13º na mão? Especialistas dizem que sim: ainda dá tempo de começar a investir em 2025

O fim do ano é uma oportunidade de virada para sair da inércia, segundo planejadores financeiros; saiba como organizar o destino do seu 13º salário ou bônus, priorizar dívidas e criar uma reserva de emergência

13º na mão? Especialistas dizem que sim: ainda dá tempo de começar a investir em 2025
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Márcia Rodrigues 6 minutos de leitura

Com a chegada do fim do ano, muita gente começa a pensar em como usar melhor o 13º salário ou bônus pagos por algumas empresas. A primeira parcela deve ser paga pelas empresas aos funcionário com contrato sob regime CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) até 30 de novembro, ou seja, daqui a um mês. A primeira orientação para o destino do dinheiro, segundo os especialistas, é pagar dívidas. Para quem tiver sobra desse dinheiro extra, a melhor alternativa é investir. Sim, dá tempo de começar a construir a sua carteira de investimentos e criar uma reserva de emergência ainda em 2025.

O momento é ideal para sair da inércia, segundo Rejane Tamoto, planejadora financeira CFP®. “O fim do ano é uma ótima oportunidade para quem não conseguiu começar a investir até agora e tirar a ideia do papel. Muita gente recebe o 13º salário, bônus ou algum tipo de renda extra e pode usar parte desse valor para dar o primeiro passo no ato de investir”, orienta.

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O ideal é fazer um planejamento antes mesmo de receber as bonificações, definindo o que será feito com o dinheiro e separando uma fração para começar uma reserva de emergência, orienta Rejane. E, para quem já tem essa reserva, o momento é ideal para iniciar um investimento de médio ou longo prazo.

COMO COMEÇAR A INVESTIR AINDA EM 2025

O primeiro passo não é escolher o investimento, mas organizar o destino do dinheiro, afirma Rejane. Sua sugestão é listar prioridades e dividir a renda extra entre diferentes finalidades:

  • Montar ou complementar a reserva de emergência;

  • Destinar uma parte para quitar dívidas caras;

  • Reservar um valor para despesas de início de ano (como impostos e matrícula escolar); e

  • Separar uma quantia para consumo planejado, de preferência aproveitando liquidações.


“Essa divisão traz clareza e equilíbrio, garantindo que o investimento venha em primeiro lugar”, explica a planejadora.

E, mesmo que o retorno financeiro pareça pequeno no início, o ganho emocional pode ser significativo, frisa Rejane. “A pessoa sai da inércia, ‘do deixa para depois’, e sente que tomou uma atitude para concretizar algo importante. Ter um objetivo para o investimento, seja uma viagem, um curso, um celular ou qualquer outro desejo. Esse vínculo entre propósito e ação financeira é o que transforma o investimento em um hábito sustentável.”

Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, também ressalta que quem nunca investiu pode começar de forma simples, sem esperar grandes valores iniciais. É possível dar o primeiro passo com R$ 500 ou R$ 1.000 por mês, especialmente em uma carteira de ações de dividendos, que combina potencial de valorização com rentabilidade periódica, sugere.

QUANTO INVESTIR SEM COMPROMETER O FIM DO ANO

Não existe um valor fixo para começar, mas sim o melhor valor possível dentro da realidade de cada pessoa. Rejane recomenda reservar pelo menos 20% da renda extra para iniciar a reserva. “Se não for possível, comece com menos. O importante é começar e usar o dinheiro de fim de ano como ponto de partida, não uma exceção”, orienta.

A meta, segundo Rejane, é acumular o equivalente a de três a seis meses de despesas ao longo do tempo.

Bresciani complementa que, mesmo com aportes pequenos, o crescimento pode ser expressivo no longo prazo. “As ações podem gerar um retorno entre 8% e 15% ao ano, conforme a empresa. Reinvestindo os dividendos, você começa pequeno e, depois de alguns anos, já é possível ter uma boa carteira”, explica.

ONDE INVESTIR: SEGURANÇA E LIQUIDEZ SÃO PRIORIDADE

Para quem está montando uma reserva de emergência, Rejane orienta priorizar baixo risco e liquidez diária. As principais opções são:

  • Tesouro Selic, que acompanha a taxa básica de juros;
  • CDB com liquidez diária, de bancos sólidos e rendimento próximo a 100% do CDI;
  • Fundos DI simples, com baixa taxa de administração e resgate rápido.

“Esses produtos garantem o mais importante: ter o dinheiro disponível quando for necessário”, explica a planejadora.

Quem já tem uma reserva de emergência - aquele dinheiro que pode ser sacado a qualquer momento para situações inesperadas e precisa estar livre dos riscos de oscilação - pode usar o dinheiro extra para buscar oportunidades também no mercado de ações, numa forma de diversificar a carteira.

DEPOIS DA RESERVA DE EMERGÊNCIA, A RENDA VARIÁVEL

O analista do Andbank destaca a relevância que pode ter uma carteira de dividendos, formada por empresas sólidas: bancos, seguradoras, companhias de energia elétrica, saneamento e até algumas de commodities, como a Vale. São, de acordo com Bresciani, opções com baixa volatilidade e bom potencial de retorno

No entanto, trata-se de um tipo de ativo com oscilações de mercado - assim como pode se valorizar, a cotação das ações pode encolher.

Focando em bolsa e ações de dividendos, completa o especialista, é possível ganhar tanto na valorização, quanto no retorno por dividendo. “Ainda dá para surfar uns seis meses no Tesouro (título do governo), mas depois o juro vai cair e a bolsa vai subir ainda mais. Então, existem esses setores para quem é mais conservador."

ARMADILHAS PARA EVITAR NO INÍCIO

Entre os principais erros, Rejane alerta para as promessas de rentabilidade alta e rápida, que geralmente escondem riscos. Também é comum o investidor gastar primeiro e “ver quanto sobra” para investir. “A verdade é que não sobra. Por isso, é melhor investir primeiro e depois gastar o restante conforme o planejado”, diz.

Bresciani acrescenta que, neste momento do ano, é preciso cautela com títulos de crédito de empresas que enfrentam volatilidade no mercado.

COMO MANTER O HÁBITO DE INVESTIR EM 2026

Dar o primeiro passo é importante, mas manter a constância é o que transforma o investimento em um verdadeiro hábito. Para Rejane, automatizar os aportes mensais é uma das estratégias mais eficazes. “Depois de ajustar o orçamento e criar uma sobra mensal, programe investimentos automáticos. E mantenha o propósito vivo: reveja suas metas e atualize seus objetivos ao longo do ano”, recomenda.

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Bresciani reforça o poder dos dividendos para criar disciplina. “Você começa a investir todo mês, recebe os dividendos, reinveste e o resultado vira uma bola de neve. Depois de dois ou três anos, o retorno acumulado já é visível”, diz.

Ou seja, é possível sim começar a investir ainda em 2025. Seja pela segurança do Tesouro Selic e dos CDBs de liquidez diária, seja pelo potencial das ações de dividendos, o essencial é dar o primeiro passo e manter a constância.

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Como resume Rejane, “o ato de investir é muito mais eficaz quando está ligado a um objetivo claro”. Já para Bresciani, “começar pequeno e reinvestir os ganhos é o que transforma o investimento em crescimento real ao longo do tempo”.


SOBRE A AUTORA

Márcia Rodrigues é jornalista especializada em economia e empreendedorismo. Vegetariana e apaixonada pela defesa de causas sociais, am... saiba mais