Corrida pela Lua: reator nuclear da NASA reacende disputa geopolítica

Projeto pode redefinir a exploração lunar e acirrar a disputa geopolítica no espaço

Frente da Nasa
As reduções impactam diversos programas científicos, incluindo o Mars Sample Return, que visa trazer amostras do solo marciano para a Terra. Créditos: Pixabay.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

A agência espacial norte-americana, Nasa, antecipará os planos para instalar um reator nuclear na Lua até 2030. A iniciativa integra os esforços dos Estados Unidos para estabelecer uma base permanente para humanos na superfície lunar.

De acordo com o Space,o chefe interino da agência citou iniciativas semelhantes da China e da Rússia, alertando que esses países poderiam declarar zonas de exclusão na Lua. Entretanto, cortes orçamentários recentes e questionamentos sobre os objetivos geopolíticos do projeto levantam dúvidas sobre a viabilidade do cronograma.

Países como Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Japão intensificam a corrida pela exploração lunar, com planos de construir assentamentos humanos permanentes.

O secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, nomeado chefe temporário da Nasa pelo presidente Donald Trump, afirmou ser urgente avançar com a tecnologia para garantir segurança nacional e fomentar a futura economia lunar. Ele solicitou propostas de empresas comerciais para desenvolver um reator capaz de gerar pelo menos 100 quilowatts de energia.

Esse valor é considerado modesto, já que uma turbina eólica terrestre típica produz de 2 a 3 megawatts. A proposta de utilizar energia nuclear na Lua, porém, não é recente. Em 2022, a Nasa firmou contratos de US$ 5 milhões com três empresas para o desenvolvimento de projetos de reatores.

Em maio, China e Rússia anunciaram planos para construir uma usina nuclear automatizada na Lua até 2035. Especialistas consideram a energia nuclear a solução mais viável para garantir fornecimento contínuo na superfície lunar, onde cada dia equivale a quatro semanas terrestres, com duas semanas de luz solar e duas de escuridão.

Sungwoo Lim, professor da Universidade de Surrey, destacou que apenas a energia nuclear seria capaz de atender à demanda energética de uma base lunar habitável. Lionel Wilson, professor da Universidade de Lancaster, avaliou como tecnicamente possível instalar os reatores até 2030, desde que haja investimentos suficientes e lançamentos do programa Artemis para viabilizar a infraestrutura.

Simeon Barber, especialista em ciências planetárias da Open University, alertou para as exigências de segurança no lançamento de material radioativo, mas considerou os desafios superáveis com as licenças adequadas.

A diretriz de Duffy surpreendeu após o governo Trump anunciar cortes de 24% no orçamento da Nasa para 2026. As reduções impactam diversos programas científicos, incluindo o Mars Sample Return, que visa trazer amostras do solo marciano para a Terra.

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SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais