3 características que empresas deveriam buscar ao recrutar novos líderes
Humildade e autorreflexão são mais importantes do que pensávamos
Na primeira vez que entrevistei Adam para uma vaga de emprego, ele se sentou à minha frente ajeitando os óculos e falando em um tom baixo e calmo. Não irradiava carisma – não do jeito que as pessoas esperam que um líder irradiaria, vestindo terno e gravata. Mas eu também não estava procurando um executivo de destaque.
Soube mais tarde, naquele mesmo dia, que Adam tinha sido gentil com nosso motorista, puxando conversa desde o início da viagem até a empresa. Quando lhe fiz perguntas, ele não foi arrogante ao falar sobre tudo o que já havia realizado. Fiquei surpreso com o conhecimento que tinha sobre o meu negócio. Ele tinha feito o dever de casa.
Quando não sabia a resposta para uma pergunta, tinha confiança e humildade para dizer: “não sei, mas prometo que vou pesquisar”. É claro que decidi contratá-lo na hora. Uma semana depois, ele já estava trabalhando comigo.
Comecei minha empresa de tecnologia há 16 anos. Desde então, participei de uma infinidade de conferências onde você encontra todos os tipos de líderes. Talvez não seja surpresa para ninguém que o ego desempenha um papel importante na indústria de tecnologia.
Para dizer o mínimo: há muito hype. As pessoas falam a mil por hora sobre suas startups e projetos futuros. Olham nos seus olhos e irradiam charme. Tudo isso pode até soar bem, mas não é o que procuro ao contratar.
o ego desempenha um papel importante na indústria de tecnologia.
Muitas listas de conselhos online para entrevistas de emprego citam carisma, determinação e pensamento estratégico como características no topo da lista daquilo que faz alguém ser contratado.
Porém, eu gostaria de compartilhar minhas próprias recomendações para as três habilidades de liderança que se deve buscar na nova geração de líderes de empresas.
1 . Capacidade de autorreflexão conta muito no trabalho
Vou dizer uma coisa que muitos líderes não costumam admitir: a recente onda de demissões voluntárias ocorreu, em parte, porque os funcionários se sentiram desamparados em um dos momentos mais assustadores de suas vidas.
Aqueles que se recusam a fazer uma avaliação crítica sobre si mesmos ou sobre as ações de seus pares culparão a pandemia pelas enormes taxas de rotatividade.
Mas a verdade é que viver em um ambiente de trabalho que prioriza a produtividade sobre o bem-estar foi uma das principais razões pelas quais as pessoas começaram a deixar seus empregos. E isso depende de como agimos como líderes.
Pesquisa recente do Pew Research Center mostrou que “sentir-se desrespeitado no trabalho” é uma das principais razões pelas quais os norte-americanos abandonaram seus empregos no ano passado. Outros motivos incluíam baixos salários e nenhuma oportunidade de crescimento.
sentir-se desrespeitado foi uma das principais razões pelas quais as pessoas pediram demissão em 2021.
Quase tudo em nossas vidas mudou desde o início da crise da Covid-19. Como líderes, precisamos ser capazes de aceitar esse fato e agir de acordo.
Por isso, uma das maiores habilidades que procuro em uma liderança é se a pessoa tem capacidade de autorreflexão. Ela é capaz de assumir seus erros? Consegue enxergar suas próprias deficiências ou simplesmente culpa as circunstâncias externas quando as coisas vão mal?
2 . Inteligência emocional é uma necessidade
Sempre houve um clamor para que os líderes desenvolvessem mais soft skills, mas isso nunca foi tão importante quanto em 2022. Tim Stobierski, colaborador da Harvard Business School, acredita que a inteligência emocional é fundamental no momento.
Ele define esse traço como a capacidade de reconhecer e gerenciar nossas próprias emoções, bem como as dos outros. “Ao desenvolver sua inteligência emocional, você consegue se comunicar melhor, motivar a equipe, delegar tarefas e permanecer flexível sob pressão. Em suma, os requisitos para ser um líder eficaz”, afirma.
Ao recrutar para a próxima leva de líderes da sua empresa, essa habilidade deve prevalecer. Na minha, é essencial trazer para a equipe pessoas que não sejam apenas talentosas e motivadas, mas também capazes de manter um ambiente de trabalho harmonioso.
3 . Transmitir confiança faz parte da construção de uma cultura forte
O que mais gostei em Adam foi o seguinte: ele passava uma
“Para agregar valor aos outros, é preciso primeiro valorizar os outros.”
sensação de segurança – do tipo que você procura em um capitão comandando um navio. Alguém seguro de si e que nos faz sentir que é capaz de lidar com mares revoltos.
Essa habilidade de construir confiança não é algo que todo líder possui. Muitas vezes, é por isso que as culturas se tornam tóxicas ou os funcionários acabam saindo. Um grande componente da promoção da confiança se resume à comunicação.
De acordo com Stobierski, algumas das formas mais importantes de conseguir isso envolvem escuta ativa, empatia, transparência e até mesmo a linguagem corporal.
Ele se refere a este último como “apresentar uma linguagem corporal aberta e reconfortante, que cria relacionamento e faz com que os outros se sintam à vontade para compartilhar opiniões”.
Isso é o que Adam irradiava – e é uma das razões pelas quais eu o contratei.
Pensando no futuro, é imperativo que os líderes criem ambientes onde as pessoas se sintam seguras e onde seu bem-estar seja prioridade. O autor John Maxwell resume isso muito bem: “para agregar valor aos outros, é preciso primeiro valorizar os outros”.