A importância das relações humanas em tempos de IA

Precisamos escolher se a inteligência artificial será uma ponte para mais humanidade ou mais um atalho para a solidão

ilustração alusiva a relações humanas
Créditos: Mikuláš Galanda/Europeana/ Darkhan Basshybayev/ Unsplash

Renata Rivetti 2 minutos de leitura

Vivemos a era da hiperconectividade, e, paradoxalmente, a epidemia da solidão.

Nos últimos anos, a tecnologia vem transformando a forma com que vivemos e nos relacionamos. Nunca fomos tão conectados, porém nunca fomos tão dependentes e viciados pelo mundo digital. Temos milhares de seguidores e poucos amigos de verdade, cultivando de forma superficial (ou virtual) nossa rede de apoio.

Hoje, 19% dos jovens relatam não ter nenhum suporte social. E um estudo da Gallup News de setembro de 2022, "A Ascensão Global da Infelicidade", revela que as pessoas que estão entre as mais infelizes do mundo têm características em comum, como não ter alguém em quem possam confiar. 

O que será então da nossa sociedade e do nosso futuro, se todas as pesquisas apontam que as relações humanas são o maior preditor de uma vida saudável e mais feliz? Qual o impacto da evolução tecnológica nesta epidemia da solidão? E como podemos preservar e fortalecer a nossa humanidade em tempos em que a tecnologia parece substituir até o afeto?

A verdade é que não adianta negar a evolução tecnológica ou a inteligência artificial entrando em nossas vidas de forma exponencial. Porém, a grande questão é: estamos conduzindo a tecnologia ou sendo conduzidos por ela

Um estudo da BetterUp Labs classifica os usuários de IA como “pilotos” e “passageiros”. “Pilotos” são aqueles que usam a IA de forma ativa e criativa para aumentar impacto, produtividade e aprendizado. Esse grupo tem pensamento crítico e analítico e entende o papel da IA como um grande parceiro estratégico.

Já os passageiros” têm medo da tecnologia, sentem que a IA “tira seu poder” e preferem seguir os outros, delegando à máquina o papel de pensar, sentir ou decidir. 

pessoa no alto da escada chega a um espaço representando o cérebro humano
Crédito: Jorm Sangsorn/ Getty Images

No final, não é a tecnologia que ameaça o nosso futuro, mas o modo como nos relacionamos com ela. Quando usamos o Chat GPT para expandir a reflexão, automatizarmos o repetitivo, agregarmos ao nosso pensamento crítico, somos pilotos. Quando a usamos para substituir vínculos, nos tornamos passageiros. 

Saber que a IA tem sido mais usada para terapias e relações afetivas do que para aumento de eficiência e produtividade nos traz um grande alerta: entregar nossa saúde mental, que já está comprometida, para a IA tem grandes chances de aumentar o adoecimento.

No mínimo, falta humanidade. Mas, mais do que isso, há riscos de vieses, estigmas e falta de controle de sua orientação.

O momento é crucial para que possamos evoluir como sociedade, usando a IA da forma correta: precisamos escolher se ela será uma ponte para mais humanidade ou mais um atalho para a solidão.


SOBRE A AUTORA

Renata Rivetti é fundadora da Reconnect Happiness At Work, empresa especializada em Felicidade Corporativa e Liderança Positiva, que t... saiba mais