De estátuas e fachadas a blocos de construção: chegaram os robôs escultores
Por dentro da startup que promete trazer de volta a antiga arte de esculpir em pedra

Em um enorme galpão dos anos 1930, no norte do Brooklyn, em Nova York, a tradicional – e quase esquecida – arte da escultura em pedra está ganhando uma nova vida no século 21 graças a uma série de robôs escultores.
É ali que funciona a sede da Monumental Labs, uma startup que combina o trabalho meticuloso do cinzel e martelo com a velocidade, precisão e eficiência da robótica e da inteligência artificial.
A empresa está transformando o antigo armazém em uma fábrica moderna de corte de pedra, capaz de produzir rapidamente desde fachadas decorativas cheias de detalhes até esculturas de mármore dignas de museu e monumentos imponentes.
Se depender do fundador, Micah Springut, em breve os braços robóticos da empresa terão um desafio ainda maior: repensar a maneira como construímos edifícios.
Enquanto caminha pelo espaço, Springut aponta para o teto de quase 10 metros de altura na área principal de produção, onde mais de uma dúzia de braços robóticos de sete eixos logo começarão a esculpir blocos maciços de granito, calcário e mármore, transformando-os em obras monumentais.
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“Por enquanto, ainda não conseguimos produzir uma fachada inteira, um prédio completo ou um arco monumental”, diz Springut, comentando as limitações do espaço atual. Um novo galpão, maior e com mais capacidade, está sendo viabilizado por meio de uma rodada de investimentos de US$ 8 milhões.
Com a nova instalação, a empresa espera dar conta da crescente demanda. Atualmente, a Monumental Labs já está envolvida em diversos projetos de grande porte para clientes privados – incluindo fachadas decorativas e até gárgulas que serão instaladas em um novo prédio de uma universidade, cujo nome não foi divulgado.
Mas o objetivo principal é entrar de vez no segmento da pedra estrutural – blocos enormes, cortados com altíssima precisão, que funcionam como peças de Lego para formar paredes e fundações resistentes.
Além de ser mais durável que o concreto, a pedra estrutural tem uma pegada de carbono bem menor, o que a torna uma opção mais sustentável para a construção civil. E, na verdade, não é nenhuma novidade: a humanidade a utiliza há milhares de anos.
“Durante praticamente toda a história, construímos com pedra – até uns 110 anos atrás, quando a industrialização mudou o que era viável e barato de produzir”, explica Springut. “O custo para esculpir, cortar e moldar a pedra passou a ser muito maior do que o do concreto.”
Segundo ele, com o uso de robótica e automação, esse custo pode cair drasticamente, chegando a apenas 25% do custo da construção com concreto.
O FUTURO DA PEDRA ESTRUTURAL
Andrew Lane, advogado e futuro incorporador imobiliário, mal pode esperar. Ele se encantou com a ideia de usar pedra estrutural em novos projetos – tanto por estar cansado da estética dos prédios modernos quanto pela durabilidade do material.
Lane quer construir casas e apartamentos em Austin, no Texas, usando pedras esculpidas pelos robôs escultores da Monumental Labs, mas ainda está aguardando estimativas mais claras de custo.
Springut admite que isso ainda é uma incógnita. A startup já atraiu o interesse de outros incorporadores, mas todos querem ver primeiro o que a nova fábrica será capaz de entregar.

Ainda há muito a fazer. O maior desafio no momento é aprimorar a tecnologia de corte e treinar os sistemas de IA para substituir o trabalho que hoje ainda é bastante manual – como identificar os melhores caminhos de corte e quais ferramentas usar para transformar um bloco de calcário de várias toneladas em peças estruturais para uma casa.
O software da empresa vai aprender com cada escultura criada pelos robôs, tornando-se mais eficiente com o tempo. A nova instalação será essencial nesse processo, com capacidade para produzir até 100 esculturas em tamanho real por ano – e, quem sabe, até alguns edifícios completos.
Mas isso só será possível quando os robôs estiverem operando no novo galpão. Antes, será preciso reformar o antigo prédio da década de 1930 – começando pelo reforço das fundações, que precisam suportar o peso das pedras.
Antes de reinventar a construção civil, a Monumental Labs precisa, primeiro, trazer sua própria sede para o século 21.



