O que pensa Tim Sweeney, CEO da Epic Games, sobre metaverso e criptomoeda

Crédito: Tim Sweeney/ Apple Insider/ Andriy Onufriyenko/  Aleksandra Konoplia/ GettyImages

Mark Sullivan 4 minutos de leitura

De todas as formas rudimentares do metaverso por aí, poucas, se houver, são tão plenamente realizadas e bem usadas quanto o Fortnite, da Epic Games. Ele evoluiu de jogo para metaverso de forma orgânica: as pessoas começaram a permanecer naquele mundo 3D, depois que terminavam de jogar, apenas para sair com os amigos. Com esse gancho, a Epic começou a organizar eventos planejados especificamente para seus fortniters, como shows e prévias de filmes.

No início de abril, a empresa lançou a versão mais recente de seu mecanismo de jogos, o Unreal Engine 5, que inclui novas ferramentas para criar objetos 3D altamente detalhados, com efeitos de iluminação automatizados. Há uma ênfase na criação de ambientes fotorrealistas em larga escala, com som realista e humanos digitais. O Unreal Engine está, acredito eu, se preparando para construir experiências de metaverso.

Fui à sede da Epic em Cary, Carolina do Norte, para falar com o CEO da empresa, Tim Sweeney, sobre essas novas ferramentas e o metaverso do futuro.

Estamos chegando a um estágio em que a tecnologia gráfica pode construir mundos tão realistas que podem sair dos jogos e ser usados ​​como simulações de coisas que faríamos pessoalmente?

A convergência está acontecendo porque você pode usar o mesmo tipo de gráficos em um set de filmagem e em um videogame.

É exatamente isso que está acontecendo e tornando possível esse fenômeno que era falado lá na década de 1990 – a convergência. Lembra-se disso? Algo como CD-ROMs para multimídia. A ideia lançada na época era que você teria os mesmos tipos de recursos de mídia em filmes e jogos, e que eles se uniriam em uma única indústria que tivesse o melhor dos dois mundos. Demorou 25 anos, mas estamos lá agora. A convergência está acontecendo porque você pode usar o mesmo tipo de gráficos em um set de filmagem e em um videogame. Em visualização arquitetônica e design automotivo, você pode construir todos esses objetos 3D – um gêmeo virtual para cada objeto no mundo, ou cada objeto em sua empresa ou em seu filme. E então pode usar todos esses mesmos ativos em muitas formas diferentes de mídia.

Este é você falando com a CNBC em 2020: “Queremos possibilitar que qualquer desenvolvedor traga seu conteúdo para o Fortnite e que qualquer marca tenha sua presença conhecida no Fortnite. . . e fazê-lo crescer em um ecossistema em auto-evolução contínua.” Isso foi há dois anos, bem antes da atual fixação da indústria pelo metaverso. Parece que você está falando de um tipo de metaverso aberto, onde desenvolvedores e criadores têm mais controle.

Fortnite Creative é um conjunto de ferramentas que qualquer pessoa pode usar para construir sua própria ilha Fortnite. Cerca de metade do tempo dos usuários dentro do jogo hoje está em conteúdo criado por outros; a outra metade está em conteúdo criado pela Epic. Isso é só o começo. Ainda este ano, lançaremos o Unreal Editor para Fortnite – os recursos completos que você viu [no Unreal Engine] abertos para que qualquer pessoa possa criar conteúdo e código de jogo de alta qualidade e implantá-lo no Fortnite sem ter que fazer um acordo com a gente. Está aberto a todos.

Agora as pessoas também estão olhando para Fortnite e Roblox como formas de alcançar usuários.

Nosso objetivo é torná-lo uma saída de primeira classe para alcançar os consumidores, assim como se pode olhar para as lojas e consoles de aplicativos móveis e o Steam como formas de alcançar os usuários. Agora as pessoas também estão olhando para Fortnite e Roblox como formas de alcançar usuários. Junto com isso, estamos construindo uma economia, e ela apoiará os criadores construindo negócios em torno de seu trabalho e lucrando cada vez mais com o comércio que surge das pessoas que jogam seu conteúdo.

A web que temos hoje é dominada por algumas grandes plataformas e lojas de aplicativos que cobram aluguéis altos para alcançar os usuários. Plataformas e investidores gastaram muito para construir a tecnologia e ficaram ricos. Haverá incentivos financeiros para construir uma rede mais descentralizada?

Bem, ao mesmo tempo, eles estão queimando o mundo, e governos e tribunais estão perseguindo-os em todo lugar para impedir suas más práticas. Falando amplamente sobre todos os gatekeepers ou mídias sociais, existem os monopólios da App Store, mas a boa notícia é que todas as empresas [desenvolvedores de aplicativos, marcas] que participam desses ecossistemas o entendem. Eles agora viram o truque. Foram enganados 10 ou 15 anos atrás. Foram atraídos para isso, e agora grande parte de seus negócios estão presos dentro desses jardins murados.

Esta entrevista foi editada para melhor clareza e duração.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais