Este purificador de ar elimina vírus e mofo com uma simples lâmpada

Design inovador promete eliminar até partículas de fumaça – e tudo isso sem filtro

Crédito: MNML/ Reprodução

Mark Wilson 3 minutos de leitura

De longe, parece um roteador de internet. Ao apertar o botão na parte de trás, um ventilador começa a girar silenciosamente e uma luz azul suave se acende no topo.

Mas não é wi-fi que ele emite. O Airea libera microgotículas no ar capazes de eliminar  vírus, compostos orgânicos voláteis e fungos em áreas de até 74 metros quadrados. E faz tudo isso sem precisar de um filtro HEPA. Na prática, pode funcionar por dois anos seguidos – a única manutenção necessária é trocar a lâmpada.

O dispositivo foi criado pelo estúdio de design MNML e desenvolvido por Scott Wilson, ex-diretor criativo global da Nike, que já desenhou desde smartwatches até massageadores elétricos e inaladores de CBD. A ideia surgiu em um projeto com a rede de hotéis Marriott.

Na época, a rede cogitava lançar um chocolate de travesseiro com efeito relaxante. Mas, no processo, alguém mostrou a Wilson uma máquina industrial capaz de esterilizar quartos inteiros, eliminando tanto fumaça de charuto quanto vírus como o SARS. O equipamento liberava moléculas de peróxido de hidrogênio (H2O2) no ar, que se prendiam a partículas e desinfetavam superfícies.

Um mês depois, a Covid-19 mudaria o mundo. E Wilson ficou obcecado com a ideia de adaptar essa tecnologia, antes restrita a máquinas caras e industriais, para um uso doméstico acessível.

O peróxido de hidrogênio é conhecido como um poderoso agente clareador, presente em desinfetantes e branqueadores dentais. Liberá-lo no ar pode parecer estranho, mas nosso corpo produz pequenas quantidades naturalmente como parte do sistema imunológico. Por sua capacidade de neutralizar vírus, o H2O2 já chegou a ser estudado até no desenvolvimento de vacinas.

aparelho purificador de ar Airea

Em altas concentrações, no entanto, ele é nocivo. Ainda assim, segue sendo usado em fábricas de alimentos para esterilizar equipamentos. A Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA estabelece um limite de até uma parte por milhão no ar.

O Airea, felizmente, opera em níveis muito abaixo disso: entre 15 e 20 partes por bilhão – 60 vezes menores. Embora ainda não tenha aprovação da FDA (agência do governo dos EUA responsável pela proteção e promoção da saúde pública), testes independentes indicam que o dispositivo elimina mais de 99% dos vírus presentes no ar.

UM PURIFICADOR DE AR SIMPLES E SILENCIOSO

Desde o início, Wilson impôs a si mesmo um desafio: queria que o aparelho fosse tão simples que pudesse ser fabricado nos EUA, e não na China. Chegou perto. As principais peças são moldadas em território norte-americano e a montagem final é feita na República Dominicana.

A estrutura é minimalista: uma base de alumínio extrudado, um cooler de computador e uma lâmpada. O segredo está no revestimento especial aplicado ao alumínio que, ao ser iluminado, gera as moléculas de H2O2.

montagem de aparelho purificador de ar Airea
Crédito: Airea

O design, que lembra um roteador, pode não ser chamativo, mas também não incomoda. Com dimensões que ficam entre uma luminária de mesa e uma lata grande de cerveja, cabe em qualquer canto, deixando o ar mais limpo para respirar e as superfícies mais seguras ao toque.

Por enquanto, apenas cinco mil unidades foram produzidas, enquanto Wilson aguarda os testes da FDA e negocia parcerias para expandir o uso da tecnologia a setores como o de saúde.

aparelho purificador de ar Airea
Crédito: Airea

Na prática, o funcionamento é tão discreto que pode causar estranhamento. No início, me peguei pensando: “será que está ligado mesmo?” e “o que exatamente estou respirando?”. Ele é muito mais silencioso que meu purificador HEPA tradicional e praticamente não gera vento – só dá para notar se colocar a mão bem perto.

No mundo pós-Covid-19 em que vivemos, é fácil esquecer o quanto o purificador de ar trouxe em termos de conforto e segurança nos últimos anos. Mas respirar ar limpo ainda deveria ser prioridade em qualquer ambiente.


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais