Use a “regra do golfinho azul” para trocar pensamentos negativos por positivos
O “golfinho azul” é um pensamento substituto, uma espécie de refúgio mental, algo para onde você direcionar a atenção quando um pensamento intrusivo voltar
Já teve uma música que simplesmente não saía da sua cabeça?
Aconteceu comigo outro dia. "Pink Pony Club". Está em todo lugar agora – e eu não consigo escapar. Mesmo não gostando da música, ela é grudenta. E, como provavelmente você já experimentou, quando uma canção dessas fica na cabeça, parece impossível se livrar dela.
Mas existe uma explicação científica para isso: chama-se teoria do processo irônico. Ou, como é mais conhecida, o “problema do urso branco”.
A boa notícia é que há um truque comprovado que pode ajudar a tirar uma música da cabeça. Mais do que isso: pode substituir pensamentos negativos por positivos. Com prática, é possível até mudar completamente o seu modo de pensar.
Eu gosto de chamar esse método de Regra do Golfinho Azul. Mas o que exatamente é essa regra? Por que ela funciona tão bem? E como usá-la para “reprogramar” sua mente? Para entender, é preciso voltar ao problema do urso branco.
O PROBLEMA DO URSO BRANCO
O conceito foi popularizado no fim dos anos 1980 pelo psicólogo de Harvard Daniel Wegner. A ideia central é que tentar suprimir um pensamento pode, na verdade, torná-lo ainda mais presente.
O nome vem de uma citação do escritor russo Fiódor Dostoiévski: “tente impor a si mesmo a tarefa de não pensar em um urso polar e verá que o maldito animal lhe virá à mente a cada minuto.”
Com prática, é possível até mudar completamente o seu modo de pensar.
Ao longo de uma década de estudos, Wegner mostrou parte do motivo disso acontecer: quando tentamos afastar um pensamento com uma parte da mente, outra parte fica “checando” se ele realmente foi embora. Esse ciclo de verificação cria o efeito contrário – o chamado processo irônico.
É por isso que não consigo tirar "Pink Pony Club" da cabeça. E também por que é tão difícil afastar pensamentos ansiosos ou crenças limitantes. Mas há um jeito de vencer seus ursos brancos, e ele passa pela inteligência emocional. Entra em cena o golfinho azul.
INTERROMPENDO PENSAMENTOS NEGATIVOS
Com o tempo, Wegner e outros pesquisadores descobriram um truque para reduzir o efeito de “rebote” dos pensamentos indesejados: em vez de tentar não pensar em algo, é preciso pensar intencionalmente em outra coisa. Em vez do urso branco, imagine um golfinho azul.
O “golfinho azul” é um pensamento substituto, uma espécie de refúgio mental, algo para onde você pode direcionar a atenção sempre que o urso branco voltar. Na psicologia, essa técnica de regulação emocional é chamada de substituição de pensamentos.
No meu caso, se "Pink Pony Club" não para de tocar na minha cabeça, começo a cantar outra música grudenta. Conforme concentro a atenção na nova melodia, a antiga vai perdendo força até desaparecer. O mesmo vale para pensamentos negativos.
Antes de uma apresentação, por exemplo, se você não para de pensar “estou nervoso”, tente repetir “isso vai acabar em 30 minutos, e na próxima semana nem vou lembrar.” Se um lançamento de produto teve resultados abaixo do esperado, lembre-se: “produtos levam tempo para dar certo. Vamos ajustar e tentar de novo.”
Percebe a lógica? Toda vez que pensar em um “golfinho azul”, anote ou registre no celular. Com o tempo, você terá uma coleção de pensamentos substitutos prontos para usar.
USE SEUS GOLFINHOS
Os ursos brancos sempre vão tentar voltar. Mas inteligência emocional significa reconhecer que, embora você não consiga controlar a entrada de um pensamento, pode decidir o que fazer com ele.
Na próxima vez que um urso branco aparecer, consulte sua lista. Escolha um golfinho azul. Leia em voz alta, se quiser. Com a prática, isso se tornará natural e você vai perceber que consegue afastar os ursos brancos e manter a mente afinada com a música que escolheu ouvir.
