6 atitudes para apoiar os colegas da comunidade LGBTQIA+ o ano todo
Mais do que usar um fundo de arco-íris no Zoom, essa ativista trans explica como ser um aliado não apenas durante o Mês do Orgulho LGBT
Com toda a alegria e clima de celebração do Mês do Orgulho LGBT, às vezes esquecemos que são conquistas de direitos básicos relativamente novas – como o direito ao emprego, ao casamento e à saúde.
Para muitos de nós da comunidade LGBTQIA+, a derrubada tão marcante da decisão que garantia aborto legal nos EUA é um lembrete de como nossos direitos, pelos quais lutamos e que conquistamos duramente nas últimas décadas, estão ameaçados.
Sou uma mulher transgênero e tenho dois empregos. Trabalho na Intuit com segurança cibernética, na equipe Trust & Safety, e defendo os direitos e as experiências das pessoas dentro e fora da minha empresa, para garantir que pessoas LGBTQIA+ se sintam incluídas durante o ano todo.
Há três anos, realizo um evento chamado Trans+ Summit, que reúne mais de 600 pessoas da Intuit, de outras marcas líderes, da mídia e legisladores para discutir a experiência trans e maneiras de melhorá-la.
Durante a edição deste ano, que aconteceu em março, pessoas trans e aliados da VMWare, Dell, Reddit e Intuit participaram de um painel organizado pela autora e jornalista Dawn Ennis, que foi a primeira jornalista transgênero em uma rede de TV de notícias.
Da conversa, vieram exemplos de boas práticas, desafios comuns e oportunidades para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo. Esses aprendizados são específicos para pessoas trans, mas, na maioria dos casos, se aplicam a toda comunidade LGBTQIA+.
São insights fundamentais porque vêm diretamente de profissionais que trabalham para marcas líderes e oferecem uma visão concreta do que é a verdadeira aliança. A seguir, algumas das ideias que saíram do encontro.
NORMALIZE O AMPLO ESPECTRO DE GÊNERO
Um estudo de 2022 realizado pela Pew Research apontou que cerca de 5% dos jovens adultos nos EUA afirmam que seu gênero é diferente do sexo atribuído no nascimento, o que inclui pessoas que se descrevem como homem, mulher ou não-binário, ou que usam termos como gênero fluido ou agênero para se descrever.
cerca de 5% dos jovens adultos nos EUA afirmam que seu gênero é diferente do sexo atribuído no nascimento.
As comunidades compartilham expectativas sobre o que é “normal” e, em muitos casos, a norma ainda é homem ou mulher. Para apoiar pessoas LGBTQIA+, incluindo indivíduos não-binários e transgêneros, precisamos mudar essas expectativas compartilhadas e normalizar a ideia de que o sentimento interno das pessoas muda ou pode se mostrar diferente no dia a dia.
De forma pragmática, devemos usar os pronomes apropriados (ou, em caso de dúvida, usar “e/ es”) e mostrar respeito pela identidade de cada indivíduo.
APOIE LEIS DE IGUALDADE
Em 29 estados norte-americanos, pessoas que se identificam como LGBTQIA+ não têm direitos básicos garantidos, como o de alugar uma casa, ter acesso a tratamentos médicos ou receber assistência do governo. Desde 2018, quase 670 projetos de lei anti-LGBTQIA+ foram protocolados. Em março, surgiram mais de 200 direcionados especificamente a pessoas trans.
No entanto, a maioria da população é favorável aos direitos da comunidade, com quase oito entre 10 norte-americanos apoiando leis que protegem pessoas LGBTQIA+ contra a discriminação no trabalho, no ambiente familiar e em espaços públicos, de acordo com uma pesquisa de março de 2022.
Apoiar a Lei de Igualdade garantirá as liberdades e direitos básicos de toda a população. Com a derrubada da decisão Roe vs. Wade pela Suprema Corte dos Estados Unidos, isso nunca foi tão urgente.
ALIE-SE COM A LUTA RACIAL
A luta por direitos e inclusão é complexa e se cruza com várias outras bandeiras. Pessoas não-brancas representam um terço da comunidade LGBTQIA+, ou seja, precisamos de uma aliança que leve em conta questões de justiça racial.
Aliados e corporações devem refletir sobre as áreas de interseção. O programa de equidade racial da sua empresa considera seu impacto na comunidade LGBTQIA+? E o contrário, também ocorre?
CONSTRUA ALIANÇAS
Antes de saber como meus colegas reagiriam ao fato de eu
. Pessoas não-brancas representam um terço da comunidade LGBTQIA+.
ser uma mulher transgênero, hesitei, porque fui a primeira. Hoje, na Intuit, temos um longo histórico de colaboração e construção de alianças em toda a nossa rede. Contamos até com executivos-chave que ajudaram a impulsionar a diversidade e a inclusão.
Mas nem todo indivíduo LGBTQIA+ recebe esse apoio e precisamos construir alianças fora da comunidade da empresa. Há uma infinidade de oportunidades para compartilhar ideias, fazer aliados e criar ambientes mais receptivos para aqueles que ainda podem estar receosos e não se sentem confortáveis o suficiente para falar sobre o assunto.
O TRAUMA DAS AMEAÇAS AOS NOSSOS DIREITOS
Notícias de ameaças a direitos LGBTQIA+ surgem quase todos os dias. É importante que aliados, mesmo que não sejam diretamente afetados por esses ciclos constantes de ataques, ofereçam suporte, seja nos ouvindo ou criando um ambiente onde possamos respirar um pouco
O que vem acontecendo nos Estados Unidos causa um grande trauma na comunidade LGBTQIA+, gera muito medo e ansiedade. Precisamos reconhecer esse sentimento, procurar ajuda quando necessário e permitir que haja espaço para processar a dor e refletir.
SEJA UM ALIADO O ANO TODO
Ter o mês do orgulho é ótimo. Infelizmente, as marcas costumam capitalizar a data para vender mais produtos ou atrair o público LGBTQIA+. Isso não é ser aliado, é ser oportunista. Quero que elas se envolvam com a comunidade, de clientes a funcionários e influenciadores, durante os outros 11 meses do ano.
Às vezes, ser membro da comunidade LGBTQIA+ parece um trabalho de tempo integral, e não deveria (porque é exaustivo!) Precisamos de aliados, tanto no ambiente profissional quanto em nossas comunidades, que lutem por nossos direitos lado a lado.
Testemunhei em primeira mão como compartilhar nossas histórias e ideias abriu caminho para mais pessoas expressarem quem elas realmente são. Espero que mais aliados e organizações se dediquem a fazer parcerias e defender a comunidade LGBTQIA+ não só em junho, mas durante o ano todo.