Nvidia tenta convencer Trump a repensar a venda de superchips para a China

CEO da empresa apresentou ao governo uma ideia ousada: vencer a corrida da IA ao garantir que o mundo inteiro rode com chips norte-americanos

venda de superchips de IA para a China
Crédito: Freepik

Mark Sullivan 2 minutos de leitura

O fundador e CEO da Nvidia, Jensen Huang, tem atuado ativamente nos bastidores, em reuniões com líderes políticos e autoridades – e agora começa a colher os frutos: o governo Trump concordou em suspender a proibição da venda dos chips de inteligência artificial H20 para a China.

Huang se encontrou com autoridades em Washington e em Pequim com um argumento claro: a revolução da IA tem o potencial de beneficiar a todos – aumentando a produtividade, melhorando o padrão de vida e impulsionando o crescimento econômico tanto dos EUA quanto da China.

Para ele, a melhor forma de garantir a liderança norte-americana na corrida da IA é fazer com que os principais modelos e aplicativos do mundo rodem com chips desenvolvidos por empresas dos Estados Unidos.

Foi ainda sob o governo Biden que surgiram as primeiras restrições à venda dos chips mais potentes da Nvidia para a China – parte de uma estratégia para conter o avanço do país no setor. A gestão Trump foi além: em abril, proibiu totalmente a venda do chip H20

O impacto foi imediato. A fabricante perdeu cerca de US$ 2,5 bilhões em vendas no trimestre encerrado em abril e prevê um prejuízo adicional de US$ 8 bilhões até o final de julho.

Mas Huang parece ter conseguido convencer o governo Trump a mudar de ideia. Seu argumento provavelmente seguiu a seguinte linha: “nossa missão é garantir que os EUA liderem em inteligência artificial ao tornar nossa tecnologia acessível para o mundo todo – para que desenvolvedores brilhantes, inclusive na China, possam criar sobre essa base, fazendo com que a IA funcione melhor com tecnologia norte-americana”, disse ele em entrevista recente à CNN. Huang também destacou que metade dos pesquisadores de IA do mundo “estão na China ou são chineses”.

Jensen Huang CEO da NVIDIA
Jensen Huang, CEO da Nvidia (Crédito: imagem criada com auxílio de IA via ChatGPT)

A lógica é simples: os Estados Unidos podem manter a liderança tecnológica se controlarem a infraestrutura sobre a qual a inteligência artificial é construída – algo semelhante ao que acontece na economia global com o dólar.

O raciocínio faz sentido. Mas também levanta questões importantes: o que significa, na prática, controlar essa base? Os EUA conseguiriam limitar como a China pode usar esses chips? A resposta é não – da mesma forma que não conseguiram impedir a empresa chinesa DeepSeek de usar o chip H20 para criar modelos de altíssimo nível.

Huang estaria sugerindo que os EUA poderiam monitorar atividades chinesas de IA por meio desses chips – da mesma forma que já acusaram a Huawei de espionagem no passado? Pouco provável.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais