Transtorno silencioso: saiba como identificar a depressão de alto funcionamento
A depressão de alto funcionamento tem crescido entre adultos que vivem sob forte pressão profissional e social; veja como identificar os sintomas

É possível estar deprimido e, ainda assim, parecer bem. Pessoas com depressão de alto funcionamento mantêm a rotina de trabalho, estudos e vida social ativa, mesmo enfrentando tristeza, esgotamento e falta de prazer nas atividades.
Esse disfarce cotidiano torna o transtorno psicológico mais difícil de identificar e tratar. Segundo o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC), a depressão de alto funcionamento tem crescido entre adultos que vivem sob forte pressão profissional e social.
No entanto, é justamente a capacidade de “seguir funcionando” que mascara o sofrimento emocional e faz com que muitos adiem a busca por ajuda. De acordo com especialistas, a doença afeta principalmente mulheres.
Leia mais: Como ajudar seus funcionários a superar a depressão do domingo à noite
Sintomas nem sempre visíveis
Na depressão de alto funcionamento, o paciente mantém a aparência de produtividade e equilíbrio, mas internamente sente profunda exaustão, tristeza e perda de prazer nas atividades.
Na prática, as pessoas que sofrem deste transtorno costumam agir no automático, mesmo quando o desgaste emocional é intenso.
Entre os sintomas mais comuns estão: irritabilidade, sensação de culpa, pessimismo em relação ao futuro, arrependimento constante e dificuldade de concentração. Também podem ocorrer alterações no sono, no apetite e baixa autoestima.
O impacto nas mulheres
Estudos indicam que a depressão de alto funcionamento é mais prevalente entre mulheres. Fatores hormonais e biológicos podem influenciar o desenvolvimento da doença, porém, o peso maior está nas cobranças sociais.
Mulheres são frequentemente pressionadas a equilibrar carreira, vida doméstica e relacionamentos sem demonstrar fragilidade. Essa necessidade de parecer forte diante dos outros pode levar à repressão emocional e ao isolamento.
O relatório “Esgotada”, do Lab Think Olga (2023), por exemplo, revelou que 45% das mulheres brasileiras convivem com ansiedade, depressão ou outros transtornos psicológicos. O aumento no número de lares chefiados por mulheres enfatiza o cenário de sobrecarga e responsabilidade acumulada.
Como reconhecer os sintomas?
A depressão de alto funcionamento muitas vezes passa despercebida porque a pessoa mantém uma vida aparentemente estável. No entanto, o sofrimento silencioso pode evoluir para quadros mais graves da doença se não houver intervenção.
Especialistas afirmam que procurar ajuda profissional é essencial diante de sinais persistentes de tristeza, desmotivação e fadiga emocional. Entender que mesmo quem “dá conta de tudo” também precisa de cuidado e reconhecer a doença é o primeiro passo para o tratamento.
Esse vídeo pode te interessar:
Diagnóstico e tratamento
Para conseguir o diagnóstico correto, o processo terapêutico deve considerar as causas da autocrítica excessiva e a dificuldade em pedir ajuda, características comuns entre esses pacientes.
Além disso, hábitos como a prática regular de exercícios físicos, alimentação equilibrada e sono adequado contribuem para a recuperação emocional. Buscar apoio social e reduzir o perfeccionismo também são passos importantes para o bem-estar.
O tratamento da depressão de alto funcionamento segue princípios semelhantes ao tratamento da doença tradicional. A intervenção inclui acompanhamento psiquiátrico, uso de medicamentos quando necessário e psicoterapia.
Leia mais: 9 aplicativos de IA que ajudam a cuidar da saúde mental