Novos data centers gigantes da Meta são uma ameaça direta a Google e OpenAI

Com potência comparável a usinas nucleares, megacentros de dados mostram que a empresa está apostando alto em inteligência artificial

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Chris Morris 3 minutos de leitura

A Meta ainda não lidera a corrida pela superinteligência artificial, mas está usando seu gigantesco caixa para tentar chegar lá. Mark Zuckerberg, fundador da empresa, anunciou esta semana que a companhia vai investir centenas de bilhões de dólares na construção de data centers gigantes dedicados exclusivamente à inteligência artificial.

O primeiro deles, batizado de Prometheus, deve entrar em operação no ano que vem. Segundo Zuckerberg, ele terá capacidade para fornecer um gigawatt de potência computacional. Mas isso é só o começo.

“Também estamos construindo o Hyperion, que poderá chegar a cinco gigawatts ao longo dos próximos anos. Além disso, estamos desenvolvendo vários outros clusters gigantescos. Um deles, sozinho, ocupa uma área comparável a uma boa parte de Manhattan”, escreveu Zuckerberg no Facebook.

De acordo com um porta-voz da empresa, o Hyperion está sendo construído no estado da Louisiana, enquanto o Prometheus é uma expansão de um campus existente em Ohio.

Cinco gigawatts equivalem ao consumo total de energia da cidade de Miami – ou à produção de cinco reatores nucleares, o suficiente para abastecer cerca de 3,5 milhões de residências por um ano.

O nome Prometheus é simbólico: na mitologia grega, Prometeu desafiou os deuses ao roubar o fogo do Olimpo. A Meta, por sua vez, tem atraído de forma agressiva talentos dos concorrentes, oferecendo salários milionários bem acima do mercado.

Zuckerberg estaria pessoalmente envolvido nas contratações. Com data centers dessa magnitude, ele reforça ainda mais o apelo para especialistas em IA.

Além disso, a Meta comprou 49% da Scale AI, trazendo o CEO Alexandr Wang para seu time. Também se juntaram à empresa Nat Friedman, ex-CEO do GitHub, e Daniel Gross, CEO e cofundador da Safe Superintelligence – fundada em parceria com Ilya Sutskever, da OpenAI.

A META VAI ÀS COMPRAS

Com esses anúncios, Zuckerberg quer deixar claro que a Meta está pronta para superar a OpenAI e outros concorrentes na corrida da inteligência artificial. Isso acontece após o desempenho decepcionante do modelo Llama 4 e a saída de nomes importantes da equipe. Em resposta, a Meta reestruturou sua divisão de IA, que agora se chama Superintelligence Labs.

Dinheiro não é problema. Em abril, a Meta elevou sua projeção de investimentos para até US$ 72 bilhões. Nesta semana, as ações da empresa subiram quase 1%, alcançando US$ 724. Com valor de mercado de US$ 1,82 trilhão, ela está muito à frente dos US$ 300 bilhões de avaliação da OpenAI.

a poluição gerada por essas megaestruturas pode causar até 1,3 mil mortes prematuras por ano até 2030.

Mas a concorrência não está parada. A OpenAI já anunciou seu próprio data center de cinco gigawatts, o Stargate. O projeto, revelado em janeiro, prevê um investimento de US$ 500 bilhões ao longo de quatro anos, com apoio da Oracle, SoftBank e MGX.

A empresa já se comprometeu a aplicar US$ 100 bilhões de imediato. O Texas foi escolhido como sede do projeto, com o primeiro centro previsto para entrar em operação ainda este ano, na cidade de Abilene.

“Esse projeto vai apoiar a reindustrialização do país e também garantir uma capacidade estratégica para proteger a segurança nacional dos EUA e de seus aliados”, escreveu a OpenAI em seu blog. A Alphabet (controladora do Google) também está investindo pesado: são US$ 3,3 bilhões destinados à construção de dois novos data centers gigantes na Carolina do Sul.

O IMPACTO AMBIENTAL DOS DATA CENTERS GIGANTES

O que a Meta não comentou foi sobre o impacto ambiental desses data centers gigantes. Um estudo publicado no repositório arXiv, da Universidade Cornell, intitulado “The Unpaid Toll: Quantifying the Public Health Impact of AI” (O preço não pago: quantificando o impacto da IA na saúde pública), estima que a poluição gerada por esses centros pode causar até 1,3 mil mortes prematuras por ano até 2030.

O estudo também aponta que os custos de saúde pública ligados à poluição do ar já chegam a US$ 20 bilhões por ano. Segundo os autores, até 2030, o impacto ambiental dessas operações será o dobro daquele causado pela indústria siderúrgica dos EUA e poderá se equiparar às emissões de todos os carros, ônibus e caminhões da Califórnia.

Enquanto isso, o governo Trump já desmontou dezenas de programas ambientais em seus primeiros 100 dias. E a Agência de Proteção Ambiental dos EUA estuda reverter decisões anteriores que classificam os gases de efeito estufa como poluentes – o que pode enfraquecer ainda mais a capacidade do órgão de regular as emissões de carbono.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é jornalista, escritor, editor e apresentador especializado em tecnologia, games e eletrônicos. saiba mais