Cilada: o que fazer quando você leva a culpa pelo erro de outra pessoa?
A melhor forma de agir nessa situação depende de dois fatores: por que estão culpando você e qual é o seu nível na hierarquia da empresa

Como professor da Universidade do Texas, assisto a todos os jogos do nosso time de futebol americano. Durante a partida da semana passada, nossa defesa sofreu uma falta. O árbitro apitou e anunciou o jogador responsável.
No replay, porém, ficou claro que a falta havia sido cometida por outro atleta. Nada grave, já que de fato houve a falta. Mas um jogador acabou sendo exposto em rede nacional pelo erro de outra pessoa.
Isso me fez pensar em quantas vezes alguém erra no trabalho e a culpa acaba recaindo sobre a gente. Além de frustrante, isso pode prejudicar nossa avaliação anual ou até mesmo nossa carreira. Então, o que fazer nessa situação?
A melhor forma de reagir depende de dois fatores. O primeiro é entender por que seus superiores acreditam que a culpa é sua. O segundo tem a ver com o seu nível na hierarquia da empresa.
POR QUE ACHAM QUE A CULPA É SUA?
É fácil entender como um árbitro pode culpar o jogador errado no calor de uma partida. Mas no trabalho, por que alguém seria responsabilizado por um problema que não causou nem ajudou a criar? O primeiro passo é tentar entender como o erro acabou sendo associado a você.
Uma possibilidade é que ninguém saiba exatamente como o problema surgiu e a liderança tenha apenas presumido que você foi o responsável. Nesse caso, o ideal é conversar com seu gestor e esclarecer qual foi, de fato, o seu envolvimento.
Se esteve envolvido, mas não foi o causador do erro, o foco da conversa deve ser entender como agir de forma diferente no futuro para evitar falhas ou ajudar a identificá-las. Se não teve participação alguma, apenas deixar isso claro deve ser suficiente. Você também pode se oferecer para ajudar a encontrar a real origem do problema.

Outra possibilidade é que tenham te confundido com o verdadeiro autor do erro. Nesse caso, vale conversar diretamente com a pessoa responsável e incentivá-la a assumir a culpa.
O cenário mais complicado é quando alguém erra e, de propósito, joga a responsabilidade em você. Nesse momento, ter provas é fundamental. Qualquer evidência de que você não esteve envolvido será importante.
Procure apoio em alguém da liderança que possa ajudá-lo a esclarecer a situação, mas mantenha o foco em limpar seu nome. É tentador querer que a pessoa que mentiu seja punida, mas não gaste tempo demais buscando justiça.
Explique ao seu aliado por que acredita que foi acusado injustamente e depois volte ao trabalho. Não desperdice energia com o mau comportamento dos outros.
QUAL É O SEU NÍVEL NA HIERARQUIA DA EMPRESA?
Se você ocupa um cargo júnior, siga todos os passos acima. O mais importante é garantir que não sofra consequências sérias por algo que não fez.
Mas, à medida que se sobe na hierarquia, a responsabilidade aumenta. Parte do papel de um líder é responder também pelos erros da equipe. Assim como você pode receber mais crédito do que merece pelas conquistas, também pode ser mais responsabilizado pelas falhas.
Se o erro veio de alguém sob sua supervisão, não tente se esquivar transferindo a culpa. Assuma a responsabilidade e trabalhe junto com sua equipe para garantir que isso não se repita.

Mesmo quando o problema surge em uma área vizinha, vale refletir sobre o que poderia ser feito para reduzir o risco de novas falhas ou minimizar seus impactos.
Quanto mais alto o cargo, maior a sua influência nos resultados da empresa. Por isso, assumir parte da responsabilidade por algo que não estava totalmente sob o seu controle pode ser, na prática, benéfico.
Nessas situações, tenha uma conversa franca com seus superiores, explique como acredita que o problema surgiu e proponha mudanças para evitar que novos erros aconteçam.
Quando você concentra sua energia em soluções e no que pode ser feito daqui para frente, constrói a reputação de alguém que resolve problemas – e não de quem só arranja desculpas.