Primeiro hotel “carbono positivo” dos EUA tem aparência de floresta
Um novo hotel ainda em construção no centro de Denver, no Colorado, dispensará algo que à primeira vista parece contraintuitivo: o estacionamento. Em vez de dirigir até lá, os hóspedes pegarão um trem do aeroporto para uma estação do outro lado da rua. Isso faz parte do esforço para torná-lo o primeiro hotel “carbono positivo” dos EUA – o que significa capturar mais carbono do que produz.
Ironicamente, o hotel chamado Populus ficará na mesma esquina onde o primeiro posto de gasolina do estado de Colorado operava. “É, de certa forma, uma reparação”, diz Jon Buerge, diretor de desenvolvimento da Urban Villages, empresa com foco em sustentabilidade por trás do projeto. “Estamos construindo o prédio mais verde da cidade e não haverá carros.”
Ao dispensar o estacionamento, o hotel será capaz de evitar mais emissões de carbono, ao mesmo tempo em que incentiva os hóspedes a fazer o mesmo. Nos 14 andares do prédio, os desenvolvedores optaram por usar concreto de baixo carbono (o concreto hoje é um dos maiores emissores de carbono do planeta, mas várias startups estão criando alternativas a ele), além de outros materiais de origem local, reciclados ou mais sustentáveis do que os comumente usados na construção civil. A fachada do edifício é feita com um material extra-isolante, que requer pouca energia tanto para o aquecimento quanto para o resfriamento.
Seu design e arquitetura, criados pela empresa Studio Gang, com sede em Chicago, foram inspirados nos álamos nativos da região, com janelas fundas que imitam o padrão dos troncos das árvores. Sua cobertura projeta sombra nos quartos, mantendo-os frescos. No interior, os parapeitos servem de assento, substituindo alguns móveis nos quartos decorados com estilo minimalista. O telhado possui painéis solares, mas, devido ao pouco espaço, o hotel também comprará energia renovável externa.
Todas as escolhas de design foram feitas a partir de uma visão estratégica de negócios. “Costumamos dizer que, se conseguirmos mostrar às pessoas como economizar dinheiro ao mesmo tempo que contribuem para um mundo melhor, é possível que elas também passem a adotar algumas dessas estratégias”, diz Buerge.
“Nossos projetos são muito rentáveis. Mas nunca tomamos decisões com uma mentalidade de ‘se usarmos tal material poderemos economizar e ter um retorno maior’. Nos certificamos que todas as nossas decisões são boas tanto para o planeta quanto para os negócios”, garante o diretor da Urban Village. Segundo ele, a empresa conta com investidores que se preocupam mais com o longo prazo, algo bastante incomum, já que a maioria dos projetos imobiliários prioriza o retorno rápido.
Essas escolhas ajudam a reduzir a pegada de carbono do edifício, mas não são capazes de eliminá-la por completo. Assim, os desenvolvedores planejam investir no reflorestamento de mais de 20 mil quilômetros quadrados de terra, que compensará cerca de 4.397 toneladas de carbono do projeto. “Vamos plantar árvores suficientes para compensar nossas emissões”, afirma. “Estamos focados em fazê-lo de forma a contribuir com a preservação ecológica.”
A empresa agora quer introduzir essa mesma estratégia de “carbono positivo” em todos os seus projetos futuros. “Se quisermos contribuir de forma significativa, precisamos construir edifícios que sejam responsáveis e que retirem mais carbono do ar do que emitem”, diz Buerge. “Não queremos apenas tornar todos os nossos projetos ‘carbono positivos’, mas também nossa própria empresa. E queremos falar cada vez mais sobre o assunto, já que nosso objetivo final é ajudar a transformar toda a indústria.”