O que é o Rumble, a plataforma que entrou na Justiça dos EUA contra Moraes

Justiça da Flórida intima ministro do STF após processo movido pela plataforma de vídeos e pelo grupo de comunicação de Donald Trump

Alexandre de Moraes e logo do Rumble
A decisão de Moraes reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão e a atuação de plataformas estrangeiras no Brasil. Crédito: imagem criada com auxílio de IA via ChatGPT

Guynever Maropo 3 minutos de leitura

No início de 2025, a Justiça da Flórida, nos Estados Unidos, intimou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma ação movida pela Trump Media & Technology Group, empresa ligada ao presidente Donald Trump, e à plataforma Rumble. As empresas acusam o magistrado de censura e alegam que ele violou leis norte-americanas ao ordenar o bloqueio de perfis nos EUA.

 A nova intimação, emitida em 7 de julho, concede 21 dias para que Moraes apresente resposta. Caso contrário, a Justiça poderá emitir sentença à revelia. Fontes próximas ao ministro disseram à CNN que ele nunca recebeu notificação formal até o momento.

No começo do ano, Moraes determinou o bloqueio da plataforma de vídeos rumble no Brasil, alegando descumprimento reiterado de ordens judiciais e tentativa de driblar o ordenamento jurídico nacional. Segundo o ministro, a empresa criou um “ambiente de total impunidade e terra sem lei” nas redes sociais do país.

A medida ocorre após o magistrado ter dado um prazo de 48 horas para a empresa informar quem é seu representante legal no Brasil. A empresa já havia desativado seu serviço no país em 2023, alegando ordens judiciais para remover determinados criadores, e retornou em fevereiro de 2025.

Rumble e polêmicas

Criado em 2013, o Rumble é uma plataforma de vídeos semelhante ao YouTube, que ganhou popularidade entre grupos conservadores, especialmente nos Estados Unidos. A empresa afirma defender uma “internet livre e aberta”, mas já esteve no centro de diversas polêmicas.

A guinada política da plataforma ocorreu após a invasão do Capitólio em janeiro de 2021, quando apoiadores de Donald Trump tentaram impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Após ser banido de redes sociais tradicionais como Twitter, Facebook e YouTube, Trump migrou para plataformas alternativas, incluindo o Rumble, que passou a atrair influenciadores alinhados ao presidente.

A avaliação da empresa chegou a meio bilhão de dólares após assumir a imagem de “refúgio da liberdade de expressão”. A frase “Somos a mídia agora” viralizou na rede logo após Trump ser reeleito em 2024.

Em outra tentativa de ampliar seu alcance, o CEO do Rumble, Chris Pavlovski, ofereceu US$ 100 milhões ao apresentador Joe Rogan, ainda em 2022, para migrar seu podcast, que foi alvo de críticas por desinformação sobre a Covid-19, para a plataforma, sem censura.

Em 2023, a empresa se recusou a atender um pedido do Parlamento britânico para interromper a monetização do canal de Russell Brand, acusado por quatro mulheres de agressões sexuais. A negativa gerou críticas, mas a plataforma manteve o posicionamento, afirmando que ceder à pressão violaria seus princípios.

A plataforma também tem relação direta com o grupo de mídia de Trump, a Truth Social, que firmou acordos de publicidade e serviços de nuvem com o Rumble. Entre os investidores da empresa estão J.D. Vance, atual vice-presidente dos EUA, e Peter Thiel, bilionário aliado de Trump e um dos fundadores do PayPal.

Além disso, outros membros da administração republicana, como Elon Musk, também têm laços com o grupo que ficou conhecido como “máfia do PayPal”, consolidando uma rede de influência que fortaleceu a atuação do Rumble em meio às discussões sobre regulação de plataformas digitais.

A decisão de Moraes reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão e a atuação de plataformas estrangeiras no Brasil. O futuro da atuação da Rumble no país dependerá dos próximos desdobramentos judiciais e diplomáticos.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais