Efeito Dunning-Kruger: por que os inseguros às vezes se saem melhor que os confiantes

Pessoas excessivamente confiantes tendem a repetir erros, ignorar críticas e manter crenças equivocadas

Mulher confiante trabalho
O Dunning-Kruger continua a ser um tema central nas discussões sobre autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Créditos:Freepik.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

No ambiente de trabalho, é comum encontrar pessoas extremamente seguras de suas próprias habilidades. Essa autoconfiança, no entanto, nem sempre reflete competência real. Em muitos casos, trata-se do efeito Dunning-Kruger, um fenômeno psicológico que distorce a percepção individual sobre o próprio conhecimento e desempenho.

O que é o efeito Dunning-Kruger?

O efeito ocorre quando indivíduos com pouca experiência superestimam suas capacidades e acreditam dominar um assunto que, na prática, conhecem pouco. A pesquisa original sobre esse tema foi conduzida em 1999 pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, na Universidade Cornell.

No Brasil, estudos do Instituto de Psicologia da USP, conduzidos pelo psicanalista e professor Christian Dunker, aprofundaram a compreensão desse fenômeno, destacando seus impactos sociais e cognitivos.

Como o fenômeno se manifesta?

Os pesquisadores observaram que pessoas com baixo desempenho em testes de humor, gramática e raciocínio lógico frequentemente se colocavam entre os mais competentes, mesmo estando entre os 25% com pior resultado. Por outro lado, indivíduos com alto desempenho tendiam a subestimar suas próprias habilidades.

A discrepância está ligada à metacognição, a capacidade de pensar sobre o próprio pensamento. Quanto mais desenvolvida essa habilidade, maior a precisão na autoavaliação.

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Nos últimos anos, o crescimento de movimentos negacionistas, como o terraplanismo, evidenciou como a confiança desproporcional ao conhecimento pode alimentar a desinformação. Muitas vezes, indivíduos com pouco domínio técnico passam a desafiar especialistas, acreditando possuir entendimento superior.

Segundo Dunker, esse fenômeno apresenta dois efeitos principais: a superestimação dos menos experientes e a subestimação de quem possui conhecimento mais profundo. Essa combinação gera impactos negativos tanto no desempenho individual quanto nas interações sociais.

Um dos aspectos mais prejudiciais do efeito está na dificuldade de reconhecer a própria ignorância. Pessoas excessivamente confiantes tendem a repetir erros, ignorar críticas e manter crenças equivocadas. Em contraste, quem reconhece seus limites costuma buscar aprendizado contínuo e melhora mais rapidamente.

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O efeito se manifesta com mais clareza em atividades práticas, como esportes, em que é possível comparar resultados diretamente. A metacognição exerce papel central nesse processo.

Reconhecer lacunas de conhecimento permite transformar ignorância em motivação para aprender e reduzir a influência do efeito Dunning-Kruger no desempenho e nas relações pessoais.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais