Teste histórico: bebês com DNA de três pessoas nascem livres de doenças genéticas; entenda
Método inovador evita doenças genéticas graves e já mostra resultados promissores em recém-nascidos saudáveis

Pesquisadores do Reino Unido confirmaram o nascimento de oito bebês utilizando material genético de três pessoas. A técnica visa evitar doenças mitocondriais, consideradas incuráveis, debilitantes e frequentemente fatais.
A abordagem combina o óvulo e o esperma dos pais com um segundo óvulo, proveniente de uma doadora com mitocôndrias saudáveis.
Essas doenças são transmitidas exclusivamente pela mãe e afetam cerca de um em cada 5.000 nascimentos. Elas prejudicam a produção de energia no organismo, comprometendo funções vitais como o batimento cardíaco, o funcionamento cerebral e a respiração. Algumas crianças morrem dias após o nascimento. A nova técnica busca interromper essa herança genética.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi conduzida pela equipe do Newcastle Fertility Centre, vinculada ao NHS, que há anos trabalha com essa tecnologia. Os cientistas fertilizam os óvulos da mãe e da doadora com o esperma do pai. Em seguida, retiram os pró-núcleos com o DNA dos pais e os inserem em um embrião contendo mitocôndrias saudáveis.
Cerca de 22 famílias participaram do procedimento, resultando no nascimento de quatro meninas, quatro meninos (incluindo gêmeos) e uma gravidez em curso. Todos os recém-nascidos demonstraram desenvolvimento saudável e ausência de doenças mitocondriais.
Apenas dois casos apresentaram condições clínicas não relacionadas à técnica, uma criança com epilepsia temporária e outra com arritmia cardíaca controlada.
A pesquisa também investigou o risco de mitocôndrias defeituosas persistirem no embrião. Em cinco casos, não foram detectadas; nos demais, a porcentagem ficou entre 5% e 20%, abaixo do limite associado à manifestação da doença.
O método foi desenvolvido há mais de uma década na Universidade de Newcastle e autorizado no Reino Unido após aprovação parlamentar em 2015. O país é o primeiro a legalizar a técnica.
Por envolver alteração genética hereditária, o procedimento foi debatido amplamente por sua relevância científica e implicações éticas.
Todos os bebês nascidos até o momento estão saudáveis e seguem sendo monitorados pelas equipes médicas.