Fim das infecções? Inteligência Artificial cria vírus que pode mudar a medicina

Pesquisa mostra como a inteligência artificial pode mudar a luta contra bactérias resistentes e medicina no geral

vírus desenvolvido por Inteligência Artificial (IA)
A IA está moldando o futuro das terapias contra infecções. Crédito: Imagem gerada com auxílio de Inteligência Artificial via ChatGPT

Gabriel Nassif 2 minutos de leitura

Pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, anunciaram a criação do primeiro vírus desenvolvido por Inteligência Artificial (IA).

O microrganismo foi projetado para atacar cepas de Escherichia coli, bactéria comum no intestino humano associada a doenças como gastroenterite e infecção urinária.

Pela primeira vez, sistemas de IA conseguiram escrever sequências genômicas completas. O estudo, liderado pelos biólogos computacionais Brian Hie e Samuel King, foi divulgado no repositório científico bioRxiv, ainda sem revisão por pares.

O processo utilizou os modelos Evo 1 e Evo 2, treinados com mais de 2 milhões de genomas de bacteriófagos, vírus que infectam bactérias para se reproduzir.

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Resultados do experimento

A pesquisa tomou como base o vírus ΦX174, conhecido por ter um genoma simples. A IA gerou milhares de novas sequências e, nos testes, 16 dos 302 vírus sintetizados mostraram capacidade de infectar e destruir diferentes linhagens da E. coli.

O que impressionou os pesquisadores foi a capacidade dos vírus sintetizados em combater inclusive linhagens da E. coli resistentes a antibióticos, algo que o vírus ΦX174 original não conseguia realizar.

Segundo a pesquisa, os resultados abrem caminho para terapias inovadoras contra infecções bacterianas resistentes, um dos maiores desafios médicos atuais.

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Alerta da comunidade científica

Apesar do avanço científico, especialistas recomendam cautela. Peter Koo, do Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova York, afirmou que o modelo Evo ainda não é capaz de projetar vírus funcionais sem supervisão humana.

Já Kerstin Göpfrich, biofísica da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, destacou que o dilema do uso duplo — quando descobertas científicas podem servir tanto para benefício quanto para ameaça — não é exclusivo da Inteligência Artificial, mas presente na biologia.

Futuro da pesquisa

De acordo com os pesquisadores, o próximo passo será expandir a técnica para desenvolver novas formas de vida projetadas por IA, com foco em soluções seguras para a saúde pública.

A expectativa é que o método usado com o vírus ΦX174 seja aplicado em terapias contra doenças graves e no combate à resistência bacteriana.

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SOBRE O AUTOR

Jornalista, com experiência em produção de matérias e conteúdos multiplataforma. Atuou em veículos independentes e comunitários, além ... saiba mais