Primeira mala com AirTag de fábrica já é realidade e muda o futuro das viagens
A novidade marca o início de uma nova fase na tecnologia de viagem e pode transformar o que esperamos das bagagens inteligentes

Quando a AirTag da Apple foi lançada há quatro anos, um dos usos mais óbvios para ela era para bagagem.
Em minhas longas viagens pela Ásia, sempre respiro aliviado quando olho para o meu celular e descubro que minha mala despachada já foi embarcada na aeronave. E muitas vezes desejo ter uma na minha mala de mão, especialmente quando os compartimentos superiores ficam sem espaço e a comissária de bordo despacha minha bagagem no portão de embarque.
AIRTAGS DE FÁBRICA
A July, uma startup australiana em rápido crescimento, tornou-se a primeira marca de malas a incorporar AirTags diretamente em suas malas. A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Apple e o Google. Isso permite que as etiquetas sejam integradas às redes Find My da Apple e Find Hub do Google.
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O anúncio do novo recurso foi feito pela July no último dia 14. A novidade será eventualmente incorporada à sua linha completa de malas de mão e malas. O cofundador Athan Didaskalou acredita que os rastreadores em breve se tornarão padrão em todas as malas, mas ainda é importante para ele que a July seja a primeira a comercializar essa tecnologia.
"Temos uma equipe de designers industriais à disposição e gostamos de criar coisas", diz Didaskalou. "A única maneira de nos destacarmos hoje é continuando a inovar."
A ONIPRESENTE MALA COM RODAS
Entre em um aeroporto hoje e você verá praticamente todos os viajantes empurrando malas com rodinhas. Didaskalou ressalta que cada elemento da agora onipresente mala com rodinhas foi resultado de um avanço no design. Em 1987, um piloto de avião desenvolveu o conceito de uma mala com rodinhas com alça telescópica — uma grande melhoria em relação à necessidade de carregar a mala como se fosse uma maleta. Na década de 1990, a maioria das marcas de malas adotou esse design.
Nas últimas décadas, houve melhorias incrementais. Após 11 de setembro de 2005, a Administração de Segurança nos Transportes (TSA), dos EUA, impôs uma nova regulamentação determinando que todos os cadeados de bagagem deveriam ter uma fechadura acessível aos agentes. Logo depois, tornou-se padrão que todas as malas tivessem cadeados da TSA.
E, há uma década, as marcas começaram a incorporar carregadores de celular em suas malas para que os viajantes pudessem carregá-los em qualquer lugar. (A TSA agora proíbe carregadores de celular na bagagem despachada, portanto, os acessórios nas malas devem ser removíveis.)
Leia mais: O que pode acontecer com a maçaneta eletrônica de carros elétricos após acidente fatal da Xiaomi: Primeira mala com AirTag de fábrica já é realidade e muda o futuro das viagensUM MERCADO BILIONÁRIO
O mercado global de bagagem é enorme: movimentou US$ 38,8 bilhões em 2023, de acordo com a Grand View Research, e a projeção é de que cresça para US$ 61,49 bilhões até 2030. Considerando que a maioria das malas hoje possui o mesmo conjunto de recursos padrão, as marcas muitas vezes acabam competindo entre si com base na estética.
A Samsonite domina o setor, detendo um quinto do mercado com suas diversas marcas, que incluem American Tourister e Tumi. A companhia gerou US$ 3,68 bilhões em 2023. Mas há muitos outros players.
No segmento de luxo, está a Rimowa, conhecida por fabricar malas duráveis com ranhuras distintas. Na última década, uma onda de startups surgiu com designs mais elegantes e coloridos, a um preço acessível de US$ 200 a US$ 300 para uma bagagem de mão. Startups de venda direta ao consumidor, como Away, Monos, Béis e Floyd, criam malas modernas voltadas para os viajantes das gerações Y e Z.
Mas é um mercado competitivo e concorrido, e algumas marcas têm enfrentado dificuldades. A Paravel, por exemplo, tentou criar uma mala ecológica, mas entrou com pedido de recuperação judicial em maio deste ano e foi adquirida pela marca britânica de malas Antler. Outra marca de malas, a Baboon to the Moon, enfrentava dificuldades para aumentar sua receita e foi adquirida pela empresa de recuperação Hedgehog Co., em 2023.
APRIMORANDO O DESIGN DE UMA MALA
A July foi fundada na Austrália em 2019. Suas malas elegantes e coloridas se tornaram muito populares na Austrália e em toda a região da Ásia-Pacífico, onde marcas norte-americanas como Away e Monos demoraram mais para entrar. Didaskalou quer que a July se destaque dos concorrentes repensando o design de suas malas de uma forma mais fundamental.
Nos últimos anos, a marca vem brincando com a configuração dos utulitários de viagem. Foi uma das primeiras a lançar o formato porta-malas, em que a mala não abre no meio, mas sim em direção à parte superior. "Algumas pessoas querem profundidade ao fazer as malas", diz ele. "Pode ser estranho abrir a mala no meio e tentar equilibrá-la no suporte de malas do hotel."
Quando a Apple e o Google disponibilizaram a API para o AirTag, Didaskalou percebeu que o rastreamento de bagagem seria a próxima fronteira das malas. Muitos consumidores já colocavam AirTags em suas malas, mas não era uma solução perfeita. "Eles talvez precisassem mover o gadget de uma mala para outra ou retirá-lo para usá-lo em outra coisa", explica ele. "Ou talvez se esquecessem de usá-lo completamente. É só mais uma preocupação quando você já tem muita coisa na cabeça."
Os designers da July passaram meses tentando descobrir como incorporar AirTags perfeitamente às malas. Eles acabaram colocando-as na tira de plástico na parte superior, bem ao lado da fechadura TSA. Ao receber a mala, você puxa a aba de plástico que separa a bateria da AirTag para ativá-la.
Em seguida, você pressiona um botão na tira para ativá-la e ver sua bagagem no aplicativo Apple Find My ou Google Find Hub do seu smartphone.
Didaskalou diz que, embora a experiência seja simples para os consumidores, foi complexa de projetar. Era importante tornar a parte inferior da AirTag acessível para trocar a bateria. No entanto, a AirTag está na mesma tira que a fechadura TSA. "Precisávamos ter acesso à AirTag, mas sem expor a fechadura TSA", explica o empreendedor. "Também precisávamos que tudo estivesse bem preso, porque as coisas saltam e se movem quando você viaja."
TENDÊNCIA DE ADESÕES AO USO DE AIRTAGS
July tem a patente de alguns aspectos deste componente AirTag, mas Didaskalou acredita que muitas outras marcas de malas logo perceberão que os consumidores agora esperam poder rastrear suas malas facilmente. Por isso, em breve, começarão a incorporar AirTags ou outros rastreadores diretamente em suas malas. Mas o fundador da July acredita que eles só se tornarão comuns no próximo ano ou algo assim.
E, em última análise, Didaskalou acredita que são os grandes fabricantes de malas que têm maior probabilidade de atualizar seus modelos primeiro. De muitas maneiras, ele busca competir com a Samsonite, uma empresa inovadora com cerca de 20% de participação de mercado. "A Samsonite sempre foi a primeira a criar novos materiais e processos de fabricação", diz Didaskalou. "Estamos orgulhosos porque esta é a primeira vez que os superamos."