5 perguntas para Marina Daineze, vp de comunicação e sustentabilidade da Vivo
Nesta entrevista, a executiva fala sobre futuro, propósito e sobre os desafios de inovar sem perder de vista a responsabilidade com as pessoas e com o planeta

Marina Daineze passou 20 anos dentro da Vivo acompanhando uma das transformações mais profundas do mercado brasileiro: de operadora de telefonia móvel a gigante de tecnologia.
Hoje, como vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da companhia, lidera a narrativa da marca e conduz compromissos ambiciosos, como alcançar o net zero até 2035 e recuperar áreas da Amazônia.
Sua liderança combina consistência e ousadia: foi a executiva que posicionou a Vivo contra a hiperconectividade em plena era digital, defendendo o equilíbrio entre vida on e offline.
Agora, com a unificação das áreas de comunicação e sustentabilidade sob seu comando, Daineze enxerga as marcas como organismos vivos – em constante troca com a sociedade – e acredita que elas têm um papel cada vez mais central nas transformações sociais e ambientais.
Nesta entrevista à Fast Company Brasil, ela fala sobre futuro, propósito e os desafios de inovar sem perder de vista a responsabilidade com as pessoas e com o planeta.
FC Brasil – Vocês fizeram recentemente o Encontro Futuro Vivo que reuniu nomes como Ailton Krenak, Carlos Nobre, Denise Fraga e Sidarta Ribeiro para falar sobre visões de futuro. Qual a importância de trazer essas vozes para o palco no atual contexto?
Marina Daineze – O Encontro Futuro Vivo foi emblemático por reunir vozes diversas e que contribuem para importantes reflexões sobre a construção de um futuro mais sustentável.
O evento se propôs a dar espaço a assuntos atuais e essenciais à vida e ao planeta, de forma didática e aproximando as pessoas das discussões do nosso tempo. E é genuíno que a Vivo seja protagonista dessa conversa, já que somos a empresa mais sustentável do Brasil, reconhecida por transformar a tecnologia em ferramenta de conexão humana e impacto positivo.
Temos a responsabilidade e a coragem de abrir espaço para falar sobre as mudanças climáticas, consumo consciente, inclusão, regeneração ambiental e equilíbrio do uso das tecnologias. A nossa atuação em ESG não é discurso, é prática.
Durante o evento, anunciamos um novo compromisso nessa jornada de sustentabilidade, a Floresta Futuro Vivo. Vamos contribuir para a biodiversidade do planeta ao restaurar e proteger um trecho de 800 hectares de floresta amazônica pelos próximos 30 anos com plantio e conservação de árvores nativas, ajudando a conservar espécies ameaçadas, fortalecer comunidades locais e conectar habitats em áreas endêmicas da Amazônia.

Desde o Acordo de Paris, em 2015, reduzimos em 90% nossas emissões próprias de gases de efeito estufa, utilizando energia elétrica 100% renovável e com maior eficiência operacional. As emissões que ainda não podemos evitar são compensadas com o investimento em projetos de proteção e regeneração da floresta amazônica.
O maior objetivo é alcançar o net zero até 2035, cinco anos antes do previsto. Para isso, trabalhamos ativamente com nossos fornecedores mais intensivos em carbono, aumentando significativamente o engajamento da cadeia de valor com ações pelo clima.
Também lideramos um importante movimento pela economia circular, com o programa Vivo Recicle, que já coletou mais de 187 toneladas de resíduos eletrônicos desde que foi implantado, em 2006.
Com toda essa história, a força da nossa marca nos faz provocar reflexões, despertar conexões e inspirar ações concretas que respondam aos anseios da sociedade, promovendo uma transformação sustentável, consciente e inclusiva, que respeita o tempo das pessoas e do planeta.
FC Brasil – Vivemos um momento de transformação digital acelerada. De que forma a sustentabilidade entra nesse contexto de inovação tecnológica? Por que uma operadora como a Vivo está levantando a bandeira da redução do tempo de tela?
Marina Daineze – Como uma empresa de tecnologia e conexão, comprometida com os critérios ESG, a Vivo tem iniciativas sólidas em todas essas frentes e se posiciona de forma propositiva ao incentivar novos limites no uso dos dispositivos móveis.
Desde 2018 defendemos uma relação mais saudável com a vida on e offline. Mais do que oferecer qualidade nos serviços, a Vivo quer promover também a qualidade das relações na era da digitalização.

Essa é uma atitude coerente com os novos tempos e que demonstra confiança e cuidado com as pessoas, mesmo que à primeira vista possam parecer antagônicos com nosso próprio negócio.
Através da plataforma “Tem hora pra Tudo”, a marca busca sensibilizar as pessoas a repensarem o seu tempo com as telas. Em um momento de hiperconexão, precisamos fazer da tecnologia uma aliada e não deixar que a dependência de interações digitais substitua as conexões autênticas humanas.
FC Brasil – Na sua carreira, você esteve à frente de times de comunicação e de marketing. Em abril, foi nomeada também vice-presidente de sustentabilidade. Como concilia o trabalho à frente das duas áreas e o que uma tem a ensinar para a outra?
Marina Daineze – Em maio deste ano, unificamos em uma única vice-presidência as áreas de comunicação e sustentabilidade. Essa mudança organizacional trouxe um novo escopo de atuação, incluindo a Fundação Telefônica Vivo e o Terra.
Seguimos construindo a força e a reputação da Vivo, que é uma das marcas mais valiosas do país e que engaja milhões de clientes. A Vivo busca estar conectada com as pautas contemporâneas, liderando conversas importantes para a sociedade, e promovendo impactos positivos. Isso fortalece a pauta de sustentabilidade, que é muito profunda e consistente em toda a empresa.
FC Brasil – Em um ambiente cada vez mais polarizado, como construir narrativas de marca consistentes que engajem sem se tornarem superficiais ou que sejam percebidas como greenwashing?
Marina Daineze – As narrativas devem ser genuínas e coerentes com a atuação da empresa. A Vivo sempre se posicionou de forma verdadeira e alinhada a seu propósito, de digitalizar para aproximar.
Acredito que, daqui para frente, os cenários de comunicação serão cada vez mais complexos e fluidos para as marcas. Precisaremos manter posições e inciativas relevantes em diversas pautas e projetos para engajar comunidades de forma positiva e sustentável.
FC Brasil –Você está há 20 anos na Vivo. Se pudesse apostar em uma mudança cultural, dentro do universo corporativo e na sociedade, que contribuiria para um futuro mais sustentável, qual seria?
Marina Daineze – Hoje, acredito que as marcas têm um papel ainda mais protagonista nas transformações sociais e podem atuar de forma propositiva para engajar suas comunidades e gerar um impacto positivo, seja no aspecto ambiental ou humano.
Neste ambiente mais dinâmico e complexo, as marcas atuam como um organismos vivos, aprendendo, evoluindo, e em constante troca e colaboração como os seus ecossistemas. A partir daí, é possível inovar e gerar cada vez mais valor para a sociedade.