Pesquisa aponta um jeito mais fácil de reciclar baterias de carros elétricos

Vendas globais de carros elétricos disparam e devem crescer 25% em 2025, mas a reciclagem das baterias segue sendo um desafio

Crédito: cherezoff/ Getty Images

Grace Snelling 3 minutos de leitura

As vendas globais de carros elétricos devem crescer quase 25% em 2025 em comparação com o ano anterior. Mas, junto com a demanda acelerada, cresce também a preocupação de especialistas da indústria: como reaproveitar as pesadas baterias que movem esses carros.

Um estudo da McKinsey, publicado em 2023, projeta que a oferta mundial de baterias de carros elétricos destinadas à reciclagem seguirá em alta e deve alcançar impressionantes 7.850 quilotons em 2035. Só nos Estados Unidos, o mercado de reciclagem dessas baterias poderá movimentar US$ 7,2 bilhões no mesmo ano.

Por ora, porém, a indústria ainda não encontrou a melhor forma de escalar o processo. A estratégia dominante consiste em triturar as baterias até transformá-las em um pó ultrafino – a chamada “massa negra” –, que depois precisa ser separada em metais reaproveitáveis. O método, no entanto, é caro, complexo e pouco eficiente.

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) acabam de publicar um estudo que aponta uma alternativa. Segundo Yukio Cho, autor principal da pesquisa, sua equipe desenvolveu um novo tipo de bateria que facilita a separação das partes componentes, dispensando a etapa de trituração.

COMO SÃO RECICLADAS AS BATERIAS DE CARROS ELÉTRICOS

Hoje, as duas principais formas de evitar que baterias de carros elétricos acabem em aterros são o reuso e a reciclagem. Algumas empresas estão encontrando aplicações para baterias que já não servem mais para a condução. Outras buscam quebrá-las em componentes valiosos, como níquel, cobalto, manganês e lítio, para reinseri-los na cadeia produtiva.

O padrão da indústria é reduzir as baterias à “massa negra”, que depois passa por um processo de triagem para separar os metais. Essa etapa exige instalações especializadas, muitas vezes concentradas em mercados avançados de reciclagem, como a China.

Segundo Cho, não há consenso sobre quantas baterias estão efetivamente sendo recicladas ou quantas ainda vão parar em aterros. O que se sabe é que existe forte motivação para tornar a fabricação de veículos elétricos mais próxima de uma economia circular, tanto para reduzir o risco ambiental de vazamento de substâncias tóxicas quanto para economizar na extração de minérios caros e poluentes.

UMA BATERIA É COMO UM SANDUÍCHE

Para evitar a etapa da “massa negra”, Cho e sua equipe decidiram repensar o design das baterias desde o início. “Nosso enfoque é começar com materiais facilmente recicláveis e depois descobrir como torná-los compatíveis com baterias”, disse o pesquisador ao "MIT News".

As baterias de carros elétricos possuem três camadas principais: o cátodo (positivo), o ânodo (negativo) e o eletrólito, responsável por transportar íons de lítio entre os dois. Normalmente, elas são tão hermeticamente vedadas que a trituração se torna o método mais prático para desmontá-las.

protótipo do MIT de bateria reciclável para carros elétricos
Crédito: cortesia dos pesquisadores/ Edição: MIT News

A inovação do MIT está em um novo material para o eletrólito que, quando imerso em solvente orgânico, “se dissolve como algodão-doce”, liberando facilmente os componentes internos.

Para testar, a equipe construiu uma bateria de estado sólido e verificou que o material suportava as exigências de desempenho. Depois, ao ser tratado com solvente, dissolveu-se sem necessidade de trituração.

protótipo do MIT de bateria reciclável para carros elétricos
Crédito: cortesia dos pesquisadores/ Edição: MIT News

O protótipo atual ainda tem limitações. Por exemplo, a performance da bateria usada no teste ficou bem abaixo das versões comerciais de ponta disponíveis hoje. “Alcançar o nível das baterias de última geração é um desafio que ainda não demonstramos”, reconhece Cho.

Parte da defasagem se deve ao fato de que a equipe construiu a bateria do zero. Mesmo assim, Cho acredita que o novo material poderá ser integrado a futuras gerações de baterias sem grandes dificuldades para os fabricantes.

“No futuro, podemos incluir esse material como uma camada muito fina entre os componentes”, explica. “Assim, quando for necessário, ele se dissolverá como algodão-doce e a bateria vai se abrir sozinha.”


SOBRE A AUTORA

Grace Snelling é colaboradora da Fast Company e escreve sobre design de produto, branding, publicidade e temas relacionados à geração Z. saiba mais