Nem tudo é diversão: como usar games para engajar os consumidores

Na disputa pela atenção, os jogos podem ser o grande diferencial da sua marca

Créditos: Rawpixel/ Freepik

Bastian Bergmann 3 minutos de leitura

Em um mundo no qual os consumidores são bombardeados de opções a todo instante, as empresas travam uma verdadeira batalha para conquistar e manter a atenção do público. As marcas que estão conseguindo se destacar já perceberam que existe uma arma poderosa para explorar um dos nossos desejos mais humanos: o de jogar.

Hoje, 84% dos usuários de internet jogam videogame regularmente. Isso representa 3,4 bilhões de pessoas que praticamente jogam todos os dias – número que deve chegar a 3,8 bilhões até 2027. E, ao contrário do estereótipo ultrapassado desse público, os games são o único meio que atinge todas as idades e perfis.

As gerações Z e Alfa passam mais tempo jogando Fortnite, Minecraft e Roblox do que em redes sociais. Mas não são só os jovens: segundo a Entertainment Software Association, mais de 35 milhões de norte-americanos com mais de 50 anos jogam pelo menos uma hora por dia. Os games são, de fato, uma força multigeracional.

As empresas já começaram a perceber isso e estão passando a incluir jogos em suas estratégias de engajamento. A seguir, apresento quatro caminhos que qualquer setor pode adotar para se conectar com seus clientes por meio dos games.

PARCERIAS COM TÍTULOS JÁ EXISTENTES

Uma forma simples é identificar um game que já tenha a audiência que sua marca quer alcançar e se integrar a ele. É a maneira mais fácil e segura para começar a explorar o universo gamer.

Em 2021, a Chipotle estava buscando novas formas de falar com o público jovem e levou uma ação de Halloween para dentro do Roblox, plataforma que reúne milhares de experiências criadas pelos próprios usuários.

Os jogadores puderam vestir avatares com fantasias inspiradas na marca – como “Burrito Múmia” e “Guacenstein” –, visitar o primeiro restaurante virtual da Chipotle e explorar o “Boorito Maze”.

ação de marketing da Chipotle no game Roblox
Crédito: Divulgação

Os 30 mil primeiros visitantes nos quatro dias que antecederam o Halloween receberam um código para resgatar um prato grátis no app, no site ou em restaurantes físicos.

A ação distribuiu US$ 1 milhão em burritos, registrou 5,2 milhões de partidas e atraiu mais de dois milhões de visitantes únicos. Mais que visibilidade, gerou resultados concretos: o evento entrou para o top 10 dias com mais inscrições no programa de fidelidade da Chipotle.

CRIAR SEUS PRÓPRIOS GAMES

Essa é uma estratégia mais complexa, cara e arriscada – mas com potencial de retorno muito maior. É indicada para empresas que querem colocar os games no centro da sua estratégia de engajamento, e não apenas em campanhas pontuais.

Criar um jogo do zero dá à marca o poder de moldar toda a experiência de acordo com sua identidade e objetivos. Além disso, abre espaço para coletar dados valiosos em primeira mão sobre os consumidores.

APOSTAR EM GAMES DA WEB3

Essa abordagem combina as duas anteriores, mas adiciona o diferencial da blockchain, que amplia as possibilidades de engajamento e monetização.

Foi o que fez a Burberry ao se unir à desenvolvedora Mythical Games em Blankos, game no qual os jogadores participam de minijogos e podem criar suas próprias fases.

game Blankos, da  marca Burberry
Crédito: Divulgação

A grife lançou personagens e roupas digitais da sua nova coleção dentro do game. O resultado? Tudo esgotado em apenas 22 segundos, gerando US$ 225 mil em vendas e conectando a Burberry a uma nova audiência.

TRANSFORME O GAME NO PRODUTO

A estratégia mais ousada é quando o próprio jogo se torna o produto. Nesse caso, contar com profissionais de design de games é fundamental.

Foi o que a Peloton fez ao lançar o Lanebreak, um jogo interativo para treinos em suas bicicletas. Em vez de acompanhar um instrutor, os usuários pedalam em uma corrida gamificada.

game Lanebreak, da marca Peloton
Crédito: Divulgação

O resultado foi impressionante: hoje, metade dos treinos feitos nas bikes da Peloton acontece dentro do game – e esses usuários treinam mais vezes e por mais tempo por semana.

Os games dão às marcas uma chance única de ganhar vida de formas que dificilmente conseguiriam em outros canais, como as redes sociais.

Para líderes que querem se conectar com os consumidores onde eles realmente estão, os games devem ser vistos como estratégia. Afinal, além de divertidos e autênticos, são extremamente eficazes para gerar engajamento.


SOBRE O AUTOR

Bastian Bergmann é cofundador e COO da Solsten e fundador da consultoria de mídia Technically Entertaining. saiba mais