Agência de pesquisa dos EUA redesenha o mapa da computação quântica

Avaliação da DARPA impulsiona novos players, pressiona os pioneiros do setor e pode definir quem conseguirá fazer computadores quânticos em escala até 2033

computação quântica
Créditos: Bartlomiej Wroblewski/ royyimzy/ Getty Images

Adam Bluestein 3 minutos de leitura

Executivos, investidores e céticos da computação quântica aguardavam um anúncio da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (DARPA, na sigla em inglês) com enormes implicações para o futuro do setor: a lista das empresas que sobreviveram à Fase A da Quantum Benchmarking Initiative (QBI) e avançaram para a Fase B.

A QBI foi lançada em julho de 2024 para “verificar e validar rigorosamente se qualquer abordagem de computação quântica pode atingir operação em escala utilitária” até 2033, segundo a DARPA. Em resumo, a iniciativa busca determinar se uma tecnologia de computação quântica vale o esforço, ou seja, se os benefícios superam os recursos necessários para desenvolvê-la.

Para uma tecnologia que promete feitos transformadores, mas ainda distante da maturidade – e que tem atraído bilhões em investimentos nos últimos meses – a validação da QBI é crucial.

As primeiras avaliações da QBI reorganizaram o cenário competitivo, fortalecendo players já bem estabelecidos, incentivando outros menos conhecidos e fomentando abordagens alternativas. Também representaram um duro golpe para alguns pioneiros da indústria.

“A QBI não é uma competição para reduzir o campo a alguns ‘vencedores’. A proposta é avaliar a abordagem de cada empresa por seus próprios méritos”, afirmou a DARPA em comunicado.

Durante a Fase A, as empresas tiveram seis meses para apresentar conceitos técnicos detalhados demonstrando a viabilidade de criar sistemas quânticos em escala utilitária. Esses participantes representam uma variedade de tecnologias para construir qubits — os blocos fundamentais da computação quântica.

DIFERENTES ABORDAGENS NA COMPUTAÇÃO QUÂNTICA

As 11 empresas selecionadas para a Fase B estão seguindo caminhos tecnológicos distintos. Atom Computing e QuEra Computing usam qubits de “átomos neutros”. IonQ e Quantinuum trabalham com íons aprisionados. Outras apostam em qubits de silício. A IBM mantém sua estratégia de qubits supercondutores e a Xanadu aposta em qubits fotônicos.

Agora, na Fase B, as empresas deverão apresentar um plano abrangente de pesquisa e desenvolvimento capaz de concretizar seus sistemas quânticos, incluindo avaliação de riscos e estratégias de mitigação.

computação quântica/ diferença entre bit e qubit

Na Fase C, as empresas vão trabalhar com o governo norte-americano para verificar e validar que o sistema projetado pode ser construído e operar conforme planejado.

A DARPA prevê que mais equipes avancem pelas fases A, B e C. Além disso, as empresas entraram no processo em momentos distintos – o Google Quantum AI, por exemplo, ingressou mais tarde –, o que deve resultar em avanços também escalonados.

Microsoft e PsiQuantum já estão na Fase C por meio de outra iniciativa da DARPA, chamada Underexplored Systems for Utility-Scale Quantum Computing (US2QC).

REAVALIAÇÕES INTERNAS E NOVOS INVESTIMENTOS

“Ainda que você faça meses de diligências, nada supera a equipe de cientistas e pesquisadores dos laboratórios do Departamento de Defesa, dos laboratórios nacionais e do ecossistema universitário que a DARPA reuniu para essa avaliação”, afirma Prineha Narang, professora da Universidade da Califórnia em Los Angeles sócia da gestora de investimentos em tecnologia DCVC.

A QBI não é uma competição. A proposta é avaliar a abordagem de cada empresa por seus próprios méritos.

Entre as empresas que ficaram de fora estão Alice & Bob (que usa inovadores “cat qubits”), Atlantic Quantum, Hewlett Packard Enterprise, Oxford Ionics e a Rigetti Computing, fundada em 2013 e considerada a primeira companhia full stack e universal da computação quântica.

Por outro lado, Narang observa que algumas empresas aprovadas para a Fase B já têm contratos preliminares prevendo o resultado da QBI como condição para receber nova rodada de investimentos. “Vários acordos estão em negociação”, ela diz. “Estão acontecendo – e mais rápido que o ritmo usual.”


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Adam Bluestein escreve sobre pessoas e empresas na vanguarda da inovação em negócios e tecnologia, ciências da vida e medicina, alimen... saiba mais