IA para conversar com os mortos? Brasileiros demonstram interesse crescente

Um levantamento conduzido pela ESPM, investigou a percepção dos brasileiros sobre o uso da tecnologia no processo de luto; confira

Robô mexendo em computador
Ferramentas de IA recriam conversas com falecidos. Créditos:Freepik.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

A Inteligência Artificial tem ampliado seus limites e alcançado até temas antes considerados intocáveis, como a morte. Avanços recentes mostram que a tecnologia já é capaz de criar avatares digitais que reproduzem a voz, a aparência e a personalidade de pessoas falecidas, permitindo interações simbólicas com quem ficou.

Chamados de thanabots, esses sistemas utilizam dados, imagens e registros de voz para simular conversas realistas entre usuários e entes queridos mortos. A prática, ainda experimental, começa a ganhar espaço nas discussões sobre luto, conforto emocional e ética digital.

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Um levantamento conduzido pela ESPM, investigou a percepção dos brasileiros sobre o uso da tecnologia no processo de luto. A pesquisa, liderada pelo Centro de Estudos Aplicados de Marketing (CEAM), ouviu 267 pessoas que perderam alguém nos últimos dois anos.

De acordo com os dados, um em cada quatro brasileiros se imagina utilizando Inteligência Artificial para interagir com um ente falecido. O mesmo percentual afirma que se sentiria confortável com essa experiência.

Além disso, quase 40% dos entrevistados acreditam que os thanabots conseguem promover interações simbólicas e realistas, enquanto 25% reconhecem benefícios emocionais nesse tipo de contato digital.

A pesquisadora Thamiris Magalhães, integrante do estudo, aponta que essas ferramentas podem funcionar como apoio no enfrentamento do luto. Segundo ela, o uso desses recursos reflete o desejo de aliviar a dor emocional e manter vínculos simbólicos com quem partiu.

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Apesar do potencial terapêutico, os pesquisadores alertam para os riscos psicológicos e éticos do uso de thanabots. Magalhães destaca que o contato constante com avatares digitais pode dificultar a aceitação da perda, especialmente em fases mais sensíveis do luto.

Flávio Santino Bizarrias, coordenador do CEAM e um dos responsáveis pela pesquisa, observa que a chamada “tecnologia emocional” está ganhando espaço entre os brasileiros. O estudo mostra que mais da metade dos entrevistados conta com uma rede de apoio que os incentivaria a recorrer a soluções tecnológicas para lidar com o luto.

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Por outro lado, cerca de um terço ainda se sente desconfortável com a ideia de interagir com representações digitais de mortos, evidenciando que a inovação convive com o temor da finitude.

A Inteligência Artificial avança sobre temas humanos delicados, transformando o modo como a sociedade lida com o luto.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais