Experiência com Canvas ganha força na contratação de profissionais de design
Pesquisa revela mudanças nas ferramentas exigidas em vagas de design e o crescimento meteórico do Canva

No relatório "Onde estão os empregos de design em 2025", a Fast Company analisou quais ferramentas de design estão sendo mais mencionadas em ofertas de emprego em diferentes áreas nos EUA e como essa demanda evoluiu ao longo do tempo.
No campo do design gráfico, os dados revelam tendências particularmente marcantes: a procura por profissionais com domínio do Blender cresceu 82% em relação ao ano anterior, enquanto o número de vagas que pedem familiaridade com o Canva subiu 72%.
Quando o Canva estampou a capa da Fast Company em 2022, parte da comunidade de design reagiu com desconfiança – para alguns, era quase uma heresia. O aplicativo, conhecido por sua interface intuitiva, se popularizou ao prometer que qualquer pessoa poderia criar peças de design.
Isso, naturalmente, incomodou profissionais formados na área. Mas a abordagem baseada em templates para criar desde posts para redes sociais até camisetas conquistou o público geral e, com o tempo, também os ambientes profissionais.
A hipótese atual é de que, após ter sido amplamente adotado por equipes de marketing, o Canva está se tornando uma ferramenta obrigatória também para designers que trabalham em conjunto com essas equipes. Isso faz sentido em um cenário no qual, em muitas empresas, o departamento de design passou a se reportar diretamente ao marketing.
A boa notícia é que muitos designers que antes torciam o nariz para a ferramenta passaram a valorizar recursos mais avançados do Canva, como os de gestão de marca, que permitem definir padrões visuais (logotipos, tipografias, cores) a serem seguidos por outros usuários da empresa.
O resultado: menos retrabalho e mais consistência visual, mesmo quando um material é criado por profissionais de fora do time de design. Além disso, a curva de aprendizado do Canva é significativamente menor que a dos produtos da Adobe – muitos de seus recursos podem ser dominados em minutos.
Designers precisam estar mais abertos à flexibilidade de ferramentas do que há uma década.
Curiosamente, entre as vagas de design gráfico analisadas, o dobro menciona o Figma (9,5%) em comparação com o Canva. O Figma – hoje o padrão de mercado para prototipagem rápida – tem cerca de 13 milhões de usuários mensais. Já o Canva é utilizado por 240 milhões de pessoas no mundo todo, incluindo 95% das empresas da lista Fortune 500.
Esse abismo entre número de usuários e menções em vagas evidencia que, apesar da enorme base instalada, o Canva ainda não é visto como essencial no universo do design profissional, ao contrário de ferramentas consagradas como o Adobe Creative Suite e o InDesign, citadas em cerca de 40% das vagas da área.
Mas o Canva está longe de desistir de conquistar o mercado de design “com D maiúsculo”: no ano passado, a empresa adquiriu a Affinity, desenvolvedora de softwares rivais do Photoshop, Illustrator e InDesign, e agora trabalha para integrar essa tecnologia à sua plataforma.
Tudo isso indica que o cenário está em plena transformação. Designers precisam estar mais abertos à flexibilidade de ferramentas do que há uma década. E, com a chegada da inteligência artificial, o universo das plataformas de design gráfico vive, talvez, seu momento mais empolgante – ou mais caótico.