Que tal um painel de isolamento acústico feito com pet reciclado?

Novos painéis da Baux são feitos a partir de um único material e podem ser totalmente reciclados

Crédito: Kristofer Johnsson/ Baux

Nate Berg 3 minutos de leitura

O objetivo da marca sueca Baux é aparentemente simples. Em vez de combinar muitas matérias-primas para fabricar seus painéis acústicos e revestimentos de parede, a empresa de design tenta se limitar ao mínimo de materiais possível. Ela está mirando naquilo que o cofundador e CEO Fredrik Franzon chama de “monomaterialidade”.

Créditos: Kristofer Johnsson/ Baux

Até agora, essa aposta está se revelando mais complicada do que eles imaginavam. Mas o objetivo foi alcançado em uma nova linha de painéis acústicos. Utilizando plástico PET reciclado para criar uma espécie de feltro absorvente de som, a Baux desenvolveu um conjunto simples de painéis acústicos autônomos, que são basicamente feitos de apenas um material.

Esteticamente, o design do produto é minimalista e oferece às empresas uma maneira de ajudar a dividir as salas e reduzir os ruídos. Ambientalmente, é um produto de material único, que pode ser facilmente reciclado ao fim de sua vida útil.

“Para chegarmos a esse resultado, foi necessário um esforço extra na fabricação e no desenvolvimento de alguns protótipos. Não foi tão fácil”, relembra Franzon. “Mas, para nós, era importante nos atermos a um único material e evitar colagem entre as partes.”

Os painéis acústicos de plástico reciclado da Baux vêm em modelos que podem ser colocados sobre o chão ou sobre uma mesa e estão disponíveis em nove tamanhos. Eles absorvem e desviam o ruído, ajudando, ao mesmo tempo, a dar uma segunda vida a garrafas plásticas e outros produtos à base de PET.

Normalmente, a criação desse tipo de produto exigiria pelo menos dois materiais – o feltro (ou algum plástico parecido) e a cola, para unir as partes. Mas adicionar cola tornaria difícil, ou mesmo impossível, reciclar esses materiais no futuro.

A solução da Baux foi apostar no plástico tanto como absorvedor de som quanto como aglutinante. Os novos painéis acústicos utilizam cerca de dois terços de PET reciclado certificado. O outro terço é de plástico virgem, aquecido para unir o material em uma forma sólida.

Para transformar esse material em um painel de feltro, o plástico reciclado é lascado em pequenos flocos, derretido e transformado em fibras. O resultado é um tecido macio, que absorve e reflete o som.

Franzon diz que depender de uma parcela de plástico virgem ainda não é a solução ideal, mas já é melhor do que alternativas que demandam mais recursos e que, ainda por cima, dependem de cola ou de fabricação complexa. O cânhamo, por exemplo, é um material que Baux espera experimentar um dia, mas a pesquisa ainda está em andamento para desenvolver um material orgânico de ligação.

“Às vezes, surgem materiais novos e interessantes. O que as pessoas não têm noção é que a logística, o manuseio e a limpeza desses materiais podem emitir tanto CO2 que acaba não valendo a pena”, explica. “Algumas inovações parecem maravilhosas quando são testadas apenas em laboratório. Mas, para fazer uma mudança em grande escala, precisamos de um processo industrial.”

Embora utilize somente plástico reciclado, o processo de moldagem que a Baux desenvolveu para esta linha de painéis acústicos aproveita as cadeias de suprimentos existentes para PET reciclado prontamente disponível.

Franzon conta que essa cadeia de suprimentos foi afetada pela pandemia, mas que o plástico ainda está acessível e os painéis resultantes são completamente recicláveis. Esse é um benefício da monomaterialidade que a maioria dos outros produtos ainda não oferece.

“Precisamos olhar para toda a cadeia produtiva e cuidar da circularidade do produto”, resume Franzon. 


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais