Expansão de data centers no Brasil pode multiplicar consumo de energia em 20 vezes até 2038

Setor de data centers entra no radar econômico pelo alto consumo de energia previsto para a próxima década

veja até quanto o consumo pode aumentar
Data centers devem puxar alta histórica no consumo de energia no país. Foto: Frepik

Jessica de Holanda 1 minutos de leitura

O crescimento acelerado dos data centers no Brasil, impulsionado pela popularização da inteligência artificial, deve provocar um salto no consumo de energia nas próximas décadas.

Segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia, a demanda dessas estruturas pode atingir 17.716 MW em 2038, mais de 20 vezes a capacidade atual, que gira entre 750 MW e 800 MW, equivalente ao consumo de uma cidade de dois milhões de habitantes.

Hoje, o país conta com 162 data centers, de acordo com a Associação Brasileira de Data Centers (não há dados públicos oficiais). Essas instalações, que funcionam como “cérebros” da internet, demandam eletricidade tanto para operar servidores quanto para sistemas de refrigeração contínua, de acordo com a BBC News.

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O uso de IA eleva ainda mais o consumo, já que os chips de alto desempenho exigidos para treinar modelos como chatbots consomem muito mais energia que os sistemas tradicionais.

Megaempreendimentos

Entre os projetos em andamento, destaque para um data center de 300 MW a ser construído no Porto do Pecém (CE), com investimento estimado em R$ 50 bilhões pela Casa dos Ventos. O complexo, que terá energia proveniente de fontes eólica e solar, deve entrar em operação em 2027 e já desperta interesse de gigantes de tecnologia como a ByteDance, dona do TikTok.

Ainda de acordo com a BBC News, apesar do uso de renováveis, especialistas alertam para impactos ambientais, como conflitos territoriais e alterações no ecossistema local. Estudos da Universidade Federal do Ceará apontam que empreendimentos eólicos e solares podem afetar comunidades tradicionais, inclusive no acesso a recursos básicos.

Soluções sustentáveis

O Brasil busca alternativas para reduzir a pegada ambiental do setor. Em Goiás, a nova lei estadual de fomento à IA prevê o uso de biometano — subproduto da produção agrícola — para abastecer data centers. O estado pretende ainda instalar supercomputadores com chips avançados da Nvidia para pesquisa, no Centro de Excelência em IA da Universidade Federal de Goiás.

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SOBRE A AUTORA

Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) com passagem pela BandNews, Portal RIC.com.br, JB Litoral e Massa FM. saiba mais