Atrás de cliques e dinheiro, startups trocam LinkedIn pelo TikTok

Comunicados de imprensa estão perdendo espaço para vídeos virais e conteúdos criativos com o objetivo de ganhar destaque e atrair investidores online

Startups trocam LinkedIn pelo TikTok
Delmaine Donson via Getty images, Mastiquo via Unsplash

Eve Upton-Clark 2 minutos de leitura

A clássica publicação de anúncio de financiamento está recebendo o tratamento da Geração Z. Mais startups, especialmente aquelas lideradas por jovens fundadores, estão se afastando das publicações do LinkedIn ou dos tópicos do X e recorrendo a TikToks virais e vídeos curtos para se destacarem, informou recentemente a publicação Business Insider.

Com a cobertura da mídia tradicional se tornando mais difícil e as publicações em redes sociais desaparecendo rapidamente dos feeds, os fundadores das startups estão repensando como anunciam grandes marcos.

INVESTIMENTO NA PRODUÇÃO PARA O TIKTOK

A Cluely, a startup que "trapaceia em tudo", recentemente arrecadou US$ 15 milhões e anunciou o anúncio com uma homenagem ao filme A Rede Social. Para contextualizar, a jovem e controversa empresa se vende como uma ferramenta invisível para "trapacear" em entrevistas de emprego e outras situações do dia a dia, com ajuda de Inteligência Artificial.

No início deste ano, a Cluely também lançou um vídeo cuja produção custou US$ 140.000. A produção audiovisual de 90 segundos, publicada no X, mostra um homem em um primeiro encontro recebendo ligações em tempo real da Cluely.

Para a startup, o investimento valeu a pena. O vídeo viralizou e derrubou os servidores da Cluely, garantiu o fundador Chungin "Roy" Lee ao site Business Insider.

PRODUÇÃO USA ATÉ TECH BRO

Para a Hedra, uma startup focada em avatares digitais, o vídeo de anúncio também serviu como uma demonstração do produto. O fundador Michael Lingelbach aparece no clipe como ele mesmo, como um personagem do Studio Ghibli (estúdio de animação japonês), uma animação da Pixar e com uma transformação completa de "tech bro", com direito a corrente de ouro. Aqueles vídeos virais de podcast sobre bebês que estavam em todo lugar no mês passado? Eram eles.

Como explica o dicionário Cambridge, "tech bro" é uma pessoa, quase sempre um homem, que trabalha na indústria de tecnologia digital, especialmente nos Estados Unidos, e às vezes é considerado como alguém que não tem boas habilidades sociais e é muito confiante em suas próprias habilidades.

EM BUSCA DO VÍDEO VIRAL

Mas nem todo anúncio precisa ser uma produção de alto orçamento. A empreendedora e influenciadora britânica Grace Beverley recorreu ao TikTok no ano passado para anunciar duas captações de recursos: uma para sua marca de roupas esportivas TALA e outra para a Retrograde, sua agência de talentos com tecnologia de IA.

"Assine uma rodada de financiamento para a série da minha empresa comigo", dizia a legenda de um TikTok, onde ela firmou o contrato de 5 milhões de libras esterlinas com uma caneta rosa macia. Poucos meses depois, ela voltou com uma caneta branca macia para assinar a rodada de 1,9 milhão de euros para a Retrograde.

Em vez de depender de postagens de blog ou atualizações do LinkedIn, startups que navegam em um mercado saturado podem descobrir que um vídeo viral tem mais chances de atrair novos clientes — ou até mesmo o investidor certo em suas mensagens diretas.


SOBRE A AUTORA

Eve Upton-Clark é jornalista especializada em cultura digital e sociedade. saiba mais