Perdeu o emprego após os 50? Descubra como reorganizar suas finanças

Especialistas indicam como lidar com as despesas enquanto não surge uma nova oportunidade, preservar o patrimônio e buscar novas fontes de renda após a demissão na maturidade

Perdeu o emprego após os 50? Descubra como reorganizar suas finanças
miniseries via Getty images

Márcia Rodrigues 4 minutos de leitura

Ser demitido após os 50 anos pode trazer insegurança e a sensação de que o mundo está desabando, não é mesmo? Mas o que fazer e como replanejar suas finanças para não afetar seu bem-estar? Especialistas dizem que é o momento de preservar o patrimônio, cortar gastos, rever escolhas, buscar novas fontes de renda e equilibrar a proteção com oportunidades de crescimento.

Acompanhe as dicas!

LISTAR GASTOS, CORTAR SUPÉRFLUOS E FAZER CONTAS

O primeiro passo para quem está vivendo esta situação é ter clareza do momento atual, segundo Eliane Tanabe, planejadora financeira CFP pela Planejar. “Isso inclui listar os gastos mensais, cortar supérfluos e, se possível, rever despesas fixas”, afirma.

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Para Fábio Murad, economista e CEO da Super-ETF Educação, a demissão pode ser encarada como oportunidade. “Mais do que reduzir despesas, é hora de avaliar como transformar as habilidades acumuladas em fonte de renda, seja empreendendo ou prestando consultoria”, orienta ele.

RESERVA DE EMERGÊNCIA: USAR OU NÃO?

A decisão de usar a reserva de emergência varia conforme o contexto. Para Eliane, o ideal é antes reavaliar o orçamento e somar outras rendas disponíveis, como aluguel ou seguro-desemprego. “A reserva deve ser utilizada apenas em última hipótese, e sempre com cálculo de quanto tempo ela pode cobrir o custo de vida”, explica.

Murad acrescenta que, em alguns casos, recorrer à reserva logo no início pode trazer tranquilidade. Em outros, vale preservá-la e buscar alternativas rápidas, como trabalhos independentes ou aluguel de bens. O mais importante é avaliar também a saúde emocional e o tempo necessário para gerar novas receitas, segundo o especialista.

QUAIS INVESTIMENTOS FAZEM SENTIDO APÓS OS 50?

Há dúvidas quanto às opções mais adequadas para quem já passou dos 50 anos. Apesar de os investimentos conservadores serem comuns nessa fase, eles não devem ser a única opção.

“Pessoas com 50 anos ou mais ainda podem ter horizonte de 15 ou 20 anos pela frente. Por isso, parte do portfólio pode estar em ativos que ofereçam maior valorização, como fundos multimercados, ações sólidas ou fundos de índice”, orienta o CEO da Super-ETF Educação.

A especialista reforça que não há fórmula única. “Os melhores investimentos são aqueles alinhados ao perfil do investidor e ao seu planejamento de vida. Se já houver um volume razoável, diversificar é fundamental para otimizar os resultados”, frisa.

COMO PRESERVAR O PATRIMÔNIO

Para Eliane, preservar patrimônio significa ser mais criterioso na escolha de ativos e buscar ganhos reais acima da inflação, sem abrir mão da diversificação.

Já Murad defende que preservação não é sinônimo de paralisar os recursos. “Investir em educação, tecnologia ou até em um novo negócio pode ser uma forma de proteger, porque amplia as chances de gerar renda futura. O patrimônio se preserva quando se transforma em fluxo contínuo, não apenas quando fica guardado.”

PREVIDÊNCIA PRIVADA: RESGATAR OU MANTER?

Segundo a planejadora financeira, os valores acumulados em previdência devem ser a última alternativa a ser utilizada. “Eles têm condições tributárias e sucessórias especiais, por isso é melhor mantê-los para o longo prazo, quando todos os outros recursos já tiverem sido consumidos.”

O CEO da Super-ETF Educação concorda que, em casos de necessidade, resgatar pode ser válido. “Se não houver outras fontes e o cenário exigir liquidez imediata, acessar esses recursos pode evitar dívidas caras. O que importa é avaliar o custo-benefício.”

FINANÇAS: COMO EQUILIBRAR PRESENTE E FUTURO

De acordo com Murad, é importante aceitar que a aposentadoria pode ser redesenhada. “Se parte do patrimônio for usada agora, é possível compensar prolongando a vida ativa no mercado ou escolhendo investimentos que acelerem o acúmulo de capital.”

O patrimônio precisa estar dividido entre projetos de curto e médio prazo, emergências e a reserva para aposentadoria, acrescenta Eliane. “O equilíbrio vem de decidir quanto dedicar a cada frente sem comprometer a segurança futura.”

ERROS A EVITAR APÓS A DEMISSÃO

Em um momento de mudança como a demissão depois dos 50 anos, o maior erro costuma ser, segundo o CEO da Super-ETF Educação, "ficar obcecado em preservar cada centavo pode impedir que a pessoa aproveite oportunidades de recolocação ou de empreender”. Também não adianta só buscar aplicações seguras. Correr riscos calculados pode ser necessário, acrescenta.

O importante em um momento como esse é fugir dos impulsos. As decisões devem ser muito bem avaliadas antes de colocadas em prática. “Evite decisões precipitadas, grandes gastos e, principalmente, comprometer a reserva de emergência. É um momento de cautela e planejamento.”


SOBRE A AUTORA

Márcia Rodrigues é jornalista especializada em economia e empreendedorismo. Vegetariana e apaixonada pela defesa de causas sociais, am... saiba mais