Após racha com a OpenAI, ex-integrante do Conselho questiona estratégia da Meta
Meta investe milhões para atrair talentos em IA, mas sucesso ainda é incerto

A estratégia da Meta de investir milhões na contratação de talentos em Inteligência artificial pode não garantir os resultados esperados. A avaliação é de Helen Toner, ex-integrante do conselho da OpenAI e diretora de estratégia do Centro de Segurança e Tecnologia Emergente da Universidade de Georgetown.
Em entrevista à Bloomberg, Toner afirmou que a prática de oferecer salários milionários a pesquisadores de IA, especialmente os oriundos da OpenAI, se intensificou após o lançamento do ChatGPT. A Meta, que recentemente anunciou o grupo Superinteligência, tenta mudar a percepção do mercado após se tornar conhecida por abrigar uma equipe disfuncional, segundo a especialista.
Toner questionou se esse novo movimento será suficiente para reverter a trajetória da empresa e transformá-la em um verdadeiro gigante da IA. Ela apontou que a tarefa é complexa, devido à presença de disputas políticas internas e dificuldades estruturais.
Os desafios aumentaram com o avanço da DeepSeek, startup chinesa que se destacou rapidamente com modelos de código aberto que superaram os da Meta em desempenho e visibilidade. Para Toner, esse revés abalou ainda mais a imagem da companhia.
O CEO Mark Zuckerberg aumentou os investimentos financeiros no setor, mas a dúvida permanece sobre a capacidade de reestruturar a organização em ritmo suficiente para manter os engenheiros mais qualificados. Segundo Toner, a principal questão é saber se a Meta conseguirá convencê-los de que está avançando com a velocidade necessária.
Helen Toner ganhou projeção ao participar da decisão que afastou temporariamente Sam Altman da liderança da OpenAI, em novembro de 2023. Após deixar o conselho, passou a se dedicar ao estudo da corrida por supremacia em IA entre Estados Unidos e China.
Atualmente, essa disputa ultrapassa fronteiras. Empresas norte-americanas, como a OpenAI, e companhias chinesas, como Alibaba, DeepSeek e Zhipu AI, buscam parcerias com governos e empresas de diferentes países. A Kakao, da Coreia do Sul, já integra o ChatGPT em sua principal plataforma de redes sociais, enquanto a Alibaba expande data centers no Sudeste Asiático.
Toner destacou que a China, com tradição em cooperação internacional, vem avançando sobre o domínio tecnológico dos Estados Unidos. Apesar de seus modelos serem menos sofisticados, o país asiático conquista espaço oferecendo soluções mais acessíveis, fáceis de usar e com maior potencial de personalização.
Desde o conflito no conselho da OpenAI, Toner não manteve contato com Altman. Ainda assim, reconheceu que a comunidade de inteligência artificial é pequena e acredita que um reencontro entre os dois será inevitável. A expectativa, segundo ela, é de que o momento seja cordial.
A Meta continua enfrentando o desafio de alinhar grandes investimentos em IA a uma reestruturação organizacional capaz de sustentar a inovação e a retenção de talentos no longo prazo.