Quando esforço não gera valor: o custo invisível da baixa produtividade

Veja como alcançar a produtividade de verdade

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Gabriela Mauch 3 minutos de leitura

Passo boa parte dos meus dias conversando com executivos que acreditam que suas equipes estão trabalhando quase no limite. Como prova, citam agendas lotadas, caixas de e-mail transbordando e longas jornadas de trabalho. Mas os números contam outra história – e essa história sai cara.

Nosso mais recente estudo do Productivity Lab, que analisou mais de 300 mil profissionais em 5.619 empresas nos EUA, revelou um dado alarmante: em média, as empresas perdem US$ 11,2 milhões em produtividade a cada ano para cada mil funcionários.

A utilização média da capacidade é de apenas 87%, enquanto a folha de pagamento continua em 100% – o equivalente a 130 pessoas recebendo sem entregar qualquer resultado.

A maioria dos líderes nem se dá conta disso. Somadas, as organizações avaliadas acumulam um prejuízo de US$ 2,86 bilhões em produtividade perdida por ano, considerando como meta 6h50 de trabalho produtivo por dia.

Os dados também mostram que 58% dos funcionários não alcançam as metas de produtividade definidas pelas empresas. O problema varia bastante por setor: hardware lidera o índice de subutilização (71%), enquanto logística aparece em último, com 41%.

Nossos benchmarks mostram que pequenas empresas perdem de US$ 162 mil a US$ 542 mil por ano devido à capacidade desperdiçada. Já as grandes corporações chegam a perder de US$ 3,7 milhões a US$ 3,9 milhões.

Homem com cabeça baixa em cima de notebook no serviço
Crédito: Pixabay

E o impacto não fica só na folha de pagamento. A baixa produtividade abre brechas para outros problemas: baixo engajamento, queda na qualidade e falhas de colaboração.

A questão não é falta de esforço ou motivação – é estrutural. A gestão tradicional olha para horas trabalhadas e volume de atividades, mas ignora a pergunta central: este trabalho está gerando valor real? Quando esforço e resultado não caminham juntos, o impacto das equipes se dilui.

TRANSFORMANDO BAIXA PRODUTIVIDADE EM CRESCIMENTO

Combater a subutilização não significa apenas eliminar desperdícios – é liberar espaço para trabalhos que realmente impulsionam o crescimento.

Já vi empresas mudarem completamente sua trajetória ao comparar a produção real com a capacidade disponível e, a partir disso, redesenhar funções para que as pessoas se concentrem no que fazem de melhor: resolver problemas, construir relações e pensar estrategicamente.

As organizações mais bem-sucedidas têm três características em comum:

  • Medem produtividade olhando para atividade e resultado – analisam tanto o volume de trabalho quanto o valor gerado
  • Criam visibilidade operacional em vez de supor desempenho – identificam gargalos e barreiras antes que afetem os resultados
  • Tratam a otimização da força de trabalho como estratégia de crescimento, não apenas de corte de custos – usam a capacidade liberada para impulsionar inovação e vantagem competitiva

Não se trata de exigir que as pessoas trabalhem mais, mas de trazer clareza e propósito ao trabalho. Com os insights certos, é possível eliminar gargalos e direcionar energia para atividades que realmente importam em cada função.

UM GUIA PRÁTICO PARA MELHORAR A PRODUTIVIDADE

O primeiro passo é rever a forma como a produtividade é medida. Muitas empresas ainda focam apenas em tempo e volume de atividades, sem relacionar isso à geração de valor. Incorporar métricas baseadas em resultados – como entregas concluídas, impacto no cliente ou contribuição para a receita – traz uma visão muito mais clara do desempenho.

Depois, é preciso identificar onde o trabalho emperra. Isso exige mapear processos de ponta a ponta para encontrar gargalos, etapas desnecessárias ou atrasos recorrentes. Muitas vezes, essa análise revela soluções simples que liberam horas de trabalho sem a necessidade de aumentar a equipe.

Combater a subutilização é liberar espaço para trabalhos que realmente impulsionam o crescimento.

Visibilidade é essencial, mas precisa ter propósito. O objetivo não é monitorar por monitorar, e sim descobrir onde o bom trabalho fica preso. Ferramentas de acompanhamento que destacam atrasos ou desvios do plano permitem que gestores intervenham antes que prazos sejam perdidos.

Por fim, encare a capacidade recuperada como investimento, não apenas economia. Redirecione tempo e talento para iniciativas estratégicas, inovação e projetos voltados ao cliente que impulsionem o negócio. Combine isso a revisões periódicas de processos para evitar que ineficiências retornem conforme as equipes e prioridades mudam.

A oportunidade de liberar capacidade está diante de todos, basta saber onde olhar. Nossa análise mostra que as informações já estão disponíveis para os líderes que quiserem aproveitá-las.


SOBRE A AUTORA

Gabriela Mauch é diretora de atendimento ao cliente e líder do laboratório de produtividade na empresa de recursos humanos ActivTrak. saiba mais