Trabalhadores remotos sofrem menos da “síndrome do domingo à noite”

Mais de 80% dos profissionais em tempo integral dizem sentir um pico de ansiedade antes da segunda-feira

gato preto em primeiro plano com relógios ao fundo
Créditos: Anton Vierietin/ Getty Images/ Sanni Sahil/ Feng Shan/ Unsplash

Eve Upton-Clark 2 minutos de leitura

Quase como um ritual, basta chegar 17h de domingo para as mensagens não lidas, os e-mails acumulados e os lembretes de reuniões começarem a nos assombrar. Os ombros enrijecem, o estômago embrulha. É a famosa “ansiedade de domingo”.

Esse sentimento é um tipo de ansiedade antecipatória que surge quando o final do fim de semana se aproxima e as responsabilidades da semana começam a pesar. Se isso soa familiar, saiba que você não está sozinho. Uma nova pesquisa mostra que a grande maioria dos trabalhadores sente essa ansiedade – embora alguns grupos sejam mais afetados do que outros.

A Adobe Acrobat entrevistou mais de mil trabalhadores em tempo integral e descobriu que 82% sentem essa tensão antes de a semana começar. Entre os jovens da geração Z, esse número sobe para 94%. Mulheres também tendem a senti-la com mais frequência do que homens.

Para 31% das pessoas, a ansiedade chega antes mesmo do fim da tarde de domingo. E isso apesar de muitos já gastarem, em média, 72 horas por ano trabalhando nos fins de semana para tentar aliviar as demandas dos próximos dias.

Os motivos variam. O medo de demissão ou sinais de instabilidade econômica podem deixar trabalhadores preocupados com o futuro. Para 55% dos entrevistados, o principal fator é o burnout, seguido de excesso de trabalho (50%), prazos apertados (33%) e ambientes tóxicos (31%).

Até tarefas simples entram na lista de gatilhos: organizar arquivos digitais ou correr atrás de assinaturas foi citado por um em cada 15 entrevistados como gatilho para esse tipo de ansiedade.

A ansiedade de domingo pode atingir qualquer pessoa, mas alguns grupos sofrem mais. Quem trabalha remotamente, por exemplo, diz sentir isso apenas algumas vezes por ano. Já quem voltou ao esquema presencial relata ter episódios uma ou duas vezes por mês.

ansiedade do domingo à noite
Crédito: Freepik

Hoje, mais da metade das empresas da Fortune 100 exige presença integral no escritório e pesquisas indicam que quase três em cada 10 organizações devem voltar ao modelo de cinco dias presenciais por semana até o fim de 2025 nos EUA.

Enquanto 27% dos entrevistados dizem que sua ansiedade de domingo piorou no último ano, trabalhadores presenciais têm 47% mais chance de relatar esse aumento.

Para 31% das pessoas, a ansiedade chega antes mesmo do fim da tarde de domingo.

Diante disso, não surpreende que muitos estejam dispostos a pedir demissão em busca de mais flexibilidade – 17% deixaram seus empregos no último ano por mudanças nas políticas de trabalho.

Essa ansiedade não afeta só o emocional. Para 35%, ela causa sintomas físicos como dor de cabeça, tensão e fadiga; 42% chegam a perder o sono. As empresas também sentem o impacto: quase metade dos entrevistados (46%) afirma que a ansiedade de domingo reduz sua motivação – em um momento em que o engajamento no trabalho já está baixo.

Sentir ansiedade faz parte da vida. Uma semana cheia ou uma apresentação importante podem, naturalmente, causar preocupação. Mas, se todos os domingos terminam com angústia pelo que vem pela frente, vale a pena investigar o que está causando disso.


SOBRE A AUTORA

Eve Upton-Clark é jornalista especializada em cultura digital e sociedade. saiba mais