4 atitudes simples para melhorar a memória, baseadas na neurociência
Estas estratégias simples para melhorar a memória de curto prazo e o poder de recordação quase não exigem esforço e consomem pouquíssimo tempo

Algumas das minhas melhores ideias surgem enquanto estou me exercitando. Pelo menos acho que são boas ideias; quando finalmente tenho a chance de anotá-las, muitas vezes já as esqueci.
Pode-se argumentar que algo que não consegui lembrar por uma hora talvez não fosse tão genial, mas ainda assim: todo mundo já quis lembrar de algo importante e simplesmente não conseguiu.
Então, o que fazer quando você realmente precisa se lembrar de alguma coisa? A maioria das técnicas clássicas de memorização – como técnicas mnemônicas, blocos de informação (chunking) ou os chamados palácios da memória – exige um certo esforço.
Mas estas estratégias simples para melhorar a memória de curto prazo e o poder de recordação quase não exigem esforço e consomem pouquíssimo tempo.
1. Fale em voz alta
Todo mundo já viu alguém repetindo em voz alta algo que está tentando aprender. Ou apenas articulando silenciosamente as palavras. Pode parecer estranho: pessoas inteligentes simplesmente guardariam o conhecimento. Não precisariam falar sozinhas.

Na verdade, pessoas inteligentes falam consigo mesmas. Um estudo publicado na revista "Learning, Memory, and Cognition" concluiu que dizer palavras em voz alta (ou só mexer os lábios) as torna mais distintas, separando-as de todos os outros pensamentos que passam pela mente.
Em resumo, dizer algo em voz alta torna aquilo diferente. E, por isso, mais memorável. Portanto, vá em frente. Quando precisar lembrar de algo, diga em voz alta. Ou articule para si mesmo. Seu córtex cerebral agradece.
2. Preveja se você vai mesmo se lembrar
Pode parecer estranho, mas um estudo publicado no "Canadian Journal of Experimental Psychology" mostra que apenas perguntar a si mesmo se vai lembrar de algo aumenta bastante as chances de que isso aconteça – em alguns casos, em até 50%.

Isso é especialmente verdadeiro para lembrar de tarefas que você precisa realizar. Psicólogos chamam isso de memória prospectiva: lembrar de executar uma ação planejada – como elogiar um funcionário, enviar um e-mail ou fazer uma mudança na agenda.
O motivo de isso funcionar ainda não está totalmente claro. Talvez prever seja uma forma de autoavaliação; pesquisas mostram que testar a si mesmo acelera o aprendizado. O que está claro é que esse ato ajuda o hipocampo a formar e organizar melhor essas memórias episódicas para acesso futuro.
Portanto, se você precisa se lembrar de fazer algo, reserve um segundo e avalie se vai lembrar. A ciência diz que esse simples gesto já aumenta as chances de não esquecer.
3. Repita por 40 segundos
A consolidação da memória é o processo que transforma lembranças temporárias em memórias mais estáveis e duradouras. Ainda que esse processo possa ser acelerado, armazenar memórias de forma definitiva leva tempo.

Uma forma de aumentar as chances de sucesso é repetir mentalmente o que você deseja lembrar durante 40 segundos. Um estudo publicado no "Journal of Neuroscience" descobriu que um breve período de ensaio – revisitar mentalmente um evento, repassar o que alguém disse em uma reunião ou planejar uma sequência de passos – torna muito mais provável que você se lembre daquilo.
Segundo os pesquisadores, "esse curto período de ensaio tem um enorme efeito sobre nossa capacidade de lembrar eventos complexos e realistas ao longo de uma a duas semanas. Também relacionamos esse efeito de ensaio ao processamento em uma área específica do cérebro: o cíngulo posterior.”
Tempo suficiente para permitir que você realmente faça algo útil com aquilo que deseja lembrar.
4. Feche os olhos por dois minutos
Um estudo publicado na "Nature Reviews Psychology" descobriu que “... até dois minutos de descanso com os olhos fechados podem melhorar a memória, talvez no mesmo nível de uma noite inteira de sono”.

Psicólogos chamam isso de “descanso desperto off-line”. No sentido mais puro, é simplesmente fechar os olhos e desligar a mente por alguns minutos. Mas também pode ser divagar, deixar a mente vagar, meditar – basicamente, tirar o cérebro do modo ativo por um ou dois minutos.
Embora desconectar pareça improdutivo, quando o assunto é memorização, funciona: sem esses intervalos de desligamento, a consolidação da memória acontece de forma muito menos eficiente.
Portanto, permita-se desligar por alguns minutos. Como destacam os pesquisadores, “momentos de descanso não ocupado devem ser reconhecidos como contribuintes essenciais para as funções cognitivas humanas, e não como perda de tempo”.
Difícil achar argumento melhor.