Este prédio de 30 andares não requer ar condicionado para refrescar os ambientes
Na sede do WeBank, ventilação natural é incorporada à própria estrutura do edifício, que tem acesso ao ar livre em todos os andares

Prédios modernos podem muito bem ser comparados a naves espaciais: fachadas lisas e impenetráveis, formatos aerodinâmicos e, quase sempre, janelas que nunca podem ser abertas. Mas o novo edifício-sede da fintech chinesa WeBank, em Shenzhen, na China, rompe com essa convenção.
Projetada pelo escritório de arquitetura SOM, a torre de 30 andares adota várias técnicas de ventilação que quebram a “selagem” típica dos edifícios de vidro e aço. O resultado é um modelo que pode redefinir a forma como prédios altos lidam com a entrada de ar, a conexão com o exterior e a experiência de trabalhar muitos metros acima do chão.
Concluído no início de 2025, o prédio tem ventilação natural, incorporando terraços a céu aberto, janelas móveis e átrios internos projetados com precisão para permitir a circulação do ar.
Grandes espaços de pé-direito duplo nas extremidades estão abertos ao exterior, enquanto portas de correr e janelas basculantes espalhadas pela torre facilitam a entrada de brisas naturais. “Há poucos prédios dessa altura com esse grau de integração entre áreas internas e externas”, afirma Scott Duncan, arquiteto e sócio de design da SOM.
A tendência já vinha ganhando força desde a pandemia, quando arquitetos e incorporadoras passaram a questionar o modelo hermético dos altos prédios envidraçados, buscando mais acesso a áreas externas e janelas manejáveis.
A sede da WeBank leva essa lógica ao extremo, incorporando a ventilação natural à própria estrutura do edifício e garantindo acesso ao ar livre em todos os andares.

No coração da torre, átrios verticais funcionam como eixos de circulação de ar e espaços de convivência. Espalhados por diversos andares, eles permitem a subida do ar quente por efeito chaminé e favorecem até seis trocas de ar por hora. Isso equivale a uma renovação quase completa do ar interno.
“Em 30 minutos, conseguimos eliminar 95% dos contaminantes de cada andar apenas com meios naturais”, explica Luke Leung, engenheiro e líder de sustentabilidade da SOM.
Além da função ambiental, os átrios também se transformam em pontos de encontro. Com escadas ligando diferentes níveis e áreas de trabalho flexíveis nas bordas, criam conexões visuais e sociais entre os pavimentos.
Essa configuração reflete a própria cultura da WeBank, primeiro banco digital da China. Em vez de apostar em mais altura, a empresa optou por ampliar a área de cada andar – cerca de 4,6 mil metros quadrados, em vez dos habituais 3,2 mil de prédios semelhantes.
“Eles recompõem suas equipes constantemente. Quanto mais horizontal for o espaço, mais flexível se torna a integração entre diversos times em um único pavimento”, explica Duncan. “É uma empresa de tecnologia, mas também um banco. Essas duas culturas se encontram nesse local.”