13 anos após sua morte, Whitney Houston estrela nova turnê – graças à IA

Shows vão contar com vocais isolados por inteligência artificial e orquestra ao vivo

imagem em preto e branco da cantora Whitney Houston
Créditos: David Corio/ Redferns/ Getty Images

Chris Morris 2 minutos de leitura

Whitney Houston tinha apenas 48 anos quando morreu, em 2012. Agora, 13 anos depois, uma das vozes mais marcantes da música retorna aos palcos. E, como era de se esperar, a inteligência artificial tem papel central nessa volta.

A turnê “The Voice of Whitney: A Symphonic Celebration” – que combina vocais isolados da artista, imagens de apresentações e uma orquestra sinfônica ao vivo – estreia hoje (20/09) em uma série de oito de shows pelos Estados Unidos.

Turnês em homenagem a artistas falecidos não são novidade. Mas, no caso de Houston, não bastava apenas reunir gravações antigas e imagens de arquivo.

Grande parte das fitas originais com multifaixas (separando voz, instrumentos, bateria etc.) foram perdidas. Para tornar o projeto possível, a produtora Park Avenue Artists, em parceria com o espólio da cantora, recorreu à Moises, uma plataforma musical baseada em IA. A tecnologia da empresa consegue isolar vocais e instrumentos com qualidade próxima à de estúdio.

“Este projeto exigiu uma separação de faixas em nível altíssimo”, conta Geraldo Ramos, cofundador e CEO da Moises. “Foi preciso isolar a voz de Whitney de gravações já mixadas sem comprometer a força emocional de sua performance. Um show como este seria simplesmente impossível há cinco anos.”

A turnê celebra os 40 anos de carreira da artista – seu álbum de estreia, Whitney Houston, foi lançado em fevereiro de 1985. O público pode esperar clássicos como “I Wanna Dance With Somebody (Who Loves Me)”, “I Will Always Love You”, “Higher Love”, entre outros sucessos.

A Moises já desenvolveu 45 modelos proprietários de IA, capazes de processar 2,5 milhões de minutos de áudio por dia. Seu aplicativo é bastante popular entre músicos, e a equipe conta com profissionais que já passaram por empresas como Spotify, Pandora e TikTok.

imagem em preto e branco da cantora Whitney Houston
Crédito: Kevin Winter/ Getty Images

Essa também não deve ser a última colaboração: outras produções póstumas em parceria com a Park Avenue Artists já estão em andamento. “Este projeto mostra como legados artísticos podem ser celebrados de forma significativa com o uso cuidadoso da IA”, diz Ross Michaels, copresidente da produtora.

“‘The Voice of Whitney’ é apenas o primeiro de vários projetos que vão explorar novas dimensões da obra de grandes artistas. É um exemplo poderoso de como a tecnologia pode preservar legados e, ao mesmo tempo, enriquecer a experiência do público de forma respeitosa e emocionante.”

holograma da cantora Whitney Houston
Crédito: Base Hologram

Não é a primeira vez que o espólio de Houston autoriza uma turnê após sua morte. Em 2020, um projeto levou aos palcos um holograma da cantora interpretando seus maiores sucessos, acompanhado por uma banda ao vivo. A produção ficou a cargo da Base Hologram, responsável por recriar performances de nomes como Roy Orbison, Buddy Holly e Maria Callas.

Apresentações póstumas, no entanto, sempre geraram polêmica. Afinal, a maioria dos artistas nunca pôde opinar sobre isso. O mesmo vale para músicas inéditas lançadas anos depois da morte de seus criadores. Polêmicas à parte, o fato é que esses shows continuam acontecendo – e parecem estar se tornando cada vez mais comuns.


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é jornalista, escritor, editor e apresentador especializado em tecnologia, games e eletrônicos. saiba mais