Funcionários com esse tipo de desafio têm quatro vezes mais chance de pedir demissão e o dobro de chance de estarem desengajados.

Diante desse cenário, a semana de 4 dias se apresenta como uma possível revolução no mundo do trabalho. O modelo, que teve início no Brasil em setembro de 2023, tem como foco inicial o aumento da produtividade, mas seus desdobramentos vão além: maior retenção de talentos, mais inovação, melhor atendimento ao cliente e, principalmente, mais qualidade de vida para todos os envolvidos, aponta o relatório.


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