Mais que competência, inteligência emocional torna os líderes mais respeitados

Como desenvolver essa habilidade tão essencial?

labirinto em forma de cérebro
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Michel Koopman e Patty Ferreira 4 minutos de leitura

Recentemente, um de nossos clientes de coaching nos ligou em pânico. Sua equipe estava desmotivada, seus colegas o evitavam e o feedback do RH não era nada animador. Ele não entendia o motivo. “Estou entregando os resultados”, disse. “O que mais eles querem de mim?”

Já ouvimos essa história muitas vezes – e aprendemos algo fundamental: líderes raramente fracassam por falta de competência, mas sim por falta de inteligência emocional. É essa ausência de habilidade para lidar com pessoas que fere egos, bloqueia o progresso e destrói a confiança até não sobrar nada.

Pesquisas confirmam: líderes emocionalmente inteligentes tendem a ter equipes mais comunicativas, produtivas e inovadoras, enquanto ambientes sem esse tipo de liderança costumam apresentar mais conflitos, esgotamento e alta rotatividade.

A boa notícia é que a inteligência emocional é como um músculo, e pode ser desenvolvida com prática e feedback. Veja como:

1. REFLITA SOBRE O IMPACTO QUE VOCÊ CAUSA

Você não pode melhorar o que não percebe. Autoconhecimento não é apenas reconhecer seus pontos fortes, mas também entender o efeito que você causa nos outros.

Quando uma equipe não responde da forma que você espera, talvez o problema esteja no seu jeito de se comunicar. A pergunta é: suas intenções estão realmente alinhadas ao impacto que você gera?

homem de gravata com bomba no lugar da cabeça
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Um executivo que acompanhamos percebeu que sua maneira de “cobrar resultados” soava, na verdade, como microgerenciamento. Quando se deu conta disso, mudou sua abordagem: passou a confiar mais e controlar menos.

A solução é simples, mas nada fácil: peça feedback. Escute sem se defender. Pense não apenas no que você faz, mas em como faz.

Muitos líderes fogem de feedbacks por medo do que vão ouvir. Mas fingir que já sabe como é percebido pelos outros é o caminho mais rápido para perder a confiança da equipe. Quando se trata de liderança, percepção é realidade – e ignorá-la é um erro que pode sair caro.

2. PARE E PENSE ANTES DE REAGIR

Quanto maior o estresse, mais intensas são as reações. É quando o autocontrole – a capacidade de controlar suas emoções antes que elas controlem você – é mais importante do que nunca.

7 hábitos que pessoas com inteligência emocional evitam
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Um único descontrole pode apagar meses de boa vontade. As pessoas não vão lembrar daquela sua apresentação impecável, mas não vão esquecer de como se sentiram ao ver você perder a calma.

Ter inteligência emocional não é esconder emoções, e sim usá-las de forma que gere respeito, e não medo.

3. TROQUE A RESISTÊNCIA PELA ADAPTABILIDADE

Mudar é difícil, mas a capacidade de se adaptar é uma das principais marcas de um líder emocionalmente inteligente.

Uma gestora com quem trabalhamos se descrevia como “assertiva, até demais”. O problema ficou evidente quando sua equipe começou a evitar tomar decisões, com medo da inflexibilidade dela. O que mudou sua postura foi o feedback sincero de que sua rigidez estava bloqueando a inovação.

homem segura uma lupa gigante dentro da qual aparece um olho
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Bons líderes ajustam suas estratégias quando necessário. Isso significa ouvir mais, fazer perguntas melhores e estar aberto a testar novos caminhos para alcançar os mesmos objetivos.

Muitos confundem adaptabilidade com fraqueza, mas é o contrário: rigidez é o que torna um líder frágil. Em um mundo em constante transformação, adaptar-se é uma questão de sobrevivência. E a equipe está atenta: se você resiste a mudanças, eles também vão resistir a você.

4. USE A EMPATIRA PARA CRIAR CONEXÕES REAIS

A empatia é uma habilidade estratégica. Fica atrás apenas da integridade como a qualidade mais valorizada em um líder, segundo um relatório da “Harvard Business Publishing”. Ainda assim, apenas 58% dos funcionários afirmam que seus gestores demonstram empatia, o que revela uma lacuna entre o que as equipes precisam e o que recebem.

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Quando você se conecta de verdade com o que os outros sentem e responde de forma autêntica, cria um ambiente que estimula a motivação, a criatividade e a colaboração.

Muitos líderes temem que demonstrar empatia os faça parecer “fracos”. Mas pense bem: quem você preferiria seguir em tempos de incerteza – o líder que te ignora ou o que te enxerga como um ser humano?

5. CONSTRUIR BOAS RELAÇÕES AUMENTA SUA INFLUÊNCIA

Alguns líderes influenciam com dados. Outros, com histórias. Os melhores combinam os dois. Sabem quando convencer com lógica, quando ouvir com empatia e quando liderar com convicção.

Já vimos líderes se transformarem ao aprender a lidar com conflitos – enfrentando-os com respeito, em vez de evitá-los. Outros descobriram como unir equipes de diferentes áreas valorizando verdadeiramente opiniões diversas, e não apenas as tolerando.

Liderança emocional em tempos de IA

Poucos percebem que relacionamentos são sua principal moeda de troca. Se você os negligencia, perde seu capital político. Se os cultiva, ganha uma influência que vai muito além dos resultados imediatos.

Tudo começa com inteligência emocional: saber ler o ambiente, ajustar sua forma de se comunicar e mostrar às pessoas que elas importam. No mundo de hoje, essa é a diferença entre líderes que apenas sobrevivem e aqueles que realmente transformam organizações.


SOBRE O AUTOR

Michel Koopman é fundador e CEO da CxO Coaching. Patty Ferreira é coach de liderança na CxO Coaching e fundadora da The Awakened BossL... saiba mais