Esta ponte na Noruega foi construída apenas com modelos em 3D

Ponte na Noruega foi projetada usando modelos inteiramente 3D, uma abordagem que economiza tempo e dinheiro

Crédito: Oystein Ulvestad/ Divulgação

Nate Berg 3 minutos de leitura

Atravessando uma floresta nos arredores de Oslo, capital da Noruega, a Ponte Randselva é uma construção surpreendentemente normal. Servindo como um viaduto para carros e caminhões, a ponte levemente curvada atravessa um rio, um vale, uma linha férrea e montanhas.

A estrutura se estende por 634 metros e atinge uma altura de cerca de 55 metros em seu ponto mais alto. Como muitos projetos de rodovias ao redor do mundo, ela foi projetada para cobrir grandes distâncias e se manter forte e resistente. Mas, ao contrário da maioria dos projetos de construção em grande escala, esta ponte foi projetada e construída sem desenho nenhum.

Os projetos de construção, desenhos bidimensionais que detalham como os empreiteiros transformam o que está no papel no projeto final, foram completamente eliminados. Quando for aberta ao tráfego em julho, ela será a mais longa ponte já construída sem desenhos em 2D.

Essa façanha só foi possível graças a uma nova abordagem. Usando um modelo tridimensional digital altamente detalhado, ela economiza o tempo e o dinheiro gastos em projetos de construção caros, lentos e complexos.

Conhecido como modelagem de informações de construção, ou BIM (building information modeling, em inglês), esse processo elimina o que se tornou uma etapa problemática na construção. Na última década, com os avanços dos softwares de design digital, a maioria dos grandes projetos de construção vem sendo projetada digitalmente com modelos 3D.

Uma vez concluídos, esses modelos são transformados em grandes conjuntos de desenhos 2D que empreiteiros e fornecedores usam para traçar o processo de construção passo a passo. Qualquer problema encontrado durante a construção exige alterações no modelo digital e a criação de novos desenhos – algo bastante frequente e caro.

Para construir a ponte Randselva, a empresa de engenharia Sweco optou por uma abordagem totalmente digital, adotando um modelo que seria usado e alterado ao longo do processo de design e construção. O uso de uma abordagem BIM permitiu que o modelo 3D fosse utilizado pelos empreiteiros em todas as etapas da construção.

“Cada objeto no modelo tem dados conectados a ele”, explica Oystein Ulvestad, desenvolvedor BIM da Sweco que liderou o design do projeto. À medida que cada seção é construída e digitalizada, quaisquer mudanças sutis na estrutura podem ser imediatamente refletidas no modelo, facilitando o ajuste de futuras seções ainda a serem construídas.

Se uma nova seção precisar ser elevada ou rebaixada, mesmo que apenas alguns centímetros, o modelo mostrará precisamente como cada peça de material de construção é redimensionada para acomodar a alteração. Em vez de construir de acordo com as especificações originais, os trabalhadores no local terão planos atualizados para seguir, usando tablets e realidade aumentada para saber o que precisa ser feito.

A Sweco desenvolveu projetos de menor escala usando essa mesma abordagem. Segundo Ulvestad, a economia foi de cerca de 10% em comparação com as abordagens tradicionais. Além disso, também ajudou a reduzir o número de alterações nos desenhos durante a construção, bem como os pedidos de material extra.

Essa abordagem também torna a colaboração muito mais fácil. Várias empresas diferentes em toda a Europa estavam envolvidas no projeto e na construção da ponte Randselva, e havia o perigo de que muito se perdesse no caminho, dada a sua dimensão.

“Quando se trata de engenharia, cada país tem sua própria maneira de fazer desenhos. Neste projeto, éramos equipes de cinco países, cada um com sua maneira própria”, diz Ulvestad. “Como os modelos BIM são universais, esse tipo de colaboração se tornou muito mais fácil.”

Ulvestad ressalta que a eliminação de desenhos 2D é parte de uma transformação ainda maior no setor de construção. Usando modelos BIM, ele acredita que muitos projetos em breve poderão ser construídos em grande parte por meio da automação.

Ulvestad ressalta que a eliminação de desenhos 2D é parte de uma transformação ainda maior no setor de construção. Usando modelos BIM, ele afirma que muitos projetos em breve poderão ser construídos em grande parte por meio da automação.

“No momento, há pessoas responsáveis por ler esses modelos BIM. Mas, em última análise, o que estamos fazendo é nos preparar para um futuro em que os robôs os lerão”, diz ele. Um dia, não serão apenas os desenhos que sumirão dos projetos de construção. Também não haverá pessoas.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais