Jay-Z e Serena Williams investem em startup que transforma produtos devolvidos em lucro sustentável

A Rebel Recommerce dá nova vida a itens devolvidos no e-commerce e mostra como o lixo de uns pode se transformar no negócio bilionário de outros

Jay-Z e Serena Williams investem em startup que transforma produtos devolvidos em lucro sustentável
mihalis_a e Ihor Lukianenko via Getty Images

Yasmin Gagne 4 minutos de leitura

Os Estados Unidos enfrentam uma crise de excesso de estoque e devoluções. De acordo com a Federação Nacional de Varejo (NRF), 3.810.178 de toneladas de produtos são devolvidos anualmente a vendedores online. A solução típica dos varejistas é enviar os cerca de 17% de seu estoque, composto por devoluções, para aterros sanitários, independentemente da condição dos produtos.

É um problema que os vendedores têm poucos incentivos para resolver. Como o descarte de produtos pode ser contabilizado como custo operacional nas demonstrações de resultados, as empresas não investem em uma complexa cadeia de suprimentos reversa nem inspecionam os itens para avaliar seu potencial de revenda.

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Mas o site de recomércio Rebel acaba de levantar US$ 25 milhões em uma rodada de financiamento Série B para impulsionar seu trabalho na construção de uma rede de revenda para varejistas — e o software que a viabiliza. A rodada de financiamento foi liderada pela MarcyPen Capital Partners, de Jay-Z, que, juntamente com a Serena Ventures, de Serena Williams, participou da rodada Série A de US$ 18 milhões da Rebel em 2024.

A veterana do varejo de descontos, Emily Hosie — cujo currículo inclui passagens pela Saks Off Fifth e TJ Maxx — afirma que lançou a empresa, com sede em Toronto e Nova York, para resolver dois problemas, vendendo produtos descartados com descontos de 40% a 70%.

"A maioria das devoluções acaba em aterros sanitários e nenhum varejista ou marca quer falar sobre isso porque não é algo de que se orgulhar", diz a empresária.

COMO FUNCIONA A REBEL?

No armazém de 27.871 metros quadrados da Rebel em Kannapolis, no estado americano da Carolina do Norte, a empresa processa mais de 70.000 produtos diferentes por semana — um estoque tão grande que seu site adiciona novas ofertas a cada 15 minutos.

Para processar esse volume de devoluções, Emily construiu uma nova infraestrutura de tecnologia e logística. Utilizando Inteligência Artificial, a Rebel consegue detectar, registrar e etiquetar a condição de cada devolução, além de determinar a maneira mais eficiente de recebê-la dos varejistas e enviá-la aos consumidores.

“Cada devolução é única”, afirma Hosie, observando que todos os produtos exigem inspeção para determinar sua condição. “Para uma empresa de e-commerce, processar uma devolução em vez de processar o estoque em geral é como pedir a um cirurgião cardíaco para realizar uma cirurgia no cérebro. É uma infraestrutura totalmente diferente, e para muitas empresas isso representa apenas um desvio de foco.”

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A Rebel, que possui certificação B Corp (selo concedido pelo B Lab a empresas que atendem a rigorosos padrões de desempenho social e ambiental, transparência e responsabilidade), pretende expandir sua presença física na Costa Oeste em 2026.

A empresa desenvolveu um algoritmo de precificação inteligente baseado em IA que ajusta automaticamente os preços dos itens com base na demanda, condição e estoque mais de 10 vezes ao dia. Além disso, a ferramenta da Rebel voltada para o consumidor permite que os compradores verifiquem o valor de revenda de um item em tempo real ao decidirem se devem comprá-lo.

O negócio da Rebel, que começou processando itens da categoria bebê com a Newell Brands, Evenflo, Dorel e outras empresas, cresceu 2.640% em apenas três anos. O site agora também vende produtos de viagem e artigos para o lar (incluindo colchões) e está se expandindo para equipamentos esportivos/para atividades ao ar livre e, futuramente, eletrônicos de consumo.

CONQUISTANDO A ATENÇÃO DO VAREJO


Por mais complexa que seja a logística da Rebel, para Emily, o maior obstáculo foi convencer os varejistas a adotarem o produto — em parte porque, em reuniões com líderes do varejo, eles resistiam à proposta do serviço da Rebel.

“Conseguíamos reuniões com os executivos mais importantes das equipes de liderança de marcas globais icônicas e grandes varejistas”, diz Hosie. “Eles olhavam para nós e diziam: ‘Parabéns pelo que vocês construíram, mas não temos um problema com devoluções’”.

A empresa teve um grande avanço logo no início, quando uma grande varejista em processo de falência decidiu usar a Rebel para vender seu estoque. “Isso nos deu a justificativa comercial para voltar a negociar com outros varejistas”, afirma Emily.

Ao contrário de outros varejistas que enfrentam dificuldades com suas cadeias de suprimentos devido às tarifas, a Rebel está imune a isso porque os produtos com os quais trabalha já são vendidos nos Estados Unidos. A Rebel também atrai consumidores sensíveis a preços, especialmente às vésperas das festas de fim de ano, em um momento de demissões e incertezas econômicas.

“Somos a única empresa com a tecnologia necessária para processar essas devoluções em grande escala”, afirma Emily. “Por que não ser o destino ideal para quem adora encontrar boas ofertas e comprar produtos devolvidos, com embalagem aberta e nunca usados?”


SOBRE A AUTORA

Yasmin Gagne é escritora e redatora da Fast Company. saiba mais