Sharenting: quais os riscos de expor a vida dos filhos nas redes sociais?

A popularidade de compartilhar a vida dos filhos nas redes sociais levanta alertas sobre privacidade, segurança e consequências no futuro

veja os dados da pesquisa
Sharenting em excesso pode expor crianças a riscos online. Foto: Freepik

Jessica de Holanda 2 minutos de leitura

Pais do século 21 podem ter naturalizado o hábito do sharenting: postar fotos e informações dos filhos online. Um levantamento da Security ORG com mil famílias nos EUA revela que mais de 75% dos pais já compartilharam imagens, vídeos ou stories das crianças, e 81% usam seus nomes reais na internet.

Enquanto muitos veem no sharenting uma forma de manter laços com familiares distantes e trocar experiências em comunidades de apoio, o excesso, chamado de oversharenting, traz uma série de perigos.

Riscos que ultrapassam a tela

Ao compartilhar nome, data de nascimento ou localização, os pais podem sem querer fornecer pistas para criminosos cibernéticos. A Security ORG descobriu que 14% dos pais já tiveram filhos vítimas de fraude de identidade, e 53% dos entrevistados admitiram que a mídia social era o maior risco.

Publicações com geotags, uniformes escolares ou referências a endereços facilitam o trabalho de predadores. Além disso, pais relataram ter mais de 80% de conexões online com pessoas que nunca encontraram pessoalmente.

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Mesmo posts deletados podem ter sido salvos ou replicados por terceiros, o que elimina qualquer controle sobre quem acessou ou como essas imagens podem voltar no futuro.

A pesquisa ainda alerta para conteúdos que parecem inocentes hoje podem gerar piadas ou situações embaraçosas amanhã. Um em cada cinco pais dos EUA relatou pelo menos um episódio de cyberbullying contra seus filhos.

Consentimento e privacidade

Segundo a Security ORG, menos de 25% dos pais pedem permissão antes de postar fotos e 29% sequer se importam em perguntar. Já as crianças relatam que, mesmo após pedirem, 32% ainda tiveram conteúdos postados sem consentimento.

De acordo com a pesquisa, especialistas defendem que, assim que a criança tem capacidade de entender o alcance do que é postado, os pais devem envolvê-la nas decisões, o que ajuda a respeitar a privacidade e educar sobre cidadania digital.

Dicas práticas para um sharenting consciente, segundo a pesquisa

  • Configure filtros de privacidade restritos, permitindo que apenas familiares ou amigos próximos acessem as publicações.
  • Retire metadados e geotags antes de postar.
  • Evite dados identificáveis, como nome completo, escola, endereço e datas exatas.
  • Prefira apelidos ou descrições genéricas em vez de nomes reais.
  • Peça autorização da criança, sempre que possível, especialmente em situações sensíveis ou embaraçosas.
  • Opte por plataformas seguras como WhatsApp, que permitem fotos com visualização única e criptografia.
  • Proteja rostos com stickers ou borrando a imagem em plataformas públicas.

SOBRE A AUTORA

Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) com passagem pela BandNews, Portal RIC.com.br, JB Litoral e Massa FM. saiba mais