Horário de verão pode voltar após 5 anos; entenda como isso afeta seu bolso

Estudo do ONS projeta risco de colapso na geração de energia em horários de pico

Homem caminhando no entardecer
De 2026 a 2029, o relatório aponta risco explícito de insuficiência de oferta de potência. Créditos:Freepik.

Guynever Maropo 3 minutos de leitura

O horário de verão pode retornar como uma das soluções para reduzir a pressão sobre o sistema elétrico brasileiro, segundo avaliação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O órgão alertou para a necessidade de ampliar o uso de termelétricas nos próximos cinco anos, diante do crescimento da demanda por energia, principalmente nos horários de pico.

O Plano da Operação Energética (PEN 2025) estima um aumento de 14,1% na carga de energia até 2029. Para enfrentar esse cenário, o ONS recomenda ampliar a flexibilidade das fontes convencionais, incluindo investimentos em hidrelétricas e a possibilidade de reativar o horário de verão, suspenso desde 2019.

A partir de outubro deste ano, será necessário preparar o sistema para grandes volumes de despacho termelétrico, exigindo a plena disponibilidade das usinas e possivelmente medidas de redução da demanda. Entre essas alternativas, o ONS considera que o retorno do horário de verão poderia atenuar a sobrecarga do sistema. Contudo, essa medida não foi incorporada aos cenários preditivos, pois não há perspectiva de sua aplicação imediata.

Com o horário de verão de volta, é importante citar que é possível acontecer uma redução na conta de luz devido ao menor consumo de energia em horários de pico, especialmente se houver uma boa atuação das bandeiras tarifárias.

O documento também aponta o aumento das fontes intermitentes, como solar, eólica e a mini e microgeração distribuída (MMGD), essas oferecem menor capacidade de geração noturna, exatamente quando a demanda por potência é maior.

Vale citar que, até 2029, o sistema deve incorporar 36 gigawatts (GW) à capacidade instalada, totalizando 268 GW. A fonte solar, combinada à MMGD, deve representar 32,9% da matriz elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), tornando-se a segunda maior do país.

O crescimento das fontes renováveis exige maior flexibilidade operacional, especialmente por parte das hidrelétricas, que oferecem controle mais ágil, além das termelétricas. O ONS projeta a necessidade de despacho térmico elevado a partir do segundo semestre de 2025, especialmente entre outubro e dezembro.

Embora reconheça a importância da geração térmica, o órgão não recomenda a inclusão de usinas com baixa flexibilidade ou longo tempo de acionamento. Para lidar com as rápidas variações de carga, o sistema precisará de usinas com resposta mais dinâmica.

O leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência, previsto para 2023, foi cancelado após a revogação da portaria pelo Ministério de Minas e Energia. Caso uma nova portaria seja publicada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve coordenar o leilão por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

De 2026 a 2029, o relatório aponta risco explícito de insuficiência de oferta de potência, com violação dos critérios de confiabilidade em diversos períodos. Diante desse quadro, o ONS considera urgente a realização de leilões anuais para garantir a reserva de capacidade.

O estudo também destaca a entrada de cargas especiais, como data centers e usinas de hidrogênio verde, que exigem alto suprimento de energia e oferecem baixa flexibilidade. Essas cargas elevam ainda mais a complexidade do atendimento à demanda, especialmente no período noturno.

O ONS considera o retorno do horário de verão uma medida viável para reduzir a pressão sobre o sistema de energia, mas condiciona sua adoção às avaliações de oferta e demanda nos próximos meses.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais