Por que o YouTube resolveu apostar no formato de vídeos curtos
No ano passado, o YouTube lançou o Shorts, uma resposta da plataforma à crescente demanda por vídeos de formato curto.
Era inevitável que o YouTube – o grande responsável por popularizar o consumo de vídeos na internet – fizesse frente aos produtos de seus concorrentes diretos, como o Reels, do Instagram, e o Spotlight, do Snapchat, para tentar pegar carona no enorme sucesso do TikTok. Lançar produtos que imitam outros não costuma ser uma boa aposta (descanse em paz, IGTV), porém, o Shorts parece estar dando certo.
O YouTube anunciou recentemente que o novo produto está com uma média de 30 bilhões de visualizações por dia, número quatro vezes maior do que o do ano anterior.
“À medida que fazemos mais e mais melhorias, ficamos mais perto de nos tornarmos líderes no segmento de vídeos curtos”, diz Kevin Ferguson, diretor de parcerias com criadores do Shorts. “A razão pela qual acredito nisso é porque estamos priorizando as necessidades dos criadores e atentos ao feedback que dão.” E a principal necessidade deles, é claro, é receber pelo conteúdo que criam.
INCENTIVO PARA OS CRIADORES
O Shorts foi lançado juntamente com um fundo para criadores de US$ 100 milhões. Cerca de 40 % dos produtores de conteúdo qualificados nunca haviam recebido dinheiro do YouTube até então. “Para nós, isso é algo extremamente empolgante, já que estamos remunerando a próxima geração de criadores”, diz Ferguson. O Shorts Fund é um caminho para fluxos de receita mais sustentáveis e de longo prazo, principalmente para a publicidade no Shorts, algo que o YouTube já está testando.
No entanto, ainda não há planos para incorporar o Shorts ao Programa de Parcerias do YouTube, que permite acesso a mais recursos e monetização de canais. Para se qualificar para o programa, os criadores precisam ter pelo menos mil inscritos e ter seus vídeos assistidos por 4 mil horas. Mas, no momento, o tempo de reprodução do Shorts não é contado.
O YouTube espera ter um número cada vez maior de criadores com foco exclusivo nos Shorts.
O YouTube apresenta o produto como uma nova ferramenta para criadores conquistarem um público fiel, além dos vídeos sob demanda (VoD) e lives. E espera um número cada vez maior de criadores com foco exclusivo nos Shorts, dada a popularidade do conteúdo no formato de vídeos curtos. Portanto, criar programas de parceria especificamente para ele pode ser uma boa ideia, sobretudo porque o TikTok está lançando suas próprias soluções para ajudar criadores.
Ferguson diz ainda não haver planos nesse sentido para o Shorts. “Estamos pensando em qual a melhor maneira de dar vida à monetização sustentável do criador na plataforma, de forma holística”.
NOVOS RECURSOS SEMPRE NA MIRA
Além de pensar em fluxos de receita para o Shorts, Ferguson também está trabalhando com criadores para desenvolver novos recursos para a plataforma. Ele lidera a Comunidade de Criadores do YouTube Shorts, que oferece a criadores selecionados vantagens, como eventos, workshops e acesso antecipado a lançamentos, além de contato direto com gerentes internos que dão e recebem feedback.
“Às vezes, ouvimos: ‘ei, a plataforma X tem tal recurso. Quero que você o adicione ao Shorts.' Mas o que é legal para nós é que, como o YouTube é uma plataforma multiformato, também recebemos sugestões e ideias de coisas que só podem ganhar vida lá”, conta Ferguson.
Um exemplo disso é o Remix, recurso que permite aos criadores cortar trechos de um a cinco segundos de vídeos para postar no Shorts. Ele é semelhante ao Stitch do TikTok, mas seu diferencial está na facilidade da edição de vídeo no aplicativo e no acesso ao enorme acervo do YouTube.
“A quantidade de conteúdo que pode ser usada nesse tipo de narrativa é realmente incomparável”, aponta Ferguson. “Estamos vendo criadores realmente empolgados em resgatar um vídeo que assistiram e amaram há cinco anos e trazê-lo de volta em seus Shorts.”
O TikTok é, indiscutivelmente, o líder no conteúdo de vídeos curtos no momento. Mas Ferguson dá boas-vindas à concorrência e segue otimista com o Shorts.
“Um ecossistema robusto com vários players no formato de vídeos curtos é, em última análise, algo bom para os criadores e nos mantém atualizados”, explica. “É comum as pessoas compararem o formato com o conteúdo do TikTok. Ainda estamos no começo dessa jornada, mas acredito que continuaremos a evoluir por meio da parceria que temos com nossos criadores e usuários.”