Você é preguiçoso no trabalho ou apenas prefere uma “carreira minimalista”?
Especialistas garantem que há uma diferença. E a geração Z está apostando na segunda opção

Você evita assumir tarefas extras, não sonha em virar chefe e prefere priorizar sua vida fora do escritório? Então talvez você seja um “minimalista de carreira”. De acordo com um relatório da plataforma Glassdoor publicado em agosto, “carreira minimalista” é o mais novo termo usado para descrever a forma como a geração Z enxerga o trabalho.
O minimalismo é um estilo de vida baseado no essencial – eliminar o excesso e ficar apenas com o que realmente importa. Essa abordagem simples valoriza relacionamentos, paixões e crescimento pessoal acima de bens materiais. Agora, cada vez mais gente defende que esse princípio também pode ser aplicado à vida profissional.
Em vez de buscar cargos de prestígio e assumir mais responsabilidades sem receber por isso, muitos jovens da geração Z estão simplificando suas carreiras e guardando suas verdadeiras ambições para fora do horário de trabalho. Chris Martin, pesquisador principal do Glassdoor, disse à Fast Company que esse movimento nasce de uma “mudança de mentalidade”.
“É uma escolha consciente: deixar de depender tanto de um único empregador para estabelecer limites mais claros, redefinir o que é realização profissional e criar múltiplas fontes de renda para garantir estabilidade financeira”, explica Martin. “Não é que a geração Z esteja rejeitando o trabalho. Eles estão rejeitando o modelo ultrapassado que lhes foi vendido.”
Nos últimos anos, ficou evidente que a ideia de sucesso profissional mudou e se afastou da cultura da “correria sem fim”, que marcou a vida de tantos millennials e levou muitos ao burnout.
Hoje, diante de um cenário de demissões, inteligência artificial e instabilidade econômica, os jovens não reagem trabalhando mais ou correndo atrás de promoções. Pelo contrário: 68% afirmam que não querem assumir cargos de gestão, segundo a pesquisa do Glassdoor.
Essa é uma diferença clara em relação às gerações anteriores, que viam a liderança como um objetivo em si.

“A escada corporativa tradicional prometia aposentadoria, estabilidade e prestígio como recompensa pelo comprometimento a longo prazo. Mas os jovens viram essas promessas serem quebradas e perderem valor, e mudaram sua visão”, diz Martin.
“Para muitos, ser promovido a gerente sem aumento de salário soa como um castigo: mais responsabilidade sem benefício. Para eles, o sucesso está ligado ao equilíbrio de vida e à segurança financeira”, completa.
as gerações anteriores viam a liderança como um objetivo em si.
Isso não significa falta de ambição. Apesar da fama de "minimalistas", 57% dos jovens da geração Z têm pelo menos um trabalho paralelo, contra 48% dos millennials, 31% da geração X e 21% dos baby boomers, segundo a pesquisa.
No fundo, a "carreira minimalista" da geração Z é sobre manter o emprego formal simples – aquele que paga as contas e dá segurança – para dedicar tempo e energia às verdadeiras paixões fora do trabalho.
Como resumiu um usuário da comunidade do Glassdoor: “sempre brinco que não sonho com trabalho… se as pessoas fossem realmente apaixonadas pelo emprego, ele não pagaria nada. Paixão é para depois do expediente.”