Por que a Black Friday virou palco de protestos nos EUA e milhões planejam um apagão de consumo

Campanha pede que consumidores cruzem os braços no maior dia de compras do ano para pressionar varejistas e denunciar desigualdade e abuso econômico

Por que a Black Friday virou palco de protestos nos EUA e milhões planejam um apagão de consumo
Adam Gray/AFP via Getty Images, Megafx/Adobe Stock

Jennifer Mattson 4 minutos de leitura

Na cultura consumista dominante, com o preço dos produtos disparando, uma das coisas mais radicais que você pode fazer é não comprar nada na Black Friday. Essa é a mensagem do "Mass Blackout". Trata-se de uma coalizão de grupos populares americanos que protestam contra as políticas do governo Trump e incentivam as pessoas a não participarem das promoções estendidas da Black Friday deste ano.

QUANDO ACONTECE O APAGÃO?

O "apagão" começará na quarta-feira (26) antes do Dia de Ação de Graças (quinta-feira, 27) e terminará no dia seguinte à Cyber ​​Monday (terça-feira, 2 de dezembro).

QUE TAL FAZER PARTE DA COMUNIDADE DA FASTCO MONEY? Assine a nossa NEWSLETTER semanal. Inscreva-se aqui

Este não é o único protesto de fim de ano. Há também um segundo boicote em andamento contra a Amazon, Target e Home Depot. Chama-se "We Ain't Buying It" (Não vamos comprar) e está acontecendo na mesma época.

Aliás, este tem sido um ano marcante para boicotes, e alguns deles vêm sendo bastante eficazes. Por exemplo, a Target acaba de divulgar mais um trimestre fraco e queda nas vendas. O desempenho, em parte, aconteceu devido à reação negativa e ao boicote de clientes após a flexibilização de suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI).

E não é só nos EUA. Muitos canadenses começaram a evitar produtos americanos e estão comprando apenas produtos locais. Isso porque o movimento "Compre Canadense" atraiu um número recorde de participantes como reação às altas tarifas impostas pelo presidente Trump aos produtos do país.

Aqui está o que você precisa saber sobre os boicotes iminentes "Mass Blackout" e "We Ain't Buying It".

A PROPOSTA DO "MASS BLACKOUT"


O Mass Blackout, uma ação econômica nacional organizada por uma coalizão de organizações de base, está convocando os americanos a:

- Parar de fazer compras online ou em lojas físicas (exceto em pequenos comércios)

- Parar de usar serviços de streaming, cancelar assinaturas e não fazer compras digitais

- Parar de trabalhar (se possível)

- Se precisar gastar: apoie pequenos comércios locais e pague em dinheiro

“Sem gastos. Sem trabalho. Sem rendição. O sistema não está quebrado. Ele está funcionando exatamente como foi projetado — para os ricos”, diz o site do movimento. “Não estamos mirando em pequenos comércios ou comunidades — estamos mirando nos sistemas corporativos que lucram com a injustiça, alimentam o autoritarismo e esmagam o poder dos trabalhadores.”

O boicote também inclui evitar viagens não essenciais, restaurantes e comportamentos normais de consumo; ficar longe de plataformas com anúncios, a menos que esteja participando de alguma organização; interromper os gastos; desconectar-se de plataformas de entretenimento; e doar para o Feeding America para apoiar aqueles que se recusam a trabalhar.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?


A campanha “We Ain’t Buying It” é formada por uma coalizão de grupos progressistas, incluindo a No Kings Alliance e a Indivisible, que estiveram por trás de outros protestos anti-Trump no início deste ano. Ela tem como alvo três empresas: Target, Home Depot e Amazon.

A organização está pedindo aos americanos que “retenham seu poder de compra do Dia de Ação de Graças até a Cyber ​​Monday” (de 27 de novembro a 1º de dezembro) em protesto contra três varejistas que, segundo alegam, estão cooperando diretamente com o governo Trump das seguintes maneiras:

  • Target, por sua flexibilização das políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI);
  • Home Depot, por trabalhar com o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), que tem prendido, detido e deportado imigrantes;
  • Amazon, por supostamente financiar o governo Trump para garantir cortes de impostos corporativos.

“Quando as corporações se aliam à crueldade e ao autoritarismo, elas precisam entender que nosso poder de compra importa”, disse LaTosha Brown, cofundadora do Black Voters Matter e integrante da coalizão “We Ain’t Buying It”, em um comunicado.

“A não cooperação econômica é uma ferramenta poderosa e não violenta para um povo livre, e planejamos usá-la para tornar a América melhor para todos nós — não apenas para os poucos ricos.”

O MOTIVO DOS BOICOTES DA BLACK FRIDAY


Os boicotes ocorrem em um momento em que a desigualdade entre os americanos mais ricos e mais pobres está aumentando em uma economia cada vez mais dividida.

Leia mais: Por que a economia dos EUA vai bem, mas os americanos dizem que não é bem assim: Por que a Black Friday virou palco de protestos nos EUA e milhões planejam um apagão de consumo

Eles têm como alvo bilionários e empresas que apoiam o governo Trump, que, segundo eles, está corroendo os direitos civis, as proteções trabalhistas e as iniciativas de diversidade, equidade e inclusão, além de enfraquecer as instituições democráticas dos Estados Unidos. Nesse sentido, são boicotes tanto políticos quanto econômicos.


SOBRE A AUTORA

Jennifer Mattson é colaboradora da Fast Company e escreve sobre trabalho, negócios, tecnologia e finanças. saiba mais