O poder do silêncio: 3 lições sobre negociação de uma especialista em leilões

Em leilões, assim como em negociações, quem se sente confortável em não falar leva vantagem.

mão segura martelo de leiloeiro
Crédito: Getty Images/ Freepik

Lydia Fenet 3 minutos de leitura

Sempre que digo às pessoas que sou leiloeira, invariavelmente surgem duas perguntas:

Primeira: “você fala muito rápido, como aqueles caras da TV?”, seguida de uma imitação caricata, com direito a microfone imaginário e um sotaque caricato. Segunda: “qual foi a coisa mais cara que você já vendeu?”.

Depois de duas décadas como leiloeira, a resposta geralmente é “algo na casa dos milhões”. Normalmente, eu apenas menciono o último item que vendi por mais de US$ 1 milhão.

Seja imaginando um leilão de gado com discursos rápidos ou um cavalheiro britânico refinado vendendo Picassos de smoking, presume-se que os leiloeiros façam uma coisa: falar. Muito.

É por isso que a maioria das pessoas fica surpresa ao saber que a ferramenta mais poderosa que gosto de usar não é a minha voz. É o silêncio.

Quando estou no palco diante de 500 pessoas, sim, lances rápidos e enérgicos podem eletrizar o ambiente. Mas em leilões, assim como em negociações, quem se sente confortável com o silêncio leva vantagem.

Pense na última vez que você negociou algo. Quem se apressa em preencher cada silêncio desconfortável geralmente revela mais. Quem fica em silêncio controla o ritmo da conversa.

LIÇÕES APRENDIDAS

Após anos em salas de reuniões e palcos, aqui estão as três principais lições que aprendi sobre como o silêncio pode capturar a atenção em qualquer ambiente:

1. Quando as pessoas estão conversando, não fale por cima delas

Se a plateia não se cala, falar mais alto raramente funciona. Em vez disso, sorrio e digo: "vou esperar até que o ambiente esteja silencioso o suficiente para me ouvir". A mudança é imediata. As pessoas percebem que estão perdendo algo ou que estão sendo indelicadas e param.

Assim que elas perceberem que estou disposta a esperar que parem de falar antes de começar novamente, a dinâmica muda e elas voltam a prestar atenção.

2. Exponha seu ponto de vista e pare de falar

Muitas vezes, quando estou no palco com um público novo, pergunto à plateia por onde devo começar o leilão. Em vez de mencionar um número que possa intimidar metade da sala, pergunto à plateia: "quem quer começar o leilão?"

Quando a pessoa levanta a mão, pergunto: "por onde vamos começar o leilão hoje?" e então simplesmente espero... Nove em cada 10 vezes, a pessoa oferece um valor mais alto simplesmente porque não sabe por onde pretendo começar e quer ter certeza de que não vai dar um lance baixo.

Você ficará surpreso com a frequência com que o outro lado se apressa em preencher o espaço, geralmente revelando exatamente o que você precisa saber.

pessoa com o dedo nos lábios faz sinal de silêncio
Crédito: Istock

3. O silêncio arrecada mais do que qualquer discurso jamais conseguiria

Durante a fase de arrecadação de fundos em um leilão beneficente, não estou oferecendo uma casa de férias ou um filhote de algum animal fofinho. Estou simplesmente pedindo doações. Quando começo com o valor mais alto, digamos, US$ 25 mil, o ambiente fica em completo silêncio.

As pessoas se remexem nas cadeiras. Olham umas para as outras. Esperam. Mas, mais importante, eu espero. E às vezes, conto uma piada para mostrar o quanto me sinto à vontade com o silêncio.

"Vou esperar o tempo suficiente até que comece a ficar realmente desconfortável", e então sorrio e espero mais um pouco. Inevitavelmente, alguém levanta a mão simplesmente para quebrar a tensão. Não me preocupo; posso esperar a noite toda.

Esse é o poder do silêncio: ele motiva as pessoas a agir. Da próxima vez que você estiver em uma reunião importante, fazendo um discurso ou apresentando no palco, lembre-se do poder do silêncio e use-o a seu favor.


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