O chefe tem seus favoritos, mas você não é um deles. Como se sair bem dessa?

Favoritismo no trabalho é mais comum do que se admite. Para quem sente que está em desvantagem, especialistas explicam o que fazer

favoritismo no trabalho
Crédito: Deagreez/ Getty Images

Jared Lindzon 2 minutos de leitura

Se você sente que alguns colegas estão recebendo tratamento especial, não está sozinho. Uma nova pesquisa feita pela Resume Now com mil trabalhadores norte-americanos revelou que 70% já viram líderes agirem com favoritismo no trabalho.

Quase metade dos entrevistados (43%) presenciou essa preferência influenciar promoções, aumentos ou reconhecimentos. E cerca de 25% acreditam que a chefia está protegendo um “top performer tóxico” em detrimento da equipe.

“Nosso levantamento mostra que o favoritismo existe, sim, e provavelmente com mais frequência do que muitas empresas gostariam de admitir”, afirma Keith Spencer, especialista de carreira da Resume Now. Ele ressalta, no entanto, que na maioria dos casos os gestores não têm a intenção consciente de tratar funcionários de forma desigual.

Para quem sente que está em desvantagem diante das preferências do chefe e que á favoritismo no trabalho, existem caminhos possíveis. Veja o que dizem os especialistas.

1. Mantenha a calma

É natural sentir frustração quando o reconhecimento vai para quem parece fazer menos. Mas agir impulsivamente pode sair caro.

“É comum que essa situação desperte emoções intensas que levam a comportamentos autodestrutivos”, explica Dina Smith, coach executiva e consultora estratégica.

A orientação dela é clara: “administre suas emoções, diminua a intensidade delas e, acima de tudo, não leve para o lado pessoal.”

2. Em vez de se retrair, se aproxime

Muitas vezes, gestores valorizam quem eles percebem como mais engajado, mas nem sempre enxergam o esforço feito longe dos holofotes.

“Seja proativo e garanta que seu trabalho esteja visível”, recomenda Smith. “Já vi profissionais de alto desempenho evitarem mostrar suas conquistas, acreditando que o bom trabalho se vende sozinho. Isso é pensamento mágico.”

Antes de concluir que está sendo preterido, vale refletir: será que o problema é realmente favoritismo ou falta de visibilidade?

3. Repense suas suposições sobre favoritismo no trabalho

Apesar dos dados da pesquisa, o autor e educador corporativo Justin Hale, da Crucial Learning, acredita que muitos casos de favoritismo são, na verdade, percepção distorcida.

“Não acho que seja tão comum assim. Acontece, claro, mas com menos frequência do que as pessoas dizem”, afirma.

Para Hale, é mais fácil apontar o dedo do que olhar para dentro. “Tendemos a culpar os outros. Queremos justificar nosso ressentimento.” Antes de julgar seus líderes, ele sugere refletir honestamente sobre o próprio desempenho e se houve, de fato, uma razão objetiva para a frustração.

4. Quando for necessário, tenha aquela conversa difícil

Se depois de tudo isso – dar o benefício da dúvida, se esforçar mais, mostrar resultados concretos – ainda parecer que você vive à sombra de outro, talvez seja hora de uma conversa franca com o chefe. Segundo Hale, esse tipo de diálogo é essencial para um ambiente de trabalho saudável.

“Sem essa conversa, você vai acumular ressentimento e, pior, espalhá-lo para justificar o que está sentindo”, alerta.

O tom, no entanto, é crucial. Acusações diretas podem gerar reações defensivas. Hale sugere começar expondo o que você espera da conversa: por exemplo, garantir que todos na equipe se sintam valorizados. Em seguida, defina claramente suas preocupações com base em fatos objetivos.

“Compartilhe sua percepção e depois pergunte: ‘é assim que eu estou enxergando. Você vê de outro jeito?’”, sugere. Essa abordagem abre espaço para um diálogo em vez de um confronto.

Acima de tudo, mantenha o foco no futuro. A conversa deve servir para construir um ambiente mais justo, não para desabafar mágoas antigas.


SOBRE O AUTOR

Jared Lindzon é jornalista especializado em temas como futuro do trabalho e profissões ligadas a inovação tecnológica. saiba mais