5 perguntas para Camila Farani, da G2 Capital

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 4 minutos de leitura

Aos 26 anos, Camila Farani tinha um estável cargo de diretora executiva da área de alimentação do Mundo Verde quando decidiu que queria mesmo empreender, algo que já fazia parte de sua vida desde os 21 anos. Não foi uma decisão simples, nem fácil. Mas empreender nunca é. De lá para cá, ela acumulou 45 startups em seu portfólio, investiu mais de R$ 35 milhões entre aportes individuais e com coinvestidores nos últimos 10 anos e hoje atua em negócios que movimentam mais de R$ 3,7 bilhões por ano e empregam mais de 15 mil pessoas. Camila é presidente da G2 Capital e fundadora do Grupo Farani, que congrega EduTech, InvestTech, Brand Image e Ela Vence, plataforma de empoderamento de empreendedorismo feminino que já impactou mais de 500 mil mulheres. Nesta conversa com a Fast Company Brasil, ela fala sobre processos, resiliência e coragem, e também sobre inquietação e a tão necessária desconexão.

O que é inovação para você?

É criar algo diferente, ou construir uma melhoria em cima de um produto, de um serviço, um novo modelo de gestão ou de geração de receita, e que seja capaz de gerar valor real. Uma estratégia que deve estar no centro de qualquer empresa que busque um diferencial competitivo na nova economia, aumentando a competitividade, permitindo que acesse novos mercados, incremente receitas e reforce o valor de suas marcas. É importante destacar que o conceito de inovação está diretamente relacionado a processos, produtos e pessoas. As empresas que souberem como inovar nos processos e medir a eficiência terão encontrado o seu maior diferencial. Isso não tem a ver, necessariamente, com tecnologia. Em uma viagem ao Japão, ficou bastante claro para mim que os japoneses trabalham as partes da engrenagem para tornar o todo inovador. Essa perspectiva é verdadeira tanto em startups quanto em uma loja física de varejo, por exemplo.

Qual qualidade considera  essencial para um bom líder, hoje?

Um bom líder deve ser resiliente, empático e muito objetivo ao delegar. É muito mais importante deixar evidente para o time o porquê, o propósito daquilo que precisa ser executado, do que como chegar lá, pois os caminhos vão sendo encontrados naturalmente pelas equipes com o apoio da liderança. Os times precisam estar engajados no propósito da organização. Só assim será possível alcançar os objetivos propostos,  especialmente se pensarmos que vivemos um cenário de volatilidade, de incertezas. Também são importantes características da liderança a propensão a assumir riscos, a criatividade, a justiça e a coragem. 

O que significa, na sua opinião, o conceito de sustentabilidade?

As empresas que souberem como inovar nos processos e medir a eficiência terão encontrado o seu maior diferencial.

Olhar para o tema de ESG (environmental, social and governance) é absolutamente fundamental para as organizações nos dias atuais. Investidores, acionistas, gestores de fundos, executivos, todos precisam se conectar com essa nova forma de encarar temas que são estratégicos para a evolução dos negócios e da sociedade. O novo consumidor está interessado em empresas com esse posicionamento, não há como voltar atrás. Precisamos ampliar a diversidade em todos os níveis, adotar práticas sustentáveis, aumentar a governança. São temas que irão, cada vez mais, afetar a reputação e a imagem do negócio junto aos seus públicos.

O que é qualidade de vida?

Autoconhecimento é fundamental para termos qualidade de vida. O mundo é muito exigente e precisamos estar atentos aos limites do nosso corpo e mente. Gosto muito do conceito de work life integration, que é entender que tudo está conectado e que, mais do que procurar equilibrar vida e trabalho, temos que conseguir fazer uma integração harmoniosa de tudo que compõe a nossa vida, de forma a sermos produtivos, eficientes, mas entendendo os momento de desconexão. Meu refúgio é a minha família, meus amigos, meus pets, meus livros. Sempre entendi que, se não posso dar meu melhor, é hora de dar dois passos para trás para poder dar outros 10 para frente. Entender isso e agir de forma gentil consigo mesmo leva à qualidade de vida.

Qual o melhor conselho que já recebeu na vida?

Mais que um conselho, tem uma pergunta que me norteia: “você gosta do lugar em que está hoje?”. Essa inquietude tem guiado todos os passos que dou. Aos 26 anos, tinha um cargo excelente no Mundo Verde, ótimo salário, confiança, respeito. Ainda assim, minha inquietação me levou a desistir de cargo e salário para fazer uma mudança na vida e abraçar definitivamente o empreendedorismo, algo que já fazia parte da minha vida desde cedo, já que iniciei aos 21 anos. Não foi uma decisão fácil, é claro. Mas precisei romper para entrar em movimento. Um tempo depois, quando conheci o conceito de investimento anjo, logo me conectei com essa visão de contribuir para alavancar os negócios nos quais acreditava. O resultado está aí: são mais de 45 startups no meu portfólio. Já investi mais de R$ 35 milhões, entre aportes individuais e com coinvestidores, nos últimos 10 anos.


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais