O que as bibliotecas despertam nas pessoas e pode inspirar empresas

É tentador para os líderes pensarem apenas em eficiência, redução de custos e otimização, mas o sucesso depende mais da construção de ambientes onde as pessoas se sintam inspiradas, curiosas e conectadas

O que as bibliotecas despertam nas pessoas e pode inspirar empresas
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Craig Shapiro 4 minutos de leitura

Entre em uma biblioteca e você sentirá isso imediatamente. É tranquilo, mas vibrante. As pessoas estão lendo, aprendendo, se candidatando a empregos, encontrando abrigo, se aprofundando por um momento em uma história. Ninguém está vendendo nada. No entanto, o valor criado é enorme.

UM LUGAR PARA SONHAR

Bibliotecas não pedem que você justifique seus interesses. Você pode pegar um livro sobre astrofísica ou assistir a uma leitura de poesia. Ninguém está medindo sua produtividade. A porta está aberta e o convite é simples: Explore.

Grandes empresas operam com um princípio semelhante. Elas dão às pessoas espaço para pensar. Para perseguir ideias que podem não ter um retorno imediato. Não porque seja superficial ou sem foco, mas porque leva a avanços ainda maiores.

A caminho de se tornar uma empresa com valor superior a US$ 2 trilhões, o Google concedeu aos funcionários "20% do seu tempo", incentivando-os a buscar projetos que os apaixonassem, sem objetivos comerciais imediatos. Essa liberdade levou diretamente a inovações como Gmail, Google Maps e AdSense. São produtos que começaram como sonhos e se tornaram ferramentas essenciais para bilhões de pessoas.

Dê às pessoas a liberdade de explorar, e elas podem encontrar o próximo grande sucesso.


FOCO EM MAIS DO QUE TRANSAÇÕES

Uma biblioteca não se resume a monetização. No entanto, seu valor se manifesta em todos os lugares: taxas de alfabetização, prontidão para o mercado de trabalho, saúde cívica. As melhores organizações entendem isso. Elas oferecem mais do que um produto. Elas oferecem significado, confiança e alinhamento com os valores das pessoas.

A Patagonia demonstra esse princípio de forma poderosa por meio de seu ativismo ambiental, que vai muito além da venda de equipamentos para atividades ao ar livre. As posturas ousadas da empresa, como processar o governo por políticas ambientais a doar lucros para causas climáticas, podem parecer arriscadas de uma perspectiva empresarial tradicional.

No entanto, as vendas da Patagonia quadruplicaram na última década, para mais de US$ 1 bilhão anualmente. O compromisso da Patagonia com o significado acima do lucro puro repercute profundamente em sua comunidade, fortalecendo a fidelidade e a confiança na marca.

Em tempos de incerteza, é a isso que as pessoas se apegam.

TRABALHO NÃO É MAIS TRABALHO

As bibliotecas reconhecem que as pessoas são mais do que leitores ou usuários. Elas oferecem programas extracurriculares para crianças, treinamento profissional para adultos e serviços sociais para os necessitados. Elas entendem que os visitantes têm vidas complexas e que o crescimento raramente segue um caminho único e previsível.

As melhores organizações também entendem isso. Trabalho não é apenas trabalho. É identidade. É propósito. É como as pessoas passam a maior parte do tempo acordadas.

Quando os líderes reconhecem isso e respondem com flexibilidade, empatia e apoio real, os resultados falam por si. As pessoas permanecem por mais tempo. Elas têm um desempenho melhor. Elas constroem coisas das quais se orgulham.

Em 2012, a Adobe substituiu as avaliações anuais de desempenho, pesadas e burocráticas, por "check-ins" — conversas abertas, contínuas e bidirecionais sobre desempenho e crescimento profissional. Essa mudança reconheceu os funcionários como indivíduos com necessidades e ambições diversas, não apenas como recursos a serem otimizados.

Os resultados: a Adobe reduziu a rotatividade voluntária em mais de 30%, economizando 80.000 horas de mão de obra, anteriormente gastas em avaliações. Ao tratar os funcionários como pessoas de forma integral, com aspirações em evolução, em vez de desempenhos trimestrais, a Adobe criou um sistema que atende tanto ao desenvolvimento humano quanto aos resultados de negócios.

Pessoas saudáveis constroem organizações saudáveis.

SOLUÇÕES PONTUAIS? NÃO, SEJA UMA PLATAFORMA

A biblioteca moderna é mais do que livros. Ela oferece workshops de currículo. Oferece auxílio fiscal. Proporciona aconchego no inverno. Ela encontra as pessoas onde elas estão.

Esse é um conceito poderoso para qualquer organização. Considere o Airbnb. O que começou como uma maneira de encontrar acomodações de curto prazo está evoluindo constantemente para algo mais amplo: uma plataforma para viagens, conexão e intercâmbio cultural.

Agora, a empresa está expandindo de onde você se hospeda para como você explora, oferecendo de tudo, desde a preparação de massas em Roma até caminhadas pela vida selvagem em Nairóbi. É uma tentativa ousada de transformar um serviço transacional em um ecossistema participativo e em camadas que refletem as maneiras como os viajantes querem se sentir em casa no mundo.

E se as empresas parassem de pensar na sua oferta como um único produto ou serviço? E se os negócios fossem pensados como uma base a partir da qual as pessoas podem construir?

As bibliotecas nos lembram que o valor nem sempre é imediato ou mensurável em relatórios trimestrais. Mas é real. O impacto se acumula ao longo do tempo, aumentando silenciosamente.

O mesmo pode ser verdade para qualquer organização disposta a pensar de forma mais ampla.

As empresas devem investir na cultura. Devem abrir espaço para a imaginação. Devem apoiar seus colaboradores. Devem servir sua comunidade. Não porque parece bom, mas porque funciona.

Vida longa à biblioteca. E vida longa às empresas que aprendem com seu exemplo.


SOBRE O AUTOR

Craig Shapiro é o fundador do Collaborative Fund saiba mais